quinta-feira, 14 de junho de 2018

6 - Noite de Terror

Mesmo sob a mira de uma arma eu tentei gritar, já que a emoção do susto foi maior que o bom senso, eu só não consegui porque estava com a boca tapada pela mão do outro cara. A ficha caiu e percebi que gritar era uma péssima ideia, tentei manter a calma apesar de estar dominada e ameaçada pela dupla sinistra. No entanto, o terror estava apenas começando; minha camisa foi aberta e meu corpo exposto e apalpado pelos dois. Chorei estando ainda sob a mira do revólver e imaginando que o estupro seria iminente, porém tive a esperança de não ser violentada quando o cara disse que eu era uma safada gostosinha, mas não tinham tempo para isso, vieram atrás de dinheiro. Perguntou se tinha mais alguém na casa, balancei a cabeça de modo afirmativo, pois minha boca ainda estava tapada. Depois de mais ameaças e perguntas, engoli o choro e respondi que só tinha mais um homem, no mesmo instante ouvi a voz do meu cliente me chamando. Um dos caras me mandou responder que já estava indo, e caminharam comigo até o quarto.
Eles entraram no dormitório apavorando e depois zoando o coroa preso e indefeso sobre a cama. Enquanto um me segurava pela gravata, o outro usando de violência pressionava o homem para que falasse onde estava o dinheiro e joias da casa, ou eu seria a primeira a sofrer. À medida que nos aterrorizavam, o meu carrasco puxava a gravata em meu pescoço me sufocando, meu cliente nervoso e preocupado pedia para eles pararem, lhes daria o dinheiro e objetos de valiosos da casa.
Ainda presa igual uma cadela na coleira, o cara me fez acompanhá-los enquanto eles juntavam reais e dólares que havia na casa, assim como as joias e os eletrônicos que poderiam carregar, inclusive nossos celulares e meu dinheiro que estava na bolsa.

Recolheram tudo que o homem disse ter na residência e não ficaram satisfeitos, o que aparentava ser mais novo — perceptível apesar das tocas ninjas — agrediu o coroa e gritou pedindo por mais dinheiro, já o outro, que me manteve presa ao seu lado desde o início, disse que ia me violentar (não foi exatamente esta a frase dita por ele). Jogou ao chão uns enfeites que estavam sobre uma cômoda e segurando em meus cabelos me fez debruçar sobre o móvel. O FDP foi muito violento, sádico e ágil, em segundos seu pênis ficou de fora e forçou meu sexo tentando me penetrar. A humilhação foi o de menos, meu medo é que o sem noção estava sem preservativo, então lutei tentando impedir a penetração, mesmo sendo agredida por aquele animal. Na hora eu não pensei que o assalto ou a violência sexual poderia se transformar em homicídio, felizmente o outro marginal falou que não era hora disso e que deveriam dar área antes que desse merda (segundo ele), acelerou o cara dizendo que estavam vacilando e já tinham ficado tempo demais na casa. O tarado mesmo sobre protestos e palavrões abortou o estupro, recolheu seu membro, mas não perdeu a chance de socar o dedo na minha vagina e disse que da próxima vez eu não escaparia. Com toda sua brutalidade agarrou meus cabelos e braço e foi me arrastando pelo quarto, jogou-me na cama e fui algemada junto com meu acompanhante. O suposto líder alertou que se ouvisse algum grito eles voltariam e dariam uns "pipocos" em nós.

Saíram carregando o produto do roubo (provavelmente em direção a um carro que estaria do lado de fora), porém eles nem passaram pelo portão, um vizinho percebeu quando eles invadiram a casa e ligou para a polícia, foram surpreendidos pela PM quando tentavam deixar a residência.
Os caras resistiram à ordem de prisão e atiraram contra os policiais que também abriram fogo atingindo um deles. Retornaram para dentro da casa e não ouve mais tiroteio, os policias começaram uma negociação para a rendição dos marginais; apenas um falou com os policiais, o outro estava muito ferido.

Finalmente, cerca de meia hora depois, o tenente da PM conseguiu a rendição. Após os bandidos estarem dominados, o quarto foi invadido, dessa vez por policiais e um blogueiro sensacionalista conhecido na região; o escroto tentou registrar em fotos a nossa situação humilhante (meu cliente pelado, eu quase, e ambos deitados e algemados na cama como dois detentos). O homem ficou indignado ao ver a câmera na mão do cara que se esgueirava por detrás dos soldados, esbravejou e pediu que os policiais retirassem o intruso inconveniente de sua casa, ao mesmo tempo em que tentava esconder o rosto — seu pedido foi atendido.

Os homens da lei nos soltaram e ficou evidente a todos que a camisa que eu vestia era do peladão ao meu lado, assim como ficou fácil concluir, pelas algemas nos pulsos e gravata em meu pescoço, que a gente se pegava em joguinhos sexuais quando fomos surpreendidos pelos criminosos.
Meu cliente estava muito nervoso e por motivos óbvios não queria prestar queixa, pois acabaria em escândalo. Porém não conseguiu escapar, prestaria esclarecimentos ao delegado. Que porra! Também fui “convidada” a acompanhá-los até a delegacia, não consegui escapar desta segunda roubada.
Fomos para o 1º Distrito Policial onde foi registrado o boletim de ocorrência. Após dar minha versão do ocorrido e reaver minhas coisas, inclusive o cachê da noite diabólica, fui liberada.

Ainda era madrugada quando sai da delegacia, fretei um carro de praça e voltei para Campinas; era onde eu passava a maior parte do tempo devido ao meu trabalho de promotora em eventos. Havia alugado um quarto Já na segunda semana de trabalho na agência, pois não poderia ficar me deslocando de uma cidade para outra todos os dias.
Depois de um banho para tirar toda aquela “nhaca” do meu corpo, fiquei muito tempo sentada na cama, imóvel, pensativa e ainda vestida somente com a toalha. Levei um baita susto com o toque do meu celular, era a Minha amiga Carol que mora próximo à casa dos meus avós, falou que ouviu muita fofoca a meu respeito e depois viu minhas fotos em uma reportagem no site do blogueiro. Disse não ter acreditado no que leu, perguntou se eu já tinha visto. Falei que não, pois tive uma noite de cão e chegara a pouco em Campinas, ainda estava atordoada.
— Amiga… melhor continuar por ai mesmo, a coisa aqui está feia pra você — aconselhou a Carol.
Ela enviou o link do blog. Fiquei estarrecida lendo e vendo a desgraça batendo em minha porta. Que escândalo meu Deus! Um texto completo e ilustrado com fotos do coroa pelado e eu seminua na cama com ele. Algum policial sacana registrou com o celular sem que percebêssemos e, com certeza, vendeu para o cara. A matéria ainda relatava muito mais do que poderia ter saído, piorando muito para o meu lado. Até então o meu erro era ter ido para a cama com um homem bem mais velho e casado, dos males seria o menor, pois já tenho fama de periguete e apenas seria tachada de promiscua ou putinha. No entanto, as declarações do advogado do homem quando o perguntaram se eu era menor de idade e que seu cliente poderia ser indiciado por pedofilia, ele o protegeu informando que eu tinha 18 anos e era garota de programa. "Taqueopariu, mano! Só faltou ele dar detalhes do lance da agência e da Ficha Rosa", pensei.
Completou colocando panos quentes na relação conjugal do coroa ao argumentar que o homem procurou uma profissional do sexo em um momento de fraqueza e solidão após ter bebido um pouco a mais no jantar de negócios. Que doutorzinho filho da puta, ele também era nosso cliente, não meu, mas das outras meninas, "me fodeu grandão" com esta punhalada. Depois dessa eu queria sumir em um buraco para não ter que encarar meus avós e posteriormente minha mãe que ficaria sabendo através deles.
A Carol quis saber se eu era mesmo garota de programa, diante do acontecido não tinha mais o que esconder e respondi que sim. Não dei pormenores, disse que conversaria com ela outro dia, no momento precisava digerir tudo aquilo e pensar sobre meus próximos passos.

Minutos depois de desligar o celular e saber que estava fodida, fiquei esperando a próxima ligação que provavelmente seria do meu avô, evidente que alguém já o informou do ocorrido, pois ele é militar reformado e conhecia todos na delegacia e na cidade… Putz! Eu não conseguiria atendê-lo naquele momento.
Estremeci quando o telefone tocou, mas não era meu avô, era uma pessoa do jornal local que conseguiu meu telefone (nem imaginava com quem, mas descobriria, o infeliz já poderia se considerar morto). Quando soube quem era e do que se tratava, desliguei na hora. O idiota continuou insistindo com números diferentes… Que merda! Não poderia ficar com meu telefone desligado eternamente ou ficaria sem trabalho e era tudo que não poderia acontecer, pois mesmo não sendo expulsa de casa, pretendia sair por mim mesma naquele final de semana, logo depois que tivesse uma conversa muito difícil com meus avós.

Continua…

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