terça-feira, 19 de junho de 2018

Capítulo 3 - Alugando um Studio

Carlos, o meu primeiro “ficante” na América, era policial. Eu só fiquei sabendo durante o desjejum que tomamos no salão do hotel após o nosso "rala e rola" gostoso.
— Caraca, você é um tira! — Ainda bem que não te cobrei nada pela transa, ou estaria numa enrascada agora, né?
Ele riu gostoso, pois deduziu tratar-se de uma brincadeira, visto que eu não comentei nada sobre as parcelas polêmicas de minha vida. Havia contado apenas sobre o meu trabalho de promotora em eventos. Achei melhor omitir minha outra atividade, a de acompanhante, em razão de ser considerado crime nos Estados Unidos. No Brasil não é socialmente aceito, mas não é crime.
O meu novo amigo ocupava o cargo de sargento do departamento de polícia de Hialeah Gardens — é uma cidade do condado de Miami-Dade.
No tocante a ele ser cidadão americano e filho de brasileiros, fiquei sabendo minutos antes, na cama, durante o intervalo do nosso primeiro momento de pegação.
Mudei de assunto e comentei sobre a minha necessidade de alugar algo para morar, não poderia continuar hospedada em hotéis, era economicamente inviável.
— Mas você não veio só a passeio? — ele perguntou demonstrando espanto.
Respondi que sim, vim com a intenção de aprender o inglês e conhecer em detalhes como era a vida nos Estados Unidos. Estava analisando a possibilidade de fixar morada no país em um futuro próximo. Quando retornasse ao Brasil batalharia por um visto de trabalho. Por hora, ficaria alguns ou os seis meses que o meu Visa permitia. Preparei-me financeiramente para isso antes de vir.
Perguntei se poderia ajudar-me a encontrar algo pequeno para alugar e, ao invés de fazermos um passeio turístico, faríamos um tour imobiliário.
Depois dos esclarecimentos que ele fez sobre locação nos EUA e confirmou as informações que eu já havia visto na Internet, conversamos sobre os valores que eu poderia pagar, posto que o aluguel em Miami não é nada barato.
O Carlos disse que eu estava com sorte, pois uma amiga sua, também brasileira, estava querendo uma moça para rachar o aluguel de um studio (ou kitnet, como preferirem). Ele quis saber se eu aceitaria dividir um quarto com outra moça. Respondi que para mim estaria ótimo, sem problemas. A vaga em questão era de outra garota que casou-se na última semana e foi morar com o marido.
Meu colega não conseguiu contato via telefone com sua amiga, logo, sugeriu irmos pessoalmente encontrá-la em seu local de trabalho antes que a vaga fosse preenchida por outra pessoa.
Ele foi muito gentil em acompanhar-me, infelizmente chegamos tarde, a vaga havia sido alugada naquela manhã. A sua decepção pareceu ser maior que a minha. Ele sugeriu continuarmos rodando, principalmente por lugares onde houvesse a chance de encontrarmos um apartamento que estivesse dentro das minhas possibilidades. Estávamos em Little Havana, ele disse que encontraríamos algo bom e de valor razoável naquele bairro.
Algumas quadras depois, eu olhava o lugar, casas e ruas; era tudo tão diferente do que costumamos ver no Brasil, digo nos detalhes culturais. As casas não tinham muro ou cercas em sua maioria e as calçadas praticamente todas iguais, feitas de cimento apenas, nada de pedras, cerâmica ou similares. Depois ficaria sabendo que a prefeitura é a responsável pelas calçadas e, não, o proprietário do imóvel. Também não deparei com algo similar aos nossos famosos botecos de periferia com pessoas bebendo na entrada e balcão.
Despertei da minha viagem particular ao sentir um solavanco e ouvir o barulho da freada brusca. Ele desculpou-se pelo susto, entrou à esquerda e parou o carro no estacionamento de um ponto comercial. Havia quatro senhores defronte a um café, um dos homens era seu conhecido e poderia me ajudar, comentou ele. Fiquei esperando no veículo enquanto ele foi ter com o pessoal.
Naquela rua havia várias casas com grades em portas e janelas, mas aparentemente eram comércios em sua maioria, e tudo escrito em espanhol nas placas e fachadas. Um dos homens do grupinho defronte ao café, logo após ser indagado pelo Carlos, fez uma cara de quem pensava e disse algo promissor, deduzi em face da reação do meu colega, pois demonstrou animação e teclou no celular. Após o telefonema ele olhou para mim com uma expressão de felicidade, agradeceu ao homem e despediu-se dele e dos outros. Voltou para o carro com um sorrisão no rosto.
— Achei a sua casa. Vamos até lá.
Retribuí o sorriso enquanto juntava as mãos em forma de prece.

Chegamos a um condomínio de dois andares, comprido e cheio de janelas. Falamos com o responsável, um senhor cubano aparentando simpatia. Ele tinha duas suítes mobiliadas para alugar, gostei da mais sujinha, ainda assim era a melhor, só precisava de uma boa limpeza. A pintura era clara e nova, os móveis e eletrodomésticos estavam conservados. Era um quarto com micro cozinha incorporada e um banheirinho. Era tudo minúsculo, mas o espaço seria suficiente para mim e poderia cozinhar. Economizaria uma grana não precisando comer em restaurantes todos os dias.
Pagaria seiscentos dólares por mês, e estava incluso: gás, água, internet e TV a cabo. A luz era separado e a área de serviço era comunitária e na parte de baixo, com lavadora e secadora. Maravilha, pensei. O acerto foi direto com o homem e poderia ocupar o imóvel no dia seguinte, logo após pagar o primeiro mês adiantado e dar mais um mês de depósito. O contrato seria de seis meses, era o tempo mínimo estabelecido.
Depois do alívio por ter conseguido a moradia, fui passear com o Carlos em Miami Beach, o mínimo que eu poderia fazer para agradecer era pagar o almoço. Fomos a um restaurante na Ocean Drive, recomendação dele. Geralmente se come bem e barato em Miami.
— E aí, sargento, o que você recomenda?
— Você gosta de frutos do mar?
— Eu amo frutos do mar — respondi.
— Eu gosto desse spaghetti ao molho branco; tem muito camarão, tomate picado e dá para três pessoas — disse ele apontando para o cardápio.
A princípio pensei que deixaria todo o meu dinheiro naquele restaurante, mas quando vi que pagaria apenas vinte dólares por aquele prato de aparência tentadora na foto, resolvi gastar uma grana a mais na bebida. Perguntei ao garçom.
— Moço, por favor, que vinho você recomenda para acompanhar esse prato?
O cara olhou para a minha cara de menina, e depois para o Carlos. O policial que já sabia a minha idade explicou:
— Menores de 21 anos não podem beber e nem comprar nada de álcool em estabelecimentos comerciais.
— Mas falta menos de uma semana para o meu aniversário de vinte e um.
— Uma semana passa rápido, aguenta mais um pouquinho.
Infelizmente  nosso almoço foi regado a suco e água, mas eu comi por dois, só de raiva… e também porque estava uma delícia.

Depois do almoço continuamos nosso passeio caminhando pela Ocean Drive. O dia passou rápido e eu ainda não tinha entrado no mar. Apesar de sóbria, estava doidinha para dar um mergulho e ser batizada pelas águas do Atlântico Norte. Escolhemos uma praia mais ao sul de Miami Beach. Após a pequena caminhada eu já cheguei tirando minha bermuda e blusa, estava com o biquíni por debaixo. O Carlos, apesar de acostumado com o Brasil, ficou com os olhos fixos em meu fio dental, nada exagerado, todavia provocante. Ele disse não estar a fim de se molhar, então fui para o meu mergulho solitário.

Dois minutos depois, quando voltei para a companhia dele:
— Ai que frio — choraminguei toda trêmula —, não curti a temperatura da água. Apesar do céu azul, sol brilhando e a temperatura agradável da areia, a água estava gelada. Ainda tinha um ventinho congelando ainda mais o meu corpo, e não trouxe uma toalha para me secar.
— Vem aqui que eu te aqueço. — Ele envolveu meu corpo com seu abraço.
Eu ainda tentei evitar, pois iria molhar toda sua roupa, entretanto adorei sua rapidez característica abraçando-me antes que eu tivesse qualquer reação. Foi tão bom sentir-me protegida, segura e aquecida pelo calor do seu corpo. O homem estava mexendo comigo, e mexeu ainda mais quando procurou minha boca beijando-me de uma maneira apaixonada. Eu fiquei suspensa pelo seu abraço e os dedos dos meus pés mal tocavam o chão. Correspondi ao beijo sentindo minha língua ser devorada e meu corpo espremido contra o dele. Rocei meus mamilos duros e eretos em seu peito e curti um volume morno e convidativo pressionando minhas partes baixas.
Apesar de saber que não deveria deixá-lo aprofundar-se nesta relação, fui permitindo seu envolvimento e tornando-me cúmplice de uma situação que tinha tudo para dar errado. Todavia não conseguia resistir, era tão bom desfrutar do seu carinho. Eu tinha outros planos sobre minha estadia no país, incluso nesses planos estava infringir a lei. O Carlos era um cara especial e não queria de maneira alguma magoá-lo. No entanto, naquele instante esqueci de tudo que pudesse não dar certo e entreguei-me ao desejo carnal e curti o momento namorando aquele moreno gostoso e deixando claro que ele era especial para mim.
Após os amassos cheios de paixão e tesão, caiu nossa ficha, estávamos rodeados de outros banhistas. Tentei criar um clima de descontração e falei só para zoar:
— Aqui pode fazer top less? — Claro que ele disse que ali não podia.
Fiz biquinho e disse que queria bronzear meu corpo sem deixar marcas de biquíni. Ele disse que em outro final de semana me levaria para o norte de Miami Beach, lá eu poderia ficar nua. Demonstrei toda minha alegria e disse que cobraria o passeio.

Continua…

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