domingo, 24 de junho de 2018

Capítulo 8 - O Primeiro Emprego

Segunda-feira, 15 de dezembro
Foi meu primeiro dia de trabalho como diarista (house cleaning nos EUA). Trabalhei pra caramba mano, nunca fui preguiçosa e me viro em qualquer situação. A faxina era feita à moda americana, sem jogar água nas coisas, já que nos EUA as casas não têm ralo, com exceção de alguns banheiros. Existe uma infinidade de produtos e acessórios para a limpeza de pisos frios ou acarpetados, banheiras, box, lavatórios, vasos sanitários, etc. É quase uma limpeza a seco. Eu, particularmente, prefiro nosso método tradicional de ensaboar e enxaguar, contudo, eu já sabia que em sua maioria as casas americanas não são feitas para se jogar água, pois se usa muita madeira e gesso, ao invés de tijolo e cimento nas construções, residenciais principalmente.
Receberia 25 dólares por cada residência que eu ajudasse a Luana a limpar. Naquele primeiro dia limpamos três casas enormes e foram quase dez horas de trabalho puxado.

Ao final daquela semana, no início de noite de sábado, a gente havia limpado quinze casas. Eu recebi um total de 375 dólares pelos seis dias de trampo. A Luana disse que gostou de mim e do meu trabalho e se eu quisesse poderia continuar a ajudando. Fiquei contente, era um serviço doido, mas era o único que eu tinha como garantido. No entanto, ela disse que poderia me pagar apenas vinte dólares por residência, seriam 300 dólares por semana, caso tivesse a mesma quantidade de imóveis como naquela, pois nem sempre tinha, ela disse. Fiz uma conta rápida e o valor mensal que ganharia não cobriria minhas despesas, eu teria que completar com minhas economias originárias do Brasil. Tudo bem, pensei, por hora estaria bom.
Infelizmente precisei parar com meus treinos de Muay Thai, também não tive contato físico com o Héctor durante a semana, já que eu saia de casa 6h30min, pegava um ônibus até Allapattah (um bairro próximo) e ali eu me encontrava com a Luana e seguíamos em seu carro rumo a Fort Lauderdale; era o local onde trabalhávamos durante toda a semana. No começo da noite eu fazia o trajeto de volta, chegava em casa 21h, cansada e com fome. Era banho, jantar e cama.

Ainda naquele sábado eu fui até a academia para matar as saudades do hondurenho. Fiquei apenas observando e esperando o pessoal sair, pois as atividades já estavam no final quando eu cheguei.
Eu ainda não havia curtido a noite em meu bairro, e estava perdendo momentos de diversão. Há uma enormidade de lugares para todos os gostos. Naquela noite o meu amigo me levou a um bar noturno com música ao vivo, comidas deliciosas regadas a drinks cubanos ao ritmo de salsa. Quando saímos já passava das 3h da manhã, porém, apesar da semana puxada de trabalho, eu estava animadíssima. Aceitei seu convite para dormir em sua casa para nos recuperarmos do excesso de álcool e, evidentemente, namorarmos um pouco. No caminho eu disse que ele tinha que me levar de volta antes das 9h da manhã. Ele perguntou se eu tinha algum compromisso importante naquele domingo.
— Vou sair com meu namorado, mas sei lá, talvez desmarque com ele. — O que você vai fazer amanhã? — perguntei.
Ele me convidou para um passeio de barco com uns amigos dele. Evidente que aceitei. Pela manhã eu mandaria uma mensagem com pedidos de desculpa para o Carlos e cancelaria o nosso encontro, o qual havíamos marcado via fone durante a semana. Acho que depois dessa o Carlos nunca mais me procuraria, seria o terceiro bolo que eu daria nele no decorrer de três semanas.

Só quando o hondurenho disse que havíamos chegado à sua casa é que me dei conta que ele morava em Allapattah (o mesmo bairro da Luana). Amei muitão o condomínio, desde a entrada, que é fechada e quem chega precisa se identificar para entrar. O estacionamento é no pátio interno e as casas são show demais; três andares com varanda no segundo piso. No interior: vários cômodos com armarinhos embutidos distribuídos em corredores e também dentro dos cômodos. A gente pode guardar de tudo e não deixar a casa bagunçada.
Segundo o Héctor, a casa era de amigos dele, uma família hondurenha que havia retornado temporariamente para o país de origem. Eu conheceria e daria mais atenção à casa quando raiasse o dia, pois naquele momento, eu e ele estávamos mais interessados em seu quarto e na sua cama. Estava tudo arrumadinho e o banheiro da suíte limpinho; foi dia de visita da sua diarista.
Começamos com nossos momentos de pegação naquela cama macia com lençóis perfumados que lembrava flores do campo. O quarto com iluminação reduzida propiciava um clima romântico que me fez desejar ainda mais o vulto daquele homem vindo por cima de mim e me beijando sem pressa enquanto eu era aquecida e protegida do frio incômodo causado pelo ar condicionado. A cada peça de roupa que ele retirava do meu corpo eu o induzia a também retirar uma das suas. Pela primeira vez ambos ficamos completamente nus frente a frente. Prazeroso foi sentir o contato do seu corpo másculo pesando e deslizando sobre o meu. E mágico foi o instante em que sua boca devorou o meu sexo me fazendo gozar doentiamente. Era como estar viajando em uma nuvem ao redor do Sol, minhas partes íntimas queimavam de tanto tesão. O hondurenho deve ter sentindo o mesmo nos minutos seguintes em que ele estocou seu membro em minha boca como se estivesse em minha vagina. O homem urrou satanicamente quando inundou minha boca e garganta com seu sêmen durante seu gozo sem fim.
Pouco depois eu me sentia amada e feliz. Fiquei de ladinho com ele por detrás colado ao meu corpo. Suas carícias e frases românticas mexeram com meus sentimentos e vaidade. O seu pênis cheio de vida, alojado estava entre minhas coxas e roçando o meu sexo, fez meu corpo transbordar de desejos carnais. Eu segurei seu membro e o posicionei na entrada da minha vagina, ele fez o restante deslizando deliciosamente para dentro de mim… Ahh! Meus gemidos foram intensos e duradouros enquanto eu me entregava inteira transbordando de desejos. Ao final daquela transa de parar o coração, eu estava agradecida e plenamente satisfeita.

Acordei pela manhã sentindo que o sol ardia forte lá fora. Ambos estávamos pelados na cama e mesmo assim nossos corpos estavam úmidos de suor, pois pedi que ele desligasse o ar condicionado que estava me incomodando durante o nosso rala e rola. O homem dormia um sono agitado, parecia que sonhava. Só então, pela primeira vez, percebi algumas tatuagens em suas costas, visto que elas sempre estavam encobertas por sua camiseta regata. Na parte superior estava tatuado "MS-XIII" em um tipo de fonte que lembrava escrita antiga. Mais abaixo havia a imagem de uma mão com com o dedo mínimo e o indicador para cima (igual ao símbolo do pessoal do Heavy Metal), porém as unhas eram semelhantes a garras demoníacas de algo não humano. Que sinistro! Pensei.
Fiquei deslizando suavemente meu dedo pelas letras e números. Fiquei imaginando que o MS seriam as iniciais do nome de alguma mulher que fez parte da sua vida. Minutos depois ele começou a resmungar algo, parecia estar tendo um pesadelo. De repente eu quase morri de susto quando ele gritou em tom aflito "LA MARA, LA MARA" e acordou sobressaltado pulando da cama. Fiquei encolhidinha em meu canto e morrendo de medo. Ele rapidamente retornou à realidade e olhou pra mim um tanto confuso, mas em segundos lhe caiu a ficha. Sorriu e disse que tivera um pesadelo. Eu sorri de volta e o abracei quando ele retornou para a cama. Achei melhor não tocar no assunto do sonho, também não queria saber quem era a tal da Mara. Perguntei se ele tinha algo para o nosso café da manhã, pois eu estava morrendo de fome. Ele respondeu que não costumava comer em casa e que a despensa estava vazia. Disse para nos apressarmos para dar tempo de tomarmos o café na Marina.
Não fomos os últimos a chegar ao ponto de encontro na Marina, ainda faltava gente. Deu tempo de tomarmos nosso café e passarmos em uma lojinha do local para que eu comprasse um biquíni.
Conheci os amigos e amigas do Héctor. A princípio, durante nosso trajeto até o local, eu imaginei que as garotas que estariam presentes seriam garotas de programa ou "peguetes" dos caras, mas não, eles levam a sério este lance a dois e os casais têm uma relação de respeito e fidelidade. Quanto aos caras: tive a mesma impressão de quando vi o hondurenho pela primeira vez, ou seja, poderia jurar que era um bando de bandidos. Mas o passeio, assim como o dia, transcorreu maravilhosamente bem, a turminha era bem animada e me acolheram como se eu fosse da família. Acho que errei novamente em minha primeira impressão.

***


Início de uma nova semana e os dias pareciam mais longos do que o normal. Ainda era noite de terça-feira e eu não aguentava de vontade de namorar o hondurenho. Pois é, acho que dessa vez eu arriei os quatro pneus por um cara, e isso poderia ser complicado. Pensei momentos antes de adormecer.

Continua…

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