sexta-feira, 22 de março de 2019

Parte 15 Final – Jura e Pacto na Catacumba

A divulgação das provas contidas no pen drive gerou estrago.


A Polícia Federal prendeu um diretor do Departamento de Estradas e Rodagens, também um dos diretores do grupo investigado que pagava propina para ganhar licitações.

Na tentativa de redução de penas e obterem proteção para eles e familiares, ambos aceitaram um acordo de delação premiada. Com isso, o empresário e maior inimigo da Jessie, sentiu-se acuado vendo seu império começar a ruir. Logo seria preso, segundo informações privilegiadas obtidas de políticos aliados que também estavam na mira da PF. Como último ato, abandonou o país refugiando-se com a família na Guatemala, país de origem dele e da esposa.


Passados três meses


O casal guatemalense, fugitivos do Brasil, cavalgava durante um passeio em um vilarejo afastado. Eles faziam um tour até o Vulcão Pacaya, uma região de população humilde, topografia íngreme e o acesso por terra era possível somente em lombo de cavalos. Ainda era preciso caminhar no final do percurso.


Uma cerração chegou forte durante a tarde, nada de anormal naquela localidade e naquela época do ano. Contudo, a visibilidade do grupo ficou prejudicada durante o retorno.

Em um trecho mais acidentado do percurso, ocorreu um acidente: a sela da montaria do empresário se soltou e ele despencou do cavalo rolando morro abaixo. Foi um tremendo alvoroço.

Quando o socorreram ele estava com os olhos esbugalhados, não se mexia, nem falava. Às pressas o levaram para o único posto médico da localidade, mas devido às condições inadequadas de transporte, o estado físico do ferido só agravou durante a remoção; ele acabou tendo um novo ataque de catalepsia.


O acidente com o cavalo foi uma sabotagem encomendada por sua mulher. Já o episódio de catalepsia não era esperado, foi um ato divino e veio bem a calhar ajudando no plano da esposa, em razão do homem ter sobrevivido à queda. O esperado pelos estrategistas do mau, era um tombo seguido de morte, em razão do trecho ser uma ribanceira acidentada. Ou no mínimo que o homem ficasse muito ferido, então o médico local, cúmplice da mulher, seria o encarregado de transformar em fatalidade o pós-acidente.

O doutor era um antigo namorado da mulher no terceiro ano do ensino médio, além de ser desafeto do marido. Ela o procurou semanas depois do retorno do casal ao país, iniciaram um relacionamento amoroso por iniciativa dela, posto que a esposa amargurada tinha um plano e contava com a participação do médico de caráter duvidoso. A mulher pretendia tornar-se viúva o mais rápido possível.

Foi o médico o articulador da sabotagem na sela montada pelo homem no passeio programado por ela. O doutor também induziu o pequeno grupo a imprimir um ritmo acelerado no retorno.


No dia seguinte


Havia passado pouco mais de vinte e quatro horas do acidente, a mulher, como conhecedora dos ataques de catalepsia do marido, sabia que ele poderia “reviver” a qualquer momento. Por essa razão havia ordenado o sepultamento sem demora. Baseou-se na declaração de óbito proferida pelo doutor, seu amante, e com a aceitação de um médico responsável do IML local; o mesmo estava em conluio com o casal e recebeu uma gratificação generosa para confirmar que a morte foi devido a um câncer em estágio avançado e não necessitava de uma necrópsia.

Todavia, o sucesso do plano ficou em perigo quando o legista pediu para ter um particular com a "viúva". O lance ficou complicado e o cadáver corria o risco de não ser liberado para o enterro.

Ela precisou administrar uma chantagem do legista que dificultou as coisas fazendo ameaças veladas de última hora. Ele também era um conhecido de sua juventude e tinha uma tara pela dona de belos atributos físicos. Não hesitou em aproveitar a oportunidade de tê-la em seus braços e satisfazer a um de seus desejos mórbidos: transar com a mulher na sala de necrópsia. Ela relutou e até ofereceu mais dinheiro ao homem doentio, porém, o sujeito de atitudes estranhas estava inflexível.

A dama educada, graciosa e de gestos delicados, foi madura o suficiente para entender que aquilo não tinha mais retorno, iria até o fim e pagaria o preço, antes que fosse tarde demais. Concordou em se entregar ao homem no ambiente tétrico, no entanto, jamais o faria sobre a mesa gelada e fúnebre como era o desejo dele. Ela foi irredutível.

A transa aconteceu ao lado do marido chifrudo. A mulher ficou em pé, debruçada em uma maca, com seu vestido erguido deixando exposto seu bumbum maravilhoso. O homem de calças arriadas a pegou por trás. Após dois ou três minutos de uma pegada mais suave, o legista começou a acelerar e estocou forte anunciando seu gozo. Foram três gemidos no ritmo do pulsar da sua ejaculação, sendo o último mais longo. Ofegante, ele reduziu seus movimentos lentamente até cessá-los.

O suposto defunto, estirado nu e descoberto na mesa fria, foi testemunha de um tipo de "pagamento de propina", pois segundo algumas publicações científicas: "O ataque cataléptico pode durar de minutos a alguns dias e o que mais aflige quem sofre da doença é ver e ouvir tudo o que acontece em volta, sem poder reagir fisicamente."

Se for real, ele ouviu cada urro e gemido daquela cópula incomum.


Pouco depois ocorreu o sepultamento. A rapidez do enterro foi justificada pelos médicos devido ao processo rápido de decomposição em virtude da alta temperatura e a câmara refrigerada da localidade ter apresentado problemas (por obra da sabotagem de autoria do médico legista).


***


A noite chegou anunciando uma tempestade tropical de raios e trovoadas. O empresário começaria a “reviver” de madrugada, em meio ao barulho da tormenta. Passaram-se quarenta horas após a suposta morte do industrial, seu despertar era lento e sua consciência retornava aos poucos. A dor em sua cabeça era de enlouquecer, em razão da pancada sofrida durante a queda do cavalo. Sua cova, ligeiramente rasa, coberta com uma mistura de terra e cascalho, permitia a entrada de ar suficiente para mantê-lo vivo, no entanto, esse seria seu pior castigo.

O desespero chegou ao sentir as dimensões do objeto que o mantinha preso na posição deitado. Ficou aterrorizado e, mesmo com visibilidade zero, por conta da escuridão do interior do seu caixão, ele sabia que o pior havia acontecido, foi sepultado vivo após um novo ataque.


Durante um dia inteiro ele travou uma batalha contra a morte, estava debilitado pelo acidente, mas lutou desesperadamente com as forças restantes tentando sair do seu sepulcro. Debateu-se e gritou por ajuda até ficar sem voz. Com uma chuva torrencial se estendendo pelo dia todo, a chance de ser ouvido tornou-se nula, era inviável surgir alguém transitando pelo local. Como última alternativa: ele rezou, chorou e fez promessas para o caso de conseguir sobreviver, seria um ser humano melhor e usaria sua fortuna para ajudar os menos favorecidos.

Só os trovões responderam às suas preces, não era essa a resposta esperada por ele vinda dos céus. Em desespero clamou ao inferno na tentativa de um pacto com o diabo… Tampouco foi ouvido.


Ao amanhecer de um novo dia o homem estava no limite do esgotamento físico e mental, prisioneiro na escuridão de sua sepultura. A chuva se foi e com ela as suas forças para lutar. Suas mãos, cotovelos, pés, joelhos e cabeça estavam em carne viva de tanto golpearem a madeira na tentativa de sair da catacumba. Sua mente beirava à loucura e os pensamentos eram delírios.

Horas depois, com a falência múltipla dos órgãos, sua vida expirou... E dessa vez foi em definitivo.


Enquanto isso, no Brasil


Naquele meio de semana, assim como nas últimas semanas, o sol brilhava em um céu azul sem nuvens. A nudez de um corpo feminino, natural e não agressivo, de curvas suaves parecendo que foram esculpidas, competia com a beleza da paisagem do litoral nordestino. Ela relaxava deitada de bruços na proa de um barco. Para muitos, era um dia normal de trabalho, mas não para Jessie e Pedro, eles navegavam pelo litoral baiano, ancoraram no mar próximo a Porto Seguro.

Ele voltou da cabine com uma nova rodada de drinks, entregou um dos copos para a companheira, brindaram e deram um gole. Continuaram a fazer amor como se o mundo em terra firme ou além-mar não existisse.

Nem parecia o mesmo casal que viveu momentos de grande tensão e perigo meses atrás. Após chegarem a Salvador, decidiram curtir a vida e a pequena fortuna. Juntos compraram uma lancha de 29 pés, com cozinha, banheiro e cabine para quatro pessoas dormirem. O barco e um ancoradouro em Salvador ou em alguma outra parte do litoral do país, tornara-se a residência de ambos. A embarcação era uma maneira segura de se moverem sem depender de estações rodoviárias ou estradas monitoradas por câmeras, posto que Jessie, mesmo tendo se apaixonado e estando curtindo uma relação a dois, não largaria o seu vício por adrenalina e de quebrar regras. Ainda estava em seus planos o lance de seduzir e de apropriar-se dos bens de homens privilegiados e safados que saiam em busca de momentos de diversão e perversão. Mas no momento era só pretendia curtir a companhia e o pequeno paraíso.

Durante a pausa de mais um instante de pegação, Jessie levantou e puxou o Pedro pela mão.

— Vem, amor! Vamos dar um mergulho.

Os jovens nus se lançaram ao mar de mãos dadas dando um grito de liberdade.


Fim


Agradeço a todos que tornaram esta obra possível, direta ou indiretamente. Sou grata a atenção e carinho de todos que estiveram presentes durante o desenrolar da história. Agradecimentos especiais ao meu amigo, Caio Renato Gadelha por mais uma vez disponibilizar seu tempo ajudando com suas opiniões precisas para o desenvolvimento dos personagens e narrativas.


segunda-feira, 18 de março de 2019

Parte 14 – Nitroglicerina na Rede

Passava do meio-dia de segunda-feira quando Pedro e Jessie acordaram em um motel de periferia, nus e abraçados, ela em posição relaxada com a cabeça repousando no peito dele. A sensação de esgotamento não foi devido a transa estendida até de madrugada, o desgaste físico e emocional resultou do esforço despendido pela jornada em busca de vingança e a luta pela sobrevivência travada contra seus inimigos.

Jessie levantou pronta para continuar a batalha. O Pedro, esparramado na cama, se encantava admirando a nudez do corpo jovial defronte dele. A garota letal e de atitudes frias às vezes, era feminina e de gestos graciosos na maioria do tempo. Ajeitava os cabelos fazendo um coque enquanto explicava a divisão das tarefas para o novo dia.


Após tomarem o desjejum, o Pedro foi ao centro da cidade, no largo do Paissandú. Na praça acontece uma "feirinha do rolo" onde se vende produtos contrabandeados e também furtados em sua maioria. A feira ilegal existe há anos, mas parece não incomodar as autoridades; funciona a menos de vinte metros de uma base móvel da polícia militar. Ele circulou entre garotas na batalha diária de vender sexo por míseros reais, também entre "comerciantes autônomos" vendendo eletrônicos, acessórios, roupas e tênis usados retirados à força de vítimas de roubos.

Não demorou e ele foi abordado por um cara lhe oferecendo um celular de última geração pelo valor de R$100. Após uma negociação ele testou o bagulho e pagou R$50 pelo aparelho.


Em Santa Catarina

A Polícia Técnico-Científica havia identificado um dos corpos queimados na casa em Itapema como sendo de Maciel Neri Messina, filho de Inês Messina, proprietária da casa. As autoridades informaram que não foi possível identificar a segunda vítima. Isso não era verdade, os técnicos identificaram o outro cadáver: Tenório Evangelista Bastos, policial demitido em SP, no entanto, foram ordenados pelos seus superiores a deletarem os registros. Não era conveniente ter a identidade do sujeito revelada.

O ex-policial civil de São Paulo (Tenório) foi enterrado como indigente.


Em um bairro nobre da capital paulista

O industrial estava possesso desde quando fora informado da participação do Tenório naquela trama.

— Porra, seus incompetentes! — como não desconfiaram do envolvimento desse segurança filho da puta?

O esporro sobrou para toda a equipe de segurança e policiais financiados pelo homem.

— Eu não aceitarei mais nenhuma desculpa, exijo resultados imediatos. Achem logo a vadia e o meu dinheiro!


O policial Breno Glock, em posse das últimas informações, estava compondo o quadro para chegar aos executores dos dois homens. No dia da perseguição do Santana não conseguiram identificar o rapaz, o autor dos disparos, muito menos o motorista, em razão dos vidros escuros. E a placa do veículo era clonada. O investigador refazia a sua linha de pensamento: “Dei mole ao subestimar a garota de programa e seu parceiro de fuga, eles sempre estiveram um passo à frente de todos nós. Ou são apenas sortudos, ou são bons no trabalho. E o dinheiro? Provavelmente está em poder deles.” Pensou.


O Pedro chegou em casa e, como havíamos combinado, desde a aquisição deixou o aparelho desligado e até retirou a bateria.

Eu fiz a minha parte, comprei um chip pré-pago em uma banca de jornal em um bairro próximo, e também encontrei em meus arquivos armazenados na nuvem, o CPF e demais informações válidas de duas pessoas.

— Vamos dar uma volta longe daqui, colocamos o chip e você liga para habilitar o negócio — falou Jessie para o parceiro.


Paramos em uma pracinha e o Pedro ligou para a operadora, habilitou o chip usando as informações do “laranja”. A seguir fomos até uma banca de jornal colocar créditos.


Voltamos para a praça, conectei o Pen drive ao Smartphone e enviei as fotos e áudios para os e-mails sugeridos nos rodapés de páginas de publicações online voltadas principalmente à política de esquerda. Já os havia analisado com carinho no dia anterior. Os vídeos, cópias dos áudios e fotos enviei tudo para um serviço gratuito de armazenamento em nuvem criado com uma conta fake. Os links para acesso também foram enviados para os e-mails das mesmas publicações online. Deixamos de fora o material que evidenciava a condição de amantes do Tenório e sua patroa, pois o marido seria capaz de matá-la e, morta, ela não me serviria de nada.

Desmontamos o celular após jogarmos aquela bomba na rede. Continuamos a caminhar até estarmos sobre uma ponte do rio Tietê e atiramos celular, bateria e chip dentro d'água. O Pen drive ficaria guardado no interior da gola do meu colete jeans.


Liguei para a patroa em um número conseguido no celular do Nordestino, informei-lhe do assassinato do seu amante. Menti dizendo ser a mando do seu marido, pois o empresário foi roubado pelo segurança e desconfiava dele ter conseguido informações privilegiadas em sua própria casa. Todavia, não era certo que o chefe tivesse conhecimento do caso entre ela e o Tenório.

Acredito ter dito o suficiente para deixá-la com ódio e medo do marido. Avisei para ela ficar esperta, o aviso foi sincero.


A mulher não conseguia acreditar que seu amante estava morto, direcionou toda a sua raiva contra o marido. Também considerou o risco que corria pedindo a si mesma para se controlar, porque se o caso entre ela e o segurança viesse à tona, o empresário a mataria. Ela pensava em vingança, e agiria, não importando quanto tempo demorasse.


O material enviado e disponibilizado por Jessie e Pedro viralizou na internet. Durante dias foi o assunto principal em todos os veículos de comunicação. Investigadores confirmaram suas suspeitas levantadas de que o empresário, representante de um grupo comercial, fraudava licitações efetuando pagamentos de propinas no valor de milhões a políticos, referentes a concessões de rodovias.

Jessie não estava completamente satisfeita, em razão de não ter conseguido devolver pessoalmente, e na mesma intensidade, as agressões sofridas a mando do empresário. Seu desejo era ter dado ao homem, o mesmo fim que dera aos comparsas traidores. Mas a moça vingativa deixaria quieto o assunto para não perder o parceiro.

— O caso está encerrado, eu prometo — disse a jovem. — E então, vamos seguir juntos para algum outro lugar em busca de diversão?

Eles já haviam conversado sobre continuarem a parceria, a exigência do Pedro era que a companheira deixasse definitivamente seus atos de revanche. Ademais, segundo ele, já haviam feito o suficiente divulgando as provas, e ainda ficaram com muito dinheiro cada, ao dividirem o milhão de dólares meio a meio e também o valor conseguido com o Maciel. Possuíam o bastante para curtirem a vida por um bom tempo.

— E pra onde você está pretendendo ir? — perguntou ele.

— Pensei em passar uma temporada na Bahia, Salvador, o que acha?

— Nunca estive lá, mas gosto da ideia de ir para o Nordeste, não gostei do frio do lado de cá.

— Então bora fazer as malas, mas antes vamos fazer uma coisa bem triste, daremos um perdido no meu bichão, o Santana, pois a turma do mal deve estar atrás dele.

A especialidade do Pedro era motocicleta, mas ele sabia como deixar um carro irreconhecível tirando peças e apagando números. Depois eles queimaram o veículo às margens da represa de Guarapiranga.


Os dois jovens ainda não sabiam, mas teriam um refresco no ato de fuga constante, uma vez que os capangas continuaram, sim, tentando encontrá-los através das pessoas relacionadas ao Maciel, mas as coisas complicaram para o empresário depois da divulgação do conteúdo do pen drive. Precisou afrouxar a atenção "no caso da vadia", conforme ele dizia, e dedicar-se na defesa de acusações pesando sobre ele. Também na eliminação de laranjas.


Mas o policial Breno Glock não desistiu do caso, investiu seu tempo e recursos na busca do jovem casal, afinal, era quase certo de eles estarem na posse de um milhão de dólares em espécie. Era uma quantia considerável para um simples policial civil.


Continua…

sexta-feira, 15 de março de 2019

Parte 13 – Caçada na BR-116

Pit Stop Romântico


Jessie e Pedro viajaram por quase toda a noite, pararam em um posto de conveniência em Registro-SP após rodarem seis horas sem parar. O combustível estava na reserva e o carro superaquecido, precisava ser resfriado e "descansar" um pouco. Ambos também estavam famintos e necessitando ir ao banheiro.

A moça pediu para ele esperar no interior do veículo, ela iria primeiro, ficou com receio de deixar o possante sozinho, em razão de todos os seus pertences estarem dentro dele. Pedro abasteceu, colocou água com aditivo no carro e estacionou na entrada da lanchonete como haviam combinado.

Após o lanche e banheiro, ambos ficaram no veículo repousando alguns minutos. O momento de relaxamento, somado à sensação de liberdade e a iminente fortuna os aguardando no aeroporto de Guarulhos, permitiu a Jessie deixar rolar seus desejos contidos. Eles se pegaram aos beijos e carícias apimentadas. A mão masculina tocou seu sexo continuamente por dentro do vestido fazendo a garota forte e guerreira ronronar como uma gata no cio. A fêmea relaxou tornando-se submissa e completamente entregue ao momento e a um gozo intenso como se aqueles dedos fossem o membro do seu parceiro a levando aos céus.

— Seu danado, você me fez gozar gostoso demais.


Não havia ninguém à vista no local específico para atrapalhar a relação amorosa que prometia invadir a madrugada. Ela agachou levando sua boca em direção ao membro exposto por ele, chupou e acariciou percorrendo sua extensão com a delicadeza de sua mão feminina. A jovem amante retribuiu igualmente o prazer recebido ao sugar sem parar até induzi-lo ao gozo e receber em sua boca uma quantidade absurda de sêmen.


Horas antes, na mesma noite


Os homens enviados para capturarem o concierge, chegaram em Itapema quando a residência da mãe do Maciel já estava completamente destruída e os bombeiros faziam o trabalho de rescaldo. Um entregador de pizza, ainda parado entre os curiosos, relatou ter visto um carro pegando fogo no quintal quando se aproximou da casa. Também viu um Santana com placa de Bauru-SP saindo cantando pneus defronte à residência.

— Você viu quem conduzia o Santana? — perguntou o chefe daquele grupo. 

— Não vi, os vidros eram filmados. 

— Consegue lembrar dos números da placa?

— Não, eu só reparei na cidade. Fiquei curioso porque é bem longe daqui. — Aí eu parei pra ligar pros bombeiros. O interior da casa também estava em chamas.

— A cor do Santana era vinho, e foi em direção ao centro — concluiu.


O carro incendiado no terreiro era um Corolla cinza. No interior da casa os bombeiros encontraram dois corpos carbonizados e só poderiam ser identificados com a chegada dos técnicos da polícia científica ou posteriormente no IML.


O chefe (Breno Glock) refletia e trabalhava com a hipótese dos cadáveres serem do Maciel e da Paola. “A stripper deu azar de estar ligada ao concierge, a usaram para localizá-lo e ambos foram silenciados”. Seu raciocínio o conduziu ao elemento que furou o bloqueio dirigindo o Honda Civic no dia do golpe: “deve ser um cara experiente e o cabeça do grupo” — pensava ele juntando as informações. — “Só um sujeito envolvido diretamente na segurança do patrão saberia de tantos detalhes para executar com êxito o roubo dos dólares.

Breno era investigador da polícia civil de SP, ainda na ativa. Seus serviços extras eram solicitados não só por suas soluções rápidas e execuções sem deixar vestígios, mas principalmente por sua capacidade investigativa.

Ele focou sua atenção no Tenório após obter sua descrição na casa noturna: “O pedido de licença do trabalho feito pelo segurança não era coincidência… Ele também não trabalhou no dia do roubo do Audi…” O investigador costurou todos os detalhes e concluiu seu raciocínio. Reuniu a seguir os seus comandados.

— Vamos voltar para São Paulo, precisamos interrogar um safado.


Continua…


***


Parte 13B – Caçada na BR-116


A primeira claridade do dia se anunciava no horizonte, Jessie dormia no banco do passageiro com a cabeça recostada no ombro do Pedro, ele também dormia mantendo o corpo feminino colado ao seu e entre seus braços. Ela acordou assustada.

— Pedro, acorda! — Cacete, a gente dormiu, vamos embora!

Eles trocaram de lugar, ela deu ré saindo do posto e quase bateu em um carrão preto acabando de chegar. A moça mudou a marcha, endireitou o volante e saiu estrada afora. Dois dos caras dentro do carrão (um Audi A4) gritaram ao mesmo tempo:

— É A PORRA DO SANTANA DE BAURU.

Houve alguns segundos de indecisão, pois o motorista fez uma observação de estarem quase sem combustível. Contudo, depois de uma ordem, seguiu cantando pneus atrás do Santana.

Jessie e Pedro ouviram o som da borracha deslizando em atrito com o asfalto, ele virou a cabeça para olhar para trás. Quanto a ela, viu o carrão preto se aproximando a milhão em seu retrovisor. Jessie teve um mau pressentimento, uma vez que não havia mais ninguém na rodovia além deles.

— Caralho, estão atrás de nós? — perguntou ela.

— Só tem a gente aqui, acelera essa porra! — ordenou ele.

O Santana tinha uma boa dianteira por sair na frente, mas o Audi começou a levar vantagem naquela perseguição em alta velocidade. Chegou bem perto após percorrerem uns vinte quilômetros. Jessie estava com o pé no fundo, e a máxima concentração na estrada dirigindo a quase 200 km por hora, no entanto, não era o suficiente para escapar. Quando viu o carro dos seus perseguidores crescendo em seu retrovisor, gritou:

— METE BALA NESSES FILHOS DAS PUTAS, PORRA!

Pedro pegou a pistola escondida sob o banco do passageiro, abriu o vidro, colocou o tronco para fora e descarregou o pente atirando no para-brisa e pneus do Audi.


Os caras diminuíram a velocidade de repente, mas não foi devido aos tiros, pois além do carro ser brindado, nenhum dos disparos causaram danos aos pneus. O motivo da falha do veículo dos perseguidores foi a pane seca. O motorista reduziu e parou no acostamento. Jessie virou o rosto com expressão de felicidade e deu um selinho nos lábios do Pedro, ambos comemoraram e continuaram em alta velocidade.


O casal chegou pouco antes das dez da manhã ao aeroporto de Cumbica. Meia hora depois já haviam retirado as duas maletas dos Lockers.


De volta ao estacionamento, no interior do carro, abriram as maletas e transferiram todo o dinheiro para uma bolsa de viagem comprada no aeroporto. Localizaram o Pen drive no forro de uma delas, como dissera o Nordestino.

— É roubada guardar essa grana com a gente, também não podemos ficar carregando isso pra lá e pra cá, seria o caos durante uma fuga ou uma blitz policial — disse Jessie.

— E qual é a ideia?

— Vamos deixar, por enquanto, em outro locker de aeroporto, no de Congonhas. Após resolvermos a parada do empresário, a gente decide para onde ir e levamos essa bolada.

— Não acredito, Jessie, você vai continuar com essa vingança mesmo após ter conseguido tanta grana? — Nós demos sorte com o Nordestino, depois com os caras do carro preto. — Já poderíamos estar mortos, pois a gente nem tinha ideia que eles estavam tão perto.

— Foi coincidência eles terem achado a gente, Pedro, esses putos vieram na captura do Maciel. — Vamos fazer assim: a gente checa primeiro o conteúdo do Pen drive, e depois decidimos o que fazer com o bagulho. — Beleza?


Rumaram para o aeroporto de Congonhas, fizeram somente uma parada no caminho para jogarem fora as maletas após destruí-las.


Mais tarde iniciaram a verificação dos arquivos contidos no Pen drive. Os dados iniciais eram áudios e imagens demonstrando a relação de amantes entre o Tenório e sua patroa. Provavelmente o Nordestino usaria o material para extorquir a madame, porém, surgiu o lance de um milhão de dólares. Com certeza seria muito mais lucrativo, deveria ter pensado. Provavelmente reviu seus planos.

Os arquivos seguintes foderiam o empresário e seus colegas, também políticos de renome e outros caras em cargos importantes do governo.

Estavam em posse de uma bomba atômica, era necessário manusearem com extremo cuidado.


***


Notícia de um jornal online da localidade de Itajaí:


“Corpo de Stripper desaparecida é localizado

Uma mulher de nome Paola, stripper em uma casa noturna situada no Balneário de Camboriú e desaparecida há dois dias, foi localizada sem vida em Itapema, próximo de uma casa na rua do Carmo, incendiada no último sábado, dia 24, em circunstâncias desconhecidas e vitimando duas pessoas. O corpo foi encontrado por um morador local enquanto levava seu cavalo para pastar em um matagal vizinho à residência. Segundo a polícia, a vítima apresentava marcas no pescoço similares a estrangulamento por um fio de aço. Não foi informado se a vítima sofreu abuso sexual ou se tem relação com a casa incendiada.”


Continua…


terça-feira, 12 de março de 2019

Parte 12 – Lâmina da Vingança

— Guarda a arma, rapaz! — Minha única intenção é conversar com meus amigos.

Pedro teve a certeza de estar diante do Nordestino devido à descrição que Jessie fez dele anteriormente. O cara está blefando, com certeza veio com o propósito de eliminar seus dois comparsas, pensou.

— Então baixa a sua, primeiro, e solta a moça para podermos conversar.

— Garoto, eu sou policial e já podia ter acertado você daqui. Larga isso e vem pra cá!

Suavemente Jessie deslizou a mão por dentro de sua saia e alcançou um punhal preso em sua cinta liga. Enquanto o homem se ocupava em tentar convencer o Pedro a baixar a guarda, ela o surpreendeu golpeando o braço esticado que empunhava a pistola. A lâmina aguda penetrou o antebraço de baixo para cima atravessando a carne do homem. Com a mesma rapidez do movimento e, com requinte de crueldade, ela torceu o punhal arrancando um urro de dor do seu opressor. Involuntariamente ele deixou cair a arma ao sentir o dano causado em seu braço. De dominada Jessie passou a dominante e continuou atacando desferindo uma cotovelada nas partes baixas do Nordestino e conseguiu escapar dele antes de sofrer um revide.

Pedro também foi ágil e correu em direção ao cara em posição curvada tentando recuperar o revólver. O rapaz desferiu um chute violento no rosto do Tenório.

— Não se mexe, cara! — falou Pedro com firmeza em tom de ameaça e apontando a pistola para a cabeça do fulano tombado no piso em posição de inferioridade.

Jessie pegou a arma do chão, apontou para ele com frieza e disse:

— Poderia devolver o meu punhal, por favor?

O Nordestino conteve sua raiva, esperaria uma oportunidade para contra-atacar. Disse que precisava de um médico, pois ela cortou alguma artéria importante.

— Vamos conversar primeiro e resolver nossos negócios pendentes, a sua consulta médica fica pra depois.

Com um urro e expressão de muita dor ele tirou a lâmina do seu braço. Pediu um pano para estancar o sangue abundante. Jessie mandou ele continuar sentado e lhe jogou um pano de prato, porém antes limpou seu punhal com o tecido.

Após o Nordestino enrolar o pano no ferimento, ela mandou ele sentar encostado no outro pé da mesa e o prendeu passando voltas de fita em seu tronco, apesar dos queixumes do homem por conta do ferimento.

— Seja forte! — gracejou a moça.

O sujeito bruto espumava de ódio, mas sob a mira da arma do Pedro ele não tinha alternativa a não ser obedecer. Ela também imobilizou suas pernas.

Os dois homens dominados começaram com um joguinho de isentar-se da ideia de tirá-la da jogada. O Tenório disse que a ideia foi do Maciel, por ganância e receio de deixar uma testemunha sabendo demais a respeito dele.

— Isso não é verdade — falou o Maciel se dirigindo à Jessie — a quanto tempo a gente aplica os golpes sem violência? — Você sabe que eu não sou um assassino, fui iludido e traído por esse cara.


A garota ouvia enquanto calculava quanto de dinheiro ela e o Pedro retiraram dos dois fundos falsos, algo em torno de oitenta mil reais em notas de dólar, euro e real. Colocou tudo em uma sacolinha plástica.

O Maciel tentou sensibilizá-la:

— Jamais a mataria, Jessie, após bater na árvore eu te deixei viva e só fugi porque ouvi as sirenes chegando.

Continuou pedindo perdão por ajudar o Nordestino a dopá-la. Mas de repente parou de falar e olhou assustado para Jessie caminhando em sua direção. Novamente ela empunhava aquela faca terrível.

— Pedir-me perdão pelo seu erro não me sensibiliza em nada e não reduz a sua sentença — disse a garota com uma ira demoníaca no olhar.

Com um movimento firme ela passou a lâmina afiada na garganta do concierge cortando profundamente. Com os olhos esbugalhados pelo espanto e pavor, ele emitiu seu último som, algo semelhante a uma pessoa se engasgando.

O Pedro a olhou perplexo, não acreditou ter assistido algo de tamanha proporção. Ela por sua vez, deu de ombros e disse:

— Foi mal… Peguei meio pesado, né? — Mas foi rápido e sem sofrimento. — Enfim, que ele não descanse em paz no inferno!

O Pedro só balançou a cabeça negativamente e disse:

— Meu Deus do céu, você é muito doida.

O Nordestino, um homem bruto e frio que parecia zombar da morte, demonstrou medo pela primeira vez. Jessie se dirigiu a ele o testando.

— Agora o assunto é entre nós dois — Deseja com ou sem emoção?

Ele gritou quando viu a lâmina próxima ao seu pescoço.

— ESPERA, ESPERA!!! — Eu te dou o dinheiro que pegamos, um milhão de dólares.

— Me diz onde a grana está, então pensarei em um acordo.

— Está em um local seguro em São Paulo, mas só eu poderei pegar.

— Nessas condições não tem acordo — a garota falou em tom definitivo e ergueu o braço na intenção de esfaquear o sujeito

— ESPERA!!! Eu digo onde está e como você pode pegar — Ela se deteve.

— Última chance, pois já cansei desse seu jogo. — Faremos assim: você fala como pegamos a grana, então o meu amigo partirá no primeiro voo para São Paulo. Nós dois ficaremos aqui. Quando ele ligar dizendo estar em posse dos dólares, eu solto você. — São os meus termos, se temos um acordo comece a falar rápido.

Ela encostou a lâmina no pescoço do homem, ele rapidamente disse que tinham um acordo.

— O dinheiro está em dois guarda-volumes no aeroporto de Guarulhos.


Continua…


Parte 12B - Um Dinheiro Perigoso Demais


Após estarem munidos e informados de todo o necessário para retirarem o dinheiro, Jessie e Pedro pegaram as chaves do Tenório. A contragosto ele disse onde estava seu carro. O casal fez uma reunião rápida fora da casa e o Pedro foi buscar o Corolla do homem. Na volta ele o estacionou no terreiro, próximo à entrada da sala. Minutos depois eles voltaram para a cozinha e o ex-policial demonstrou preocupação com um balde plástico nas mãos de Pedro, e o cheiro forte de gasolina. A garota empunhando a faca de caça aproximou-se dele.

— O que vocês pretendem fazer? — perguntou o homem temendo pelo pior.

— Um churrasco — respondeu Jessie com sua frieza incomum.

O rapaz começou a espalhar a gasolina pela casa, enquanto o Tenório quase em desespero disse que a garota estava louca, eles tinham um acordo, ela e o rapaz seriam donos de uma pequena fortuna e ainda poderiam ganhar mais.

— Dentro do forro de uma das maletas tem um Pen drive contendo nitroglicerina pura, são gravações, fotos e vídeos incriminando meu patrão por lavagem de dinheiro, suborno, pagamento de propinas, entre outros. Também contém som e imagens de políticos graúdos em atos de corrupção, recebendo propinas, formação de quadrilha e todas essas merdas que vemos hoje em dia. Vocês ganharão duas vezes mais vendendo o conteúdo para uma rede de TV, por exemplo.

— Se fizermos isso, mesmo anonimamente, seríamos mortos antes do escândalo ser noticiado, ou então você já teria feito isso, né espertão? — Chega de papo, sua hora chegou.

Tenório gritou sobre ela ter dito que não o mataria.

— Você não entendeu, o acordo era que eu te soltaria.

Ela cortou lentamente o pescoço do homem, e ele ainda conseguiu pronunciar: "PUTA VAGABUNDA" em tom de ódio mortal antes de tombar a cabeça sem vida.

Jessie cortou e tirou a fita que prendia o corpo dele ao pé da mesa, também a dos tornozelos.

— Pronto, querido, está solto.


Ela fez o mesmo com o concierge, e sem demora começou a tirar suas roupas manchadas de sangue, não pretendia levar o DNA de suas vítimas consigo. Tirou primeiro a saia e a jaqueta. O Pedro retornou para o interior da cozinha, ia perguntar se ela já havia acabado com a sua chacina particular. A cena macabra do pescoço cortado do Nordestino e dos dois cadáveres banhados em sangue, chamou tanto a atenção do rapaz como a moça em trajes menores. Parou por um momento para admirar a beleza de sua parceira. Apesar de tê-la visto nua N vezes, e da transa que tiveram por quase uma noite toda, a visão dela naqueles trajes íntimos e sensuais era algo novo e fenomenal. A jovem atraente estava divinamente vestida apenas com o corpete, calcinha, meias ⅞, cinta liga e sapatos; todos pretos. Ela deu um sorriso malicioso ao vê-lo quase babando, se despiu do corpete e começou a retirar a meia a enrolando em direção aos pés. Os seios nus suspensos em seu corpo curvado era um convite ao prazer.

— Não é hora disso, a gente pode fazer depois — disse ele fazendo graça.

— Seu bobo, a gente até teria tempo para uma rapidinha, mas eu só estou me livrando das evidências que poderiam foder com a gente.

Só de calcinha e sapatos ela caminhou até a janela sobre a pia e puxou uma cortina, enrolou o tecido colorido em seu corpo na altura dos seios como se fosse uma saída de praia.

A dupla terminou de encharcar tudo com gasolina, inclusive os corpos e roupas. Incendiaram a casa, também o carro do Tenório e se evadiram do local.


Vários quilômetros adiante eles pararam na rodovia quando estavam sobre um rio. Jogaram na água os calçados usados na ação e as duas armas do Tenório e Maciel. Tiraram a fita isolante que alterava a placa do Santana e depois partiram rumo a São Paulo.


Uma hora antes, na reunião ocorrida entre os dois no quintal da casa, eles decidiram sobre o destino do Nordestino. A Jessie convenceu o Pedro de que eles nunca estariam seguros enquanto os dois inimigos estivessem vivos. Ele concordou, pois com o pouco contato tido com ambos, percebeu o quanto eles eram bandidos, perigosos e dissimulados.


Naquela mesma noite, um carro chegou ao Balneário Camboriú trazendo quatro capangas do empresário. Os caras já haviam obtido inúmeras informações sobre o concierge ao seguirem sua pista desde Campinas até Itajaí. Adentraram a casa noturna à procura da Stripper, questionaram alguns funcionários e chegaram até a dona do Pálio. Ela disse ter visto a colega há pouco mais de uma hora, saindo da casa de shows na companhia de um estranho que havia se apresentado como policial. O chefe daquele grupo de busca pediu para ela descrever o indivíduo.

Na sequência, um dos seguranças da casa também confirmou os detalhes da fisionomia e seu ponto de vista: “jeitão nordestino, cabra macho”. Concluiu dizendo que o homem levou a Paola para o interior de um Corolla cinza e foram em direção ao sul.

Um dos profissionais havia feito a lição de casa, disse que ao sul ficava Itapema, era onde o concierge havia morado com a mãe, dona Inês. Olhou a localização nas suas anotações e saíram no gás.


Continua…