terça-feira, 12 de março de 2019

Parte 12 – Lâmina da Vingança

— Guarda a arma, rapaz! — Minha única intenção é conversar com meus amigos.

Pedro teve a certeza de estar diante do Nordestino devido à descrição que Jessie fez dele anteriormente. O cara está blefando, com certeza veio com o propósito de eliminar seus dois comparsas, pensou.

— Então baixa a sua, primeiro, e solta a moça para podermos conversar.

— Garoto, eu sou policial e já podia ter acertado você daqui. Larga isso e vem pra cá!

Suavemente Jessie deslizou a mão por dentro de sua saia e alcançou um punhal preso em sua cinta liga. Enquanto o homem se ocupava em tentar convencer o Pedro a baixar a guarda, ela o surpreendeu golpeando o braço esticado que empunhava a pistola. A lâmina aguda penetrou o antebraço de baixo para cima atravessando a carne do homem. Com a mesma rapidez do movimento e, com requinte de crueldade, ela torceu o punhal arrancando um urro de dor do seu opressor. Involuntariamente ele deixou cair a arma ao sentir o dano causado em seu braço. De dominada Jessie passou a dominante e continuou atacando desferindo uma cotovelada nas partes baixas do Nordestino e conseguiu escapar dele antes de sofrer um revide.

Pedro também foi ágil e correu em direção ao cara em posição curvada tentando recuperar o revólver. O rapaz desferiu um chute violento no rosto do Tenório.

— Não se mexe, cara! — falou Pedro com firmeza em tom de ameaça e apontando a pistola para a cabeça do fulano tombado no piso em posição de inferioridade.

Jessie pegou a arma do chão, apontou para ele com frieza e disse:

— Poderia devolver o meu punhal, por favor?

O Nordestino conteve sua raiva, esperaria uma oportunidade para contra-atacar. Disse que precisava de um médico, pois ela cortou alguma artéria importante.

— Vamos conversar primeiro e resolver nossos negócios pendentes, a sua consulta médica fica pra depois.

Com um urro e expressão de muita dor ele tirou a lâmina do seu braço. Pediu um pano para estancar o sangue abundante. Jessie mandou ele continuar sentado e lhe jogou um pano de prato, porém antes limpou seu punhal com o tecido.

Após o Nordestino enrolar o pano no ferimento, ela mandou ele sentar encostado no outro pé da mesa e o prendeu passando voltas de fita em seu tronco, apesar dos queixumes do homem por conta do ferimento.

— Seja forte! — gracejou a moça.

O sujeito bruto espumava de ódio, mas sob a mira da arma do Pedro ele não tinha alternativa a não ser obedecer. Ela também imobilizou suas pernas.

Os dois homens dominados começaram com um joguinho de isentar-se da ideia de tirá-la da jogada. O Tenório disse que a ideia foi do Maciel, por ganância e receio de deixar uma testemunha sabendo demais a respeito dele.

— Isso não é verdade — falou o Maciel se dirigindo à Jessie — a quanto tempo a gente aplica os golpes sem violência? — Você sabe que eu não sou um assassino, fui iludido e traído por esse cara.


A garota ouvia enquanto calculava quanto de dinheiro ela e o Pedro retiraram dos dois fundos falsos, algo em torno de oitenta mil reais em notas de dólar, euro e real. Colocou tudo em uma sacolinha plástica.

O Maciel tentou sensibilizá-la:

— Jamais a mataria, Jessie, após bater na árvore eu te deixei viva e só fugi porque ouvi as sirenes chegando.

Continuou pedindo perdão por ajudar o Nordestino a dopá-la. Mas de repente parou de falar e olhou assustado para Jessie caminhando em sua direção. Novamente ela empunhava aquela faca terrível.

— Pedir-me perdão pelo seu erro não me sensibiliza em nada e não reduz a sua sentença — disse a garota com uma ira demoníaca no olhar.

Com um movimento firme ela passou a lâmina afiada na garganta do concierge cortando profundamente. Com os olhos esbugalhados pelo espanto e pavor, ele emitiu seu último som, algo semelhante a uma pessoa se engasgando.

O Pedro a olhou perplexo, não acreditou ter assistido algo de tamanha proporção. Ela por sua vez, deu de ombros e disse:

— Foi mal… Peguei meio pesado, né? — Mas foi rápido e sem sofrimento. — Enfim, que ele não descanse em paz no inferno!

O Pedro só balançou a cabeça negativamente e disse:

— Meu Deus do céu, você é muito doida.

O Nordestino, um homem bruto e frio que parecia zombar da morte, demonstrou medo pela primeira vez. Jessie se dirigiu a ele o testando.

— Agora o assunto é entre nós dois — Deseja com ou sem emoção?

Ele gritou quando viu a lâmina próxima ao seu pescoço.

— ESPERA, ESPERA!!! — Eu te dou o dinheiro que pegamos, um milhão de dólares.

— Me diz onde a grana está, então pensarei em um acordo.

— Está em um local seguro em São Paulo, mas só eu poderei pegar.

— Nessas condições não tem acordo — a garota falou em tom definitivo e ergueu o braço na intenção de esfaquear o sujeito

— ESPERA!!! Eu digo onde está e como você pode pegar — Ela se deteve.

— Última chance, pois já cansei desse seu jogo. — Faremos assim: você fala como pegamos a grana, então o meu amigo partirá no primeiro voo para São Paulo. Nós dois ficaremos aqui. Quando ele ligar dizendo estar em posse dos dólares, eu solto você. — São os meus termos, se temos um acordo comece a falar rápido.

Ela encostou a lâmina no pescoço do homem, ele rapidamente disse que tinham um acordo.

— O dinheiro está em dois guarda-volumes no aeroporto de Guarulhos.


Continua…


Parte 12B - Um Dinheiro Perigoso Demais


Após estarem munidos e informados de todo o necessário para retirarem o dinheiro, Jessie e Pedro pegaram as chaves do Tenório. A contragosto ele disse onde estava seu carro. O casal fez uma reunião rápida fora da casa e o Pedro foi buscar o Corolla do homem. Na volta ele o estacionou no terreiro, próximo à entrada da sala. Minutos depois eles voltaram para a cozinha e o ex-policial demonstrou preocupação com um balde plástico nas mãos de Pedro, e o cheiro forte de gasolina. A garota empunhando a faca de caça aproximou-se dele.

— O que vocês pretendem fazer? — perguntou o homem temendo pelo pior.

— Um churrasco — respondeu Jessie com sua frieza incomum.

O rapaz começou a espalhar a gasolina pela casa, enquanto o Tenório quase em desespero disse que a garota estava louca, eles tinham um acordo, ela e o rapaz seriam donos de uma pequena fortuna e ainda poderiam ganhar mais.

— Dentro do forro de uma das maletas tem um Pen drive contendo nitroglicerina pura, são gravações, fotos e vídeos incriminando meu patrão por lavagem de dinheiro, suborno, pagamento de propinas, entre outros. Também contém som e imagens de políticos graúdos em atos de corrupção, recebendo propinas, formação de quadrilha e todas essas merdas que vemos hoje em dia. Vocês ganharão duas vezes mais vendendo o conteúdo para uma rede de TV, por exemplo.

— Se fizermos isso, mesmo anonimamente, seríamos mortos antes do escândalo ser noticiado, ou então você já teria feito isso, né espertão? — Chega de papo, sua hora chegou.

Tenório gritou sobre ela ter dito que não o mataria.

— Você não entendeu, o acordo era que eu te soltaria.

Ela cortou lentamente o pescoço do homem, e ele ainda conseguiu pronunciar: "PUTA VAGABUNDA" em tom de ódio mortal antes de tombar a cabeça sem vida.

Jessie cortou e tirou a fita que prendia o corpo dele ao pé da mesa, também a dos tornozelos.

— Pronto, querido, está solto.


Ela fez o mesmo com o concierge, e sem demora começou a tirar suas roupas manchadas de sangue, não pretendia levar o DNA de suas vítimas consigo. Tirou primeiro a saia e a jaqueta. O Pedro retornou para o interior da cozinha, ia perguntar se ela já havia acabado com a sua chacina particular. A cena macabra do pescoço cortado do Nordestino e dos dois cadáveres banhados em sangue, chamou tanto a atenção do rapaz como a moça em trajes menores. Parou por um momento para admirar a beleza de sua parceira. Apesar de tê-la visto nua N vezes, e da transa que tiveram por quase uma noite toda, a visão dela naqueles trajes íntimos e sensuais era algo novo e fenomenal. A jovem atraente estava divinamente vestida apenas com o corpete, calcinha, meias ⅞, cinta liga e sapatos; todos pretos. Ela deu um sorriso malicioso ao vê-lo quase babando, se despiu do corpete e começou a retirar a meia a enrolando em direção aos pés. Os seios nus suspensos em seu corpo curvado era um convite ao prazer.

— Não é hora disso, a gente pode fazer depois — disse ele fazendo graça.

— Seu bobo, a gente até teria tempo para uma rapidinha, mas eu só estou me livrando das evidências que poderiam foder com a gente.

Só de calcinha e sapatos ela caminhou até a janela sobre a pia e puxou uma cortina, enrolou o tecido colorido em seu corpo na altura dos seios como se fosse uma saída de praia.

A dupla terminou de encharcar tudo com gasolina, inclusive os corpos e roupas. Incendiaram a casa, também o carro do Tenório e se evadiram do local.


Vários quilômetros adiante eles pararam na rodovia quando estavam sobre um rio. Jogaram na água os calçados usados na ação e as duas armas do Tenório e Maciel. Tiraram a fita isolante que alterava a placa do Santana e depois partiram rumo a São Paulo.


Uma hora antes, na reunião ocorrida entre os dois no quintal da casa, eles decidiram sobre o destino do Nordestino. A Jessie convenceu o Pedro de que eles nunca estariam seguros enquanto os dois inimigos estivessem vivos. Ele concordou, pois com o pouco contato tido com ambos, percebeu o quanto eles eram bandidos, perigosos e dissimulados.


Naquela mesma noite, um carro chegou ao Balneário Camboriú trazendo quatro capangas do empresário. Os caras já haviam obtido inúmeras informações sobre o concierge ao seguirem sua pista desde Campinas até Itajaí. Adentraram a casa noturna à procura da Stripper, questionaram alguns funcionários e chegaram até a dona do Pálio. Ela disse ter visto a colega há pouco mais de uma hora, saindo da casa de shows na companhia de um estranho que havia se apresentado como policial. O chefe daquele grupo de busca pediu para ela descrever o indivíduo.

Na sequência, um dos seguranças da casa também confirmou os detalhes da fisionomia e seu ponto de vista: “jeitão nordestino, cabra macho”. Concluiu dizendo que o homem levou a Paola para o interior de um Corolla cinza e foram em direção ao sul.

Um dos profissionais havia feito a lição de casa, disse que ao sul ficava Itapema, era onde o concierge havia morado com a mãe, dona Inês. Olhou a localização nas suas anotações e saíram no gás.


Continua…


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