quinta-feira, 14 de junho de 2018

10 - Encontros e Desencontros

Semanas passaram e tudo continuou igual, só conseguia clientes através da agência e continuava dependente do meu coroa de Blumenau para manter as contas em dia, não sobrava nada para o mês seguinte.

Era noite de sábado e tinha agendado com um cliente, estava indecisa sobre o que vestir, pois o frio atacou pra valer. O toque do meu celular interrompeu minha escolha, atendi após verificar que era o Matheus. Ele não foi muito sociável e praticamente ordenou que eu o encontrasse às 20h no restaurante de costume. Seu modo mandão me deixava muito irritada, porém, ponderei e apenas comuniquei que a gente não tinha marcado nada para aquela noite e que eu nem sabia da presença dele na cidade. Eu ainda estava falando quando ele disse rapidamente que estava dirigindo e que ainda estava a caminho, mas já havia reservado uma mesa para nós.

Ele foi bem deselegante e interrompeu-me quando tentei informá-lo que já tinha um compromisso para aquela noite. Apesar de não adiantar de nada informá-lo dos meus compromissos, seria só mais um motivo para o grosseiro representar seu papel de dominador e recomendar que eu não me atrasasse. Depois desligaria na minha cara. E fez exatamente isso.

Que merda quando se é refém financeira de alguém. Não poderia ficar nessa situação por muito mais tempo, de algum modo eu conseguiria mais clientes e alcançaria minha independência. "Por hora engolirei mais este sapo. Ele provavelmente brigou com a mulher — mais uma vez — e viria afogar suas mágoas comigo." Pensei.

Consegui que uma das meninas cobrisse o meu compromisso da agência. O cliente não era um dos fixos, menos mal. Finalizei a escolha da roupa e, embora fosse a noite mais fria do mês, não abri mão de um vestido curto, compensei com meias longas de lã para não congelar as pernas, um casaco quentinho e "partiu jantar".

Passado mais de uma hora de espera naquele restaurante, o homem não apareceu. Já havia ligado duas vezes pra ele e tocou até cair na caixa postal. Fiz nova tentativa… Ele atendeu, mas levei um coice por telefone, o grosso rosnou que não poderia falar, havia atropelado um cara e na sequência bateu em outro veículo, ou seja, estava fodido e não viria mais. Desligou em seguida.

"Bem feito, FDP! quem mandou estragar minha noite". Comemorei sentindo um prazer maligno, no entanto, não tinha muito o que comemorar, uma vez que fiquei sem o programa e sem a grana.

Pedi a conta e fiz cara de indignada quando vi quanto pagaria pelo Dry Martini que tomei, pelo mesmo valor eu compraria uma garrafa de gim e outra de Martini no mercadinho mais próximo. Felizmente um anjo da guarda, quarentão, charmoso, mas de aparência triste e que estava sozinho a mais de meia hora em uma mesa defronte da minha, levantou e dirigiu-se a mim educadamente. Depois das formalidades o simpático quis saber se eu esperava alguém, respondi que havia levado um bolo. Ele disse que também levou e convidou-me para jantar em sua mesa. Claro que aceitei. "Que bom, quem sabe a noite ainda não estaria completamente perdida", pensei.

Ele falou um pouco a seu respeito durante nosso papo descontraído entre um vinho e o prato principal, era empresário da construção civil. Depois desabafou comentando que estava separado da mulher amada e tentava uma reconciliação, mas aparentemente ela desistiu daquele reencontro. Eu falei pouco sobre mim, no entanto, revelei de imediato que trabalhava como acompanhante.

Enfim, fomos terminar aquela noite gelada em sua casa. Senti um calorzinho muito agradável quando entrei na residência, tinha um sistema de aquecimento para todos os cômodos. Após ele tirar meu casaco e dependurar em um cabideiro próximo à entrada, abraçou-me pela cintura e caminhamos até sua suíte. A primeira vista fiquei assustada com o cheiro de incenso e várias velas acesas, mas eram aquelas velinhas cheirosas e decorativas. Algum empregado que não estava à vista já havia preparado o ambiente, deixou sobre uma mesa com rodinhas, tipo as de hotel, uma garrafa de champanhe no balde de gelo e, pelo jeito, teríamos uma festa, pois havia muita coisa ocupando todo o espaço da mesinha: morangos, uvas, damasco, foi o que identifiquei de imediato, só descobriria depois que as duas jarrinhas de vidro continham mel e chocolate cremoso.

Minutos atrás, na saída do restaurante, trocamos beijos no carro, foi quando ele me convenceu a ir para sua casa e, não, para um motel. Eu não entrava mais em carros de estranhos e não atendia em domicílio, a menos que o cliente fosse fixo ou recomendado pela agência. Abri uma exceção para o homem, estava atraída e algo interior disse que poderia confiar nele.

Durante nova seção de beijos ele me despiu tirando peça por peça da minha roupa, sapatos e minhas meias quentinhas. Por último tirou minha calcinha de rendas negras deixando-me peladinha, pegou delicadamente em minha mão me girando lentamente em meu próprio eixo enquanto percorria meu corpo com os olhos fazendo elogios deliciosos. Após o segundo giro, uma pausa para acariciar meu corpo e tocou por debaixo dos meus seios os sentindo com movimentos suaves dos seus dedos. Ganhei um abraço gostoso e carícias em meu corpo nu durante um beijo cheio de desejos.

O ajudei a se despir e adorei o convite para um banho de espuma. Pegou-me no colo e caminhou comigo aninhada em seus braços. Uma hidro havia sido preparada por alguém que caprichou na produção: flores, velas decorativas e coloridas, espuma e sais aromáticos — e mais incenso. Ainda estava em dúvida se aquele clima proporcionava um toque de romantismo ou de mistério. O cheirinho era bem agradável com um Q de sexualidade e levemente sinistro. Se toda aquela produção era para seduzir e reconquistar sua mulher, acredito que daria certo, pois comigo funcionou.

Minutos depois trocamos carícias dentro da hidro perfumada, fui pega por trás e penetrada em minha vagina, acomodei-me sentada no seu colo e sincronizei nossos movimentos subindo e descendo com suas estocadas em meu sexo. Suas mãos massagearam meus seios molhados com espuma, estavam lisos como uma enguia… Ah! Foi magia recheada de prazer quando cheguei ao clímax curtindo os vapores e aromas perfumados, além de uma pegada gostosa.

Depois do banho delicioso voltamos para o quarto para apreciar o líquido precioso e alguns morangos. O mel e o chocolate cremoso também eram para comer, porém de uma maneira criativa, eles foram derramados em meus lábios, seios e sexo e o homem me lambeu e chupou todinha, fiz o mesmo após besuntar seu pau com os dois melados. Ao final do meu boquete, um terceiro creme parecido com leite juntou-se aos outros dois enchendo minha boca.

Pouco depois a gente se pegou com nossos corpos colados e melados, literalmente, meus orgasmos além de doces foram com sabor de chocolate com pimenta.

Após horas deliciosas de atividades de alto impacto aceitei seu convite para passar a noite, estava finalizada e ele nocauteado.

Quando voltamos do banho a cama estava arrumadinha com lençóis e fronhas limpas "o mordomo fantasma passou por aqui", pensei sorrindo. E como ninguém é de ferro, dormimos um soninho gostoso.

Pela manhã eu estava sozinha na cama quando acordei. Antes de vestir-me fui ao banheiro recompor cabelos e maquiagem. Estava terminando de calçar as meias quando ele retornou ao quarto trajando uma roupa de jogador de tênis, disse que iria ao clube encontrar seus amigos. Desculpou-se por não me oferecer o café da manhã, havia dado folga aos empregados e faria o desjejum no clube. Deu-me um envelope, disse que era o combinado pelo programa e insistiu para que eu conferisse. Fiquei um pouco frustrada, era os R$600,00 pelo programa de duas horas, eu esperava uma gorjeta por ter passado a noite, mas tudo bem, nós não combinamos um valor extra. Pelo mesmo não teria que "doar" parte deste cachê, uma vez que foi um programa "Freelance" então ficaria tudo pra mim.

Agradeci pela noite e ofereci meu cartão para quando quisesse marcar um novo encontro, ele não aceitou meu cartão com o telefone da agência, insistiu para que eu desse o número do meu celular. Não resisti à tentação e dei. Esperava não me arrepender disso mais tarde.

Na sala ele gentilmente ajudou-me a vestir o casaco, pediu que verificasse o bolso interno… Eita! Havia outro envelope com notas de cem reais, dez para ser exata. Falou que era um presente pela noite maravilhosa, agradeci com um beijo e fui embora satisfeita com os momentos de diversão e feliz pela grana.

A noite que tinha tudo para ser um tédio acabou sendo a da transa mais "doce" que tivera. 
 
Continua…

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