domingo, 17 de junho de 2018

Capítulo 1 – Miami, Sonho ou Pesadelo?

Descrição
Após o desaparecimento de Matheus, seu "sugar daddy" na história 'Acompanhante de Luxo', Kamila viajou para Miami deixando seus problemas no Brasil. No entanto, ela nem imaginou que seria protagonista em uma nova aventura sinistra e perigosa ao envolver-se com membros de gangues voltados para a prática do crime de extorsão de comerciantes da grande Miami, além do controle da prostituição e do tráfico de drogas. Para tentar sobreviver ela só poderia contar com Carlos, o policial correto, ou Hector, o impetuoso membro de uma gangue.


Aos Amigos leitores
Esta história é a continuação da série "Acompanhante de Luxo". Por se passar em outro país seria quase impossível não abordar nos primeiros capítulos o tema imigração, procedimentos de entrada e adaptação em uma cultura diferente.
Prefácio

A história que será contada nesta série é a fusão de realidade com a minha imaginação. Nenhuma lei dos Estados Unidos foi transgredida, tipo: prostituição, exploração da prostituição por terceiros (rufianismo), escravidão, tráfico interno ou internacional de pessoas, tráfico ou consumo de drogas. A Flórida, principalmente a grande Miami relatadas nesta história, também é um misto do real e imaginário, já que alguns lugares são fictícios. Se porventura, houver alguma similaridade com fatos reais ou entre personagens e pessoas da vida real, a semelhança não terá sido proposital, apenas uma coincidência.

Capítulo 1 - Portão de Entrada

Sábado, 28 de novembro 2015

 No momento sinto uma necessidade enorme de iniciar um novo ciclo em minha vida. Em algumas horas estarei distante do Brasil, da minha família e de pessoas importantes em meu mundo sentimental e profissional. Estou escrevendo o início desta história a bordo de um avião para Miami, almejo afastar-me dos problemas atuais. Recentemente estive envolvida sexualmente, ou melhor, fui amante de um empresário dono de confecções em Campinas-SP — é a cidade onde moro — ele também possuía outra indústria em Blumenau-SC — cidade onde ele morava — Após o desaparecimento inexplicável do homem — o inexplicável no caso era apenas para sua mulher, filhos, polícia e imprensa, já que eu tinha informações que o Matheus, o desaparecido, estava vivo e fora do país — seria seguro refugiar-me em um lugar distante, pois poderia estar correndo o risco de perder a vida devido a ter ficado em meu poder uma grande quantia em dólares pertencentes ao homem, e também um apartamento que me foi doado por ele, segundo uma documentação que surgiu um dia depois do empresário ter sido dado como desaparecido. O intuito da viagem era o de ficar distante de tudo que estivesse relacionado ao Matheus. Ficarei nos Estados Unidos o tempo de meses que meu Visa permitir, claro, se o agente da imigração não barrar o meu acesso durante o procedimento de entrada.
Estou levando dez mil dólares em dinheiro e este é o limite máximo para entrar nos Estados Unidos sem precisar declarar, já os valores superiores a esta quantia, se você não declarar estará cometendo crime. Não sei o que acontece com o valor excedente, se você tem que comprovar ter adquirido legalmente o valor, se é taxado e qual seria a porcentagem. A minha preocupação em trazer muito dinheiro é dar motivo ao agente da imigração pressupor que eu vim para não voltar; aí o meu Visto de entrada começaria a ficar complicado. Ensaiei um discurso de ter vindo fazer compras e passeios, e minha estadia seria de vinte dias. Inclusive minha passagem de volta estava realmente marcada para vinte dias depois, no entanto eu poderia remarcar para outra data mediante o pagamento de uma taxa. É aconselhável estudar pela internet antes de sair viajando. Peguei inúmeras informações em vídeos do YouTube recomendando não mentir sobre a passagem de volta, reserva de hotel ou se você vai ficar na casa de alguém, etc, pois é quase certo que o policial olhe sua passagem, reserva e até faça menção de ligar para a casa citada por você. Se algo não estiver de acordo o bicho pega.
Para tornar lógica a quantia de dez mil dólares eu trouxe anotado uma lista de compras e até os lugares onde compraria. Uma jovem viajando sozinha já é suspeita de querer ficar eternamente no país, imagine com dinheiro vivo suficiente para se manter meses sem trabalhar. Trouxe mais da metade das minhas economias, deixei um pouco em minha conta para pagar as despesas do meu apartamento em Campinas e outro tanto em meu cartão de crédito pré pago.


Chegada a Miami

"Senhoras e senhores, sejam bem vindos a Miami. Agora são cinco horas e trinta minutos pm, hora local... blá blá blá e Muito obrigado por voarem com a American Airlines." (traduzido).
 
Enfim terra firme. Curti a sensação de alívio por ter deixado os problemas para trás, mesmo que fosse temporariamente.
Segui o fluxo das pessoas para sair da área de desembarque e pegar o MIA Mover — Um pequeno metrô de superfície (também é conhecido como Monorail) é grátis e funciona dentro daquele aeroporto enorme — ele nos deixou próximo ao local da temida entrevista migratória.
 
Após passar pelos procedimentos iniciais fui encaminhada para uma das filas dos guichês da imigração, senti um friozinho na barriga e a ansiedade aumentou. Felizmente a fila estava andando rápido, quando restava somente mais uma pessoa à minha frente e também foi liberada sem demora, fiquei mais animada e já imaginei-me passeando em Miami Beach. No entanto, comigo tinha que ser diferente, claro... O policial da imigração resolveu me pegar para Cristo e não parava com as perguntas, menos mal que foi em espanhol. Felizmente não menti sobre o retorno e hotel, ele pediu para ver a passagem e o "voucher" — é o impresso do e-mail confirmando a reserva do hotel que fiz no Brasil — e já estranhou, pois minha reserva era de três dias apenas e eu disse que ficaria vinte. Expliquei que usaria os três dias para conhecer melhor a cidade e encontrar o hotel perfeito perto das coisas que me interessavam e que o local também fosse seguro para guardar as compras que faria durante minha estadia.
Comecei a ficar preocupada e achando que voltaria dali mesmo para o Brasil, o homem fazia cara de jogador de poker e eu não sabia se estava indo bem ou mal.
E o danado não parava de fazer perguntas: se eu estudava ou trabalhava no Brasil e em que; minhas relações familiares; se já estivera nos Estados Unidos; quanto de dinheiro eu trouxe, cartões de crédito, etc. Manter a calma, ser educada, simpática e não cair em contradições foi o fundamental, eu acho. Eu estava "de boa", caso não desse nos EUA, seria uma pena, pois queria muito permanecer uns meses no país, no entanto poderia ir para outro lugar caso desse ruim.
 
Depois que eu respondi mais perguntas que na prova do Enem, finalmente coloquei os dedinhos para tirar as impressões digitais e fiz pose para a foto (e devo ter ficado linda, claro), fiquei aliviada e feliz, principalmente com a frase que ouvi: "Bienvenida a los Estados Unidos de América".
Maravilha, ganhei um Visa de seis meses de permanência na terra do Tio Sam. Aí foi só alegria.
Fui até a esteira retirar minhas malas e reencontrei um cara que conheci no avião. Na verdade eu não o conheci, só trocamos alguns olhares à distância em Guarulhos enquanto a gente aguardava a chamada para o embarque. Durante o voo tivemos um contato um pouco mais próximo quando eu voltava do banheiro e deixei cair minha necessaire ao topar com ele no corredor. Agachamos ao mesmo tempo e ele foi mais ágil em pegar meu estojo, nossas mãos se tocaram e o "choquinho" básico foi inevitável. O moreno grandalhão e simpático entregou-me o bagulho. Agradeci e senti uma energia percorrer o meu corpo ao olhar bem no fundo dos seus olhos negros. Tive uma sensação como se meu corpo tivesse sido invadido sentindo-o percorrer por debaixo do meu jeans, minha blusa, sutiã... Gente, ele escaneou até a minha alma penetrando em meus pensamentos mais íntimos. Arrepiei todinha e fiquei curiosa sobre o que mais ele poderia fazer-me sentir. Eu desejei conhecer mais a fundo aquele homem de pele escura, rosto duro apesar do jeito simples e despojado; acentuado era por sua barba de três dias.
Acho que ele também queria me conhecer e ficou fazendo hora próximo da esteira esperando eu aparecer. Naquele local nossa conversa foi mais produtiva, fiquei sabendo seu nome, Carlos Henrique Garcia, e morava no distrito de Hialeah, condado de Miami-Dade. Ele caiu do céu, estava meio perdida naquele aeroporto. Pedi sua ajuda para sair dali e pegar um táxi.

Após passarmos pela alfândega e as bagagens pelo raio-x (pois fui uma das sorteadas) e graças aos céus não fui convidada a abrir minhas malas, posto que trouxe uma boa quantidade de roupas, calçados e outras coisas de uso geral e até parecia que estava de mudança. Seguimos em direção aos taxistas, informei-lhe onde me hospedaria apontando no voucher, o mesmo que mostrei ao agente anteriormente.
— Quer compartilhar a corrida? — disse ele e explicou que o meu hotel ficava próximo ao trevo por onde passa uma tal rodovia (State Road 826) — Depois de te deixar na recepção eu sigo por ela.
— Opa, demorou. 

Ele recusou meu dinheiro após chegarmos ao meu destino. Restava-me apenas agradecer e nos despedirmos, pois já havíamos combinado de nos encontrarmos na manhã seguinte (domingo), era seu último dia de férias, mesmo assim gentilmente cederia seu tempo para mostrar-me alguns pontos importantes da cidade. Depois das despedidas, sorri satisfeita por ter conhecido de imediato um cara legal, e por não ter gasto com o táxi. Que bom chegar economizando, controlaria o dinheiro para não passar apuros financeiros durante minha estadia nos Estados Unidos, para tanto, fiz minha reserva em um hotel mais em conta, longe das praias e do centro.

Continua…


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