sábado, 23 de junho de 2018

Capítulo 7 - Noite Caribenha

Héctor Alejandro Gonzáles, um cara perspicaz e atencioso. Seu humor não era dos melhores, era mais rude que simpático, mas tinha seus momentos de descontração e chegava a ser divertido vez ou outra. Um homem sério que estava sempre alerta e ligado em tudo à sua volta. Não era bonito, mas era uma delicinha mesmo não sendo um gato. Um machão que sabia ser charmoso quando queria. A camiseta regata de alças estreitas era sua marca registrada, deixava à mostra seus ombros e antebraços malhados cobertos de tatuagens; as quais eram exibidas com orgulho.
Em minha segunda semana em Miami o meu convívio com o hondurenho se estreitara; fui todas as noites para a academia treinar porradas e malhar muito, depois eu ficava esperando todos saírem e ele me levava até a esquina de casa. Rolava um affair dentro do possante, porém só de beijos e carícias apimentadas. Ainda não havíamos chegado ao ápice das "atividades de alto impacto", ou seja, "fizemos de um tudo", menos o coito.
Durante o dia ele também se fazia presente, se eu precisava ir às compras, ele todo prestativo me acompanhava, isso propiciava o meu convívio constante com o hondurenho.

Estava curtindo de montão a minha estadia naquele país e deixando o meu cantinho com a minha cara. Faltava uma fonte de renda para ficar melhor. Dediquei várias horas daquela semana em busca de trabalho. Aceitaria quase tudo que me rendesse algum dinheiro, pois até aquele momento eu estava só gastando. Na sexta-feira, através de uma amizade feita em um grupo do facebook, consegui um trabalho temporário como help cleaner (diarista). Substituiria uma moça durante a próxima semana. Não era o trabalho dos sonhos, mas serviria como aprendizado e teria a chance de ampliar minha rede de contatos.
No sábado eu acompanharia o Héctor até um casarão onde aconteceria uma festa patrocinada por um dos caras das ligações comerciais do meu amigo. Pelo sim, pelo não, achei melhor não questionar qual era o tipo de comércio. Era quase nove da noite quando saí do meu quarto, toda produzida e sem fazer o menor barulho; eu não queria ser vista pelo seu Ramon. Ainda estava em dúvida se o homem havia incorporado o papel do meu pai ou se ele me queria e sentia ciúmes do hondurenho. Comecei a ficar incomodada com a intensidade da sua suposta proteção.
Andei nas pontas dos pés e já estava dando o último passo para fora do prédio quando ouvi:
— Qué te diviertas, Kamila!
Merda! parece que ele sentia meu cheiro, assim como os cachorros sentem quando estão no cio. Agradeci seus votos e saí fora rapidão. O Héctor estava na esquina me esperando.

Durante o trajeto ele recebeu uma ligação que, segundo ele, era de extrema importância. Se desculpou antes e depois de dizer que me deixaria sozinha por algum tempo na festa, pois precisava resolver um negócio de última hora. O homem não disse onde iria nem o que faria. Ele não era do tipo mentiroso, mas era cheio de mistérios e segredos. Deixou-me na entrada do evento e prometeu voltar logo. Era só o tempo de resolver aquela parada, ele disse.
A festa era em uma das ilhas em Venetian Islands (fica entre o centro de Miami e Miami Beach). Entreguei meu convite para um homem e entrei balançando o corpo ao som de um ritmo contagiante. Depois fiquei sabendo que o ritmo era Calipso. Gente, era impossível ficar parada ouvindo aquela música. Mais alguns passos e… Deus do céu! Aquela barraqueira da porta da academia estava na festa e nem parecia uma noia. A vadia estava produzida com um vestidinho decotado, curto e coladinho ao corpo, cabelo arrumado e maquiagem de puta (bem chamativa). Claro que ela fulminou-me com seu olhar característico de quem pergunta: o quê você está fazendo aqui sua vaca? Só lancei-lhe meu olhar de desprezo e superioridade e fui para o lado oposto.
Já a havia esquecido após ser agraciada com meu primeiro drink, um daiquiri gentilmente cedido por um dos rapazes presentes. Caraca, que festinha legal. A balada era na área da piscina e a decoração lembrava uma ilha tropical. Diversas palmeiras, mesas com frutas coloridas e pratos com frutos do mar de toda espécie. Amei aquela festa caribenha, principalmente os coquetéis convidativos feitos a base de rum e tequila. Fiquei tão animada com o reggae que comecei a acompanhar a coreografia de um grupinho de rapazes. Dentre eles estava o que me deu a primeira bebida. Minutos depois eles que me acompanhavam em minha dança espontânea batendo palmas no ritmo e proferindo palavras de incentivo.
Dei uns goles em minha segunda bebida que acabara de ganhar. Dois dos rapazes animadinhos disseram algo sobre "dançar mais pra cima". Não entendi direito e nem dei bola, só sorri e balancei a cabeça como se concordasse e continuei dançando. Levei um baita susto quando fui segura e erguida pelos dois. Eles me colocaram em pé sobre uma espécie de balcão e disseram que eu tinha estilo. Eu quis descer, mas o grupinho foi muito simpático insistindo para que eu dançasse para eles ali em cima. Eu teria ficado sem graça em uma situação normal, porém não era eu que estava ali, sentia-me estranha e devassa ao extremo. Entrei na brincadeira e dancei para o meu grupinho particular. Fui incentivada com frases e assobios. E quando notas de 1 dólar começaram a ser jogadas aos meus pés, aí sim deixei rolar toda a minha sensualidade e falta de pudor. Fiquei animadíssima vendo outras notas começarem a forrar o balcão. Já estava completamente à vontade e sem noção de onde estava, fiz o joguinho do mostra e esconde levantando o vestido algumas vezes, ou fazendo as alças caírem pelos ombros e deixando o decote bem insinuante.

Será que já estava bêbada depois de duas ou três doses apenas? Não lembro ao certo quantas foram, após a primeira eu já estava de pileque. Eu costumo beber muito mais antes de perder o controle. Continuei com o meu showzinho, estava adorando tudo aquilo.
Fui abordada por um cara brutamontes e um outro nem tanto, mas tipo bandidão com cara de Snoop Dogg drogado. Eles me fizeram descer do balcão, embora fossem vaiados pelos outros rapazes. Os dois animais foram rudes demais e colocaram euzinha para fora da festa… Vocês acreditam? Disseram que se eu quisesse fazer strip-tease deveria ter ido a um cabaré. Fiquei atônita pensando na estupidez gratuita dos caras, visto que eu não tinha feito nada demais. Tirei meu celular da bolsa para ligar para o Héctor e nem tive tempo de teclar, o idiota fortão tomou na marra o meu aparelho e mandou eu sair dali ou iria me arrepender de ter vindo. Fiquei muito puta, mas como argumentar ou lutar com um ogro daquele?
O fdp não deixou eu ficar na entrada (eu pretendia esperar o Héctor). Ele mandou eu sair fora antes que ficasse pior para o meu lado (não foram exatamente estas suas palavras, mas eu entendi perfeitamente). Ele foi me empurrando bruscamente e o meu choro não o comoveu, quase fui ao chão. Fiquei perdidinha sem saber o que fazer, já que estava sem carro ou condução para ir embora e sem entender o que tinha feito de errado. Desconfiei que alguma droga tivesse sido misturada à minha bebida. Senti-me como se estivesse entorpecida e comecei a procurar por fantasmas: Será que eu passei do ponto durante minha brincadeira com o grupinho de rapazes? Fiquei me questionando toda confusa.
Fui me afastando, ainda sem saber como voltaria para casa. Seriam quilômetros até conseguir uma condução, e ainda estava bem louca… Foi quando tudo aconteceu rápido demais. Faróis de um veículo surgiram do nada ofuscando minha visão e já estava quase sobre mim quando ouvi a freada brusca e paralisei fechando meus olhos esperando o inevitável. O carro parou a milímetros de mim, o calor emanando do capô parecia o de uma fornalha. Ao perceber que ainda estava viva, abri os olhos e vi o Héctor todo apavorado saindo do carro. Quando minha voz retornou eu consegui responder aos seus questionamentos sobre o que eu fazia caminhando a esmo pela rua, comuniquei-lhe sobre o ocorrido desde o início e deixei o homem irado ao contar sobre a minha expulsão do casarão. Ele disse que ninguém faz isso com sua garota. Eita, eu nem sabia dessa história de ser sua garota, pensei comigo mesma. Ele disse que só poderia tratar-se de um mal entendido. Voltaríamos para a festa onde todo mundo era hermano (segundo ele). Tudo ficaria bem ele afirmou.
Achei ótimo, pois queria o meu celular de volta. Apesar do susto que acabara de passar e das ofensas do sem noção que me colocou para fora, eu ainda estava animadíssima e gostaria de continuar me divertindo naquela balada do Caribe.
Voltamos para o casarão e identifiquei os dois caras a pedido dele, os dois estavam ao lado daquela vagaba. As atitudes promíscuas do trio deixava explícito o grau de cumplicidade entre eles. Só então percebi porque fui jogada na rua. Com certeza o ocorrido deveria ter a participação da vadia. Ainda estava em dúvida se o que eu sentia era raiva ou pena daquela coitada. Durante aquela semana fiquei sabendo que ela fazia ponto no centro da cidade durante a noite; nos arredores do American Airlines Arena. Dividia o espaço com outras putas de rua, noias como ela. Aceitam alguns trocados por um programa ou trocam uma transa por pedras de crack.
A piriguete tirou o sorrisinho da cara e mudou a expressão para apavorada ao perceber o Héctor se aproximando. Eu estava dois passos atrás dele. A garota saiu fora rapidão.
A cena que assisti na sequência me fez ficar arrependida por ter retornado. O hondurenho partiu para cima dos dois sujeitos os interpelando. Eles não devem ter dado as respostas corretas, pois mal começou a discussão e o Héctor já arrasou com os dois. Exagerou nas porradas deixando os ex valentões sangrando e deformados no chão. Fiquei com o estômago embrulhado. Ele pegou meu celular que estava com o grandalhão e depois puxou-me para sairmos fora ao perceber que o bicho ia pegar.
Fiquei amedrontada com este lado tão selvagem e letal dele, no entanto sentia algo de excitante ao pensar que o fizera por mim. Mesmo assim recusei seu convite para terminarmos a noite em outro lugar mais tranquilo. Falei que não estava bem, a bebida deixou-me enjoada e com a cabeça estourando. Com certeza alguém batizou minha bebida com drogas. Ele, a contragosto, fez o caminho de volta para me deixar em casa.
Eu ainda não tinha feito sexo com penetração com o Héctor, e só faltava isso, a gente já tinha feito de tudo dentro da academia e do seu carro nos últimos oito dias em que estávamos ficando. Ao final dos nossos momentos de libertinagem com trocas de masturbação e orais, eu fazia o papel da donzela arrependida que tinha se deixado levar pelo momento e dizia estar envergonhada, pois eu tinha namorado e não era justo para com ele. Para todos os efeitos eu estava namorando com o Carlos (o policial).
Eu não sei porque estava bancando a difícil com o hondurenho, ele era muito delicinha e mexia demais comigo… acho que sabia o motivo, eu estava gostando dele e não queria admitir. Isto levava a outro motivo; não queria ser apenas mais uma em sua cama, queria que ele também gostasse de mim e provasse isso com gestos e palavras. Não sei o que estava acontecendo comigo, acho que estava tendo outra crise de romantismo. Que merda! Acho que me apaixonei pelo homem.
Chegamos próximo ao meu prédio e mais uma vez ficamos aos beijos e amassos dentro do carro. Não impedi sua mão atrevida de penetrar por debaixo do meu vestido e continuar o percurso até estar por dentro da minha calcinha. Deixei rolar os momentos de bolinação. O cara estava me levando à loucura e a vontade de ser possuída era incontrolável. Queria sentir seu corpo nu colado ao meu e entregar meu corpo e minha alma para ele, mas só se ele ficasse firme comigo. Minutos atrás, antes dele matar os caras (ou quase isso), ele disse que eu era o seu amor. Será que isso conta como compromisso?
Ahh! O danado me fez gozar outra vez. Remexi alucinada o meu sexo em sua mão e gemi baixinho com minha boca colada no seu pescoço. Contorci meu corpo por minutos dentro daquele veículo parado a menos de cinquenta metros da minha casa.
Estava levemente saciada e queria muito mais, porém me afastei e novamente fiz o teatrinho da garota cheia de pudores. Pedi para ele ter paciência só mais uns dias, pois eu iria terminar com meu namorado. Ele disse que eu o estava enlouquecendo, mas que teria paciência.
Fiquei frustrada. Ele é um cara tão… como eu diria? Um fora da lei, bruto, macho e autoritário; ainda assim deu mole. Meu sexo ardia em chamas de desejos e eu deixaria rolar naquele instante se ele forçasse só um pouquinho mais. Da próxima vez acho que não resistirei, o tesão está incontrolável. Pensei.

Continua…

Nenhum comentário:

Postar um comentário