domingo, 22 de julho de 2018

Novinha Top Secret

Os últimos meses de convivência entre meus pais antes da separação foram recheados de tensão. Eu não entendia ao certo o que estava acontecendo, mas era algo ligado a uma pequena empresa envolvida em contrabando, papai era um dos sócios. A coisa piorou muito quando o pai de uma garota (vizinha nossa) acusou meu pai de assediar a novinha e o ameaçou, disse que não levaria o caso para a polícia, ia resolver do modo dele. No entanto, não chegou a cumprir a ameaça, uma semana depois ele voltava do trabalho, parou com o carro em um semáforo e segundo uma testemunha, ele foi abordado por dois caras em uma moto (provavelmente assaltantes). Quando ele tentou arrancar com o carro, o garupa atirou duas vezes na cabeça do homem que morreu ali mesmo.
Evidentemente a polícia ficou sabendo sobre a treta ocorrida entre o falecido e o meu pai, então o intimaram a depor na delegacia. Não conseguiram estabelecer um vínculo com o assassinato, o liberaram, posto que no momento do crime ele estava em outro local muito distante rodeado de homens e mulheres, segundo eles, comemoravam o aniversário de um amigo em um bar no centro de São Paulo. Também não conseguiram associá-lo aos criminosos, os mesmos não foram identificados e nem a moto localizada.
A suspeita de atos de pedofilia com a novinha (vou chamá-la de Anita) ficou no vazio. A garota continuou negando ter sido assediada e jurou que nunca aconteceu nada entre eles. Eu sabia que ela não falava a verdade e escondia algo podre, pois quando estava com minha galera, sempre ouvia conversinhas que rolavam sobre a garota. Aquela carinha de santa, bobinha e infantil, não passava de fachada, a dissimulada era a alegria dos tiozinhos do pedaço, vendia seu corpo aos senhores casados, ou não, recebendo míseros reais ou algum mimo tipo uma bijuteria barata. Ou simplesmente trocava um boquete por um sorvete.

Desde quando a conheci, suspeitei que ela não tivesse apenas sorte, pois frequentemente chegava correndo e toda feliz dizendo ter achado dinheiro na rua ou que ganhou um sorvete ou outra guloseima de alguém em uma bomboniere.
Eu só me liguei sobre a possibilidade do papai também estar pegando a Anita, poucos dias antes da discussão entre nossos pais. Aconteceu em uma tarde de quinta-feira ao voltar mais cedo do colégio, houve prova na penúltima aula e quem acabava poderia ir embora porque não haveria a última aula. Voltei rapidão pra casa, já deduzindo que mamãe estaria na academia, assim ela tinha feito nas últimas tardes das quintas-feiras. Papai costuma chegar mais cedo nesses dias, era uma das poucas oportunidades para ficarmos juntos sem precisar fazer tudo às pressas.

Assim que cheguei em casa, levei um susto com uma garota saindo porta afora. Quando a interpelei sobre o que fazia ali, ela contou novamente a história do dinheiro achado na rua e viera convidar-me para irmos à sorveteria. Mesmo eu a recordando que naquele horário eu estaria no colégio, e ela sabia disso, a garota deu um jeito de justificar sua presença. Deus do céu! Como era demoníaca, conseguia sair-se bem manipulando as pessoas com argumentos convincentes ao mesmo tempo simulava uma ingenuidade.
Assustada com aquela criatura à minha frente e com um terrível mau humor por começar a imaginar o que o safado do meu pai havia acabado de fazer com ela, recusei o convite da sorveteria e entrei em casa emputecida. Não queria acreditar que papai estivesse pegando aquela biscatinha. Subi as escadas e parei à porta do quarto dos meus pais. Ao ouvir o barulho da ducha, aproveitei para vistoriar o cômodo.  Quando visualizei a cama arrumada e as roupas do homem jogadas ao chão próximo ao pequeno sofá, tive a certeza que ele transou com a Anita ali, pois ele fazia o mesmo comigo para não deixar marcas na cama do casal. Senti um misto de ódio e tesão ao imaginar a vadiazinha de franguinho assado naquele sofá e meu pai ofegante bombando feito um maluco  na boceta ou no rabo dela. Fiquei possuída e, mesmo querendo matá-lo, o desejei como nunca. Despi-me e fui ao encontro dele no banho. Meu pai estremeceu de susto quando adentrei peladinha pela porta do banheiro que estava aberta.
— Oi! Posso tomar banho com você? — perguntei já entrando no box.
Ele murmurou várias coisas tipo: quando foi que eu cheguei; por que cheguei tão cedo, etc. Não dei respostas concretas e agachei-me e fui com as mãos em seu membro. Ele tentou evitar dizendo que não, pois minha mãe chegaria logo. O safado só aumentava meu tesão ao lembrar-me do perigo, queria ser possuída naquele instante e o risco de ser flagrada era combustível para minha libido. Ele gemeu adoidado quando segurei em seu pinto movendo a pele para baixo e abocanhei aquela coisa molhada pela água do chuveiro. Tolamente imaginei que os gemidos fossem de prazer, então continuei chupando não me importando com suas recusas e ais.
O negócio não endureceu como de costume, apesar de todo o meu desempenho, e ele grosseiramente afastou-me reclamando que seu pênis estava machucado. Eu havia percebido marcas avermelhadas que pareciam irritação de pele, logo abaixo da glande. Perguntei o que era. Ele odiava se explicar, disse que não sabia, “surgiu do nada” falou demonstrando irritação. Levantei o encarando, colei meu corpo no dele.
— Você não me quer? Não sou mais sua princesa? — indaguei com carinha de decepção.
— Eu te quero muito anjinho, mas o papai não está bem hoje e sua mãe vai chegar logo. Vai vestir uma roupa, por favor, vai!
Filho da puta, ele deve ter se pegado por horas com aquela putinha, aquelas marcas eram de pinto esfolado por algum buraquinho apertado. Já havia visto aquilo antes, foi no início de nossas relações. Não comentei nada, sai chutando tudo no caminho até o meu quarto. Grrr! Estava puta da vida e aquilo não ficaria assim. Dei um gelo nele a partir daquele dia e esperava a oportunidade de dar o troco.

Dias depois da morte do pai da Anita, o clima em casa ficou mais pesado quando mamãe ficou sabendo de toda a história sobre o álibi do papai: ele estava na farra com amigos e mulheres na hora do crime, depois passou a noite em um motel com uma das mulheres. Constava do seu depoimento. Era a gota d’água, eles brigaram feio. Sobrou até um empurrão pra mim quando saí em defesa da minha mãe. Era o motivo que eu precisava para minha vingança. Tranquei-me em meu quarto e sem hesitar liguei para o meu avô contando sobre o inferno que eu e a mamãe estávamos passando e também relatei tudo o que sabia sobre o meu pai e a Anita, e até inventei um pouco. Meu avô prometeu que não me envolveria na história. Ele relacionou meu pai ao suposto assalto e morte do pai da garota e, somado aos outros fatos que pesavam contra papai, era a deixa para o vovô o encurralar. Meu avô nunca gostou do genro, soube que ele foi contra o casamento desde o início. Ele aproveitou o momento e todos os indícios que pesavam contra seu desafeto para afastá-lo de nossas vidas.
No dia seguinte acordei mais calma, arrependi-me por ter agido por impulso em um momento de raiva, contudo, não voltaria atrás, estava feito e fim de papo.

Enfim, meu pai teve que fugir estrategicamente para o México, meu avô mesmo estando na reserva, ainda usou seu poder de coronel dando-lhe duas escolhas: ou saía do país e não voltava mais, ou iria pra cadeia. Sorte dele que meu avô nunca suspeitou da nossa relação íntima, ou teria uma terceira opção; amigos do vovô dariam um perdido nele para sempre. Isto eu não permitiria, ele ainda era o meu pai.

Aqueles foram os últimos dias dele no Brasil. Há anos está no “exílio”. Meses atrás recebi notícias suas, mas nada de revelador sobre o que andava fazendo. Sua vida continuava cheia de segredos.

Fim

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