terça-feira, 3 de julho de 2018

Capítulo 17 - Golpe de Mestre

Eu tentei abrir a porta novamente e disse que ele não tinha o direito de ir entrando assim sem ser convidado. O idiota puxou-me pelo braço e no mesmo impulso quase me jogou estatelada em minha cama. Começou a fazer ofensas gratuitas dizendo que eu era uma puta e ficava transando dentro de carros na porta de sua casa. Óbvio que era só dedução do sem noção, pois não seria possível ele ter visto através do vidro filmado do carro do Héctor. E eu nem transei de verdade, foram somente uns amassos gostosos.
— Eu não estava fazendo sexo dentro do carro, estava apenas conversando com um amigo — retruquei com os nervos a milhão.
Também o lembrei que não tinha satisfações para lhe dar, já que a vida era minha. O tiozinho ficou irado, disse que eu ainda estava devendo parte do aluguel daquele mês e queria receber naquele instante, ou seja, queria me comer em minha cama. Até parece que depois daquela invasão sem propósito, tanto em minha casa como em minha vida privada, eu deixaria aquele escroto deitar em minha cama e ainda por cima abriria as pernas pra ele.
Aquela quinzena já estava paga, eu disse, e que ele esperasse até a próxima semana para receber o restante. Pedi educadamente para se retirar, estava morrendo de dor de cabeça e precisava dormir um pouco.
O cretino não me ouvia, seu olhar demoníaco parecia o de uma pessoa possuída, provavelmente pelo espírito do seu bode bizarro. Comecei a desconfiar que aquele coroa se drogava, estava irreconhecível. O insensato chegou ao ponto de tentar me pegar à força, porém subestimou o meu poder de reação, eu lutei com o homem e usei os conhecimentos adquiridos nas aulas de defesa pessoal que tive com o hondurenho, torci o braço dele e o derrubei no chão. Não chegou a ser um ippon, hahaha, mas foi o suficiente para escapar dele. O homem levantou espumando de ódio, felizmente ele sentiu o braço direito (o que eu torci e dei o golpe) e ficou o apoiando com a mão esquerda enquanto vociferava insultos aos montes. Disse que eu iria me arrepender.

Mesmo assustada eu estava prontinha para dar um chute nas suas bolas se ele viesse pra cima novamente. Está para nascer o homem que irá bater em mim. O ameacei dizendo que ligaria para a polícia para denunciá-lo por agressão e tentativa de estupro. Ele foi sarcástico dizendo que a puta é que seria presa. Peguei o celular e ameacei ligar se ele não saísse do meu quarto imediatamente. O cubano retrucou mandando eu sair da sua casa até o final do dia, ou ele mandaria jogar a mim e as minhas coisas na rua. Aí eu fiquei muito brava, disquei o 911 e disse:
— Espera aí! Vou denunciá-lo já.
Ele levantou a mão rapidão pedindo com ênfase para eu esperar. Pareceu preocupar-se com a presença da polícia e foi mais flexível. Cancelei a chamada, mas fiquei com o dedo prontinho para teclar novamente o redial enquanto ouvia o cubano mudando o prazo da minha saída. Falou que eu tinha até o final do mês para sair, ele queria o quarto, pois já tinha um inquilino aguardando. Meu celular tocou, era uma mulher do distrito policial dizendo que ligaram daquele número. O seu Ramon olhou apreensivo para mim, retornei com meu olhar de levada e poderosa. Pedi desculpas para a mulher e menti que apertei errado o botão de discagem rápida. Confirmei que estava tudo bem e fora somente um engano. Ela encerrou a ligação.
O homem saiu ainda segurando o braço e com ódio estampado em sua cara de mau. Reafirmou que queria o quarto livre até dia 31 daquele mês de março.
Assim que ele saiu eu liguei para o Carlos pedindo ajuda, disse que discuti com o seu Ramon e queria mudar naquele domingo mesmo. Precisava deixar meus utensílios de cozinha, roupa de cama, banho e mesa na casa dele, se possível. Eu ficaria em um hotel até alugar outra casa. Não contei detalhes da discussão e nem disse que queria sair dali imediatamente por estar com medo que o cubano aprontasse alguma como vingança. Queria estar escoltada para não acontecer o pior durante a minha saída.
O Carlos não poderia vir, estava de serviço naquele dia e teria folga só na semana seguinte, mas o Xavier estava em casa, ele ligaria para o amigo e pediria para entrar em contato comigo. Minutos depois o Xavier ligou e ficou combinado que viria em uma hora. Pedi para ele trazer ferramentas para tirar a TV da parede (era presente do Héctor e eu não a deixaria para o tio do bode).
Pouco mais tarde o amigo chegou, desci correndo para recebê-lo e voltamos juntos para dentro. O cubano olhou para nós apreensivo e curioso. Apresentei o Xavier dizendo que era um policial amigo do Carlos, ele veio ajudar a levar minhas coisas, pois eu estava me mudando naquele instante. Falei que o mês de depósito que eu dei, ficaria para cobrir o aluguel dos dias restantes do mês. O tiozinho não conseguia disfarçar sua insatisfação e raiva, mas aceitou sem fazer exigências. Subi com o amigo para o meu quarto, ainda sob o olhar rancoroso do cubano.
Enquanto ele soltava a TV, eu terminei de fazer as malas e coloquei as miudezas junto com roupas de cama e banho em sacos de lixo, já que não tinha caixas.
Uma hora e meia depois, estando o Xavier ao meu lado, entreguei as chaves para o seu Ramon. O carro já estava abarrotado com todas as minhas coisas e nós pegamos a estrada rumo a sua casa, lá eu separaria o que levaria para o hotel, o restante só pegaria quando alugasse outra casa.
Após chegarmos, descarregamos as tranqueiras e as deixamos na garagem, separei as coisas que levaria naquele instante. Perguntei se poderia tomar um banho e trocar de roupa antes de ir. O amigo foi super gentil dizendo para eu ficar e passar o resto do dia e a noite lá. Na manhã seguinte eu estaria com as energias renovadas para começar a nova semana. Minha manhã de domingo realmente foi punk, já havia lhe dito, durante o nosso trajeto, que estava a mais de 24h sem dormir.
Enfim, aceitei a oferta e deixei minhas malas em um canto da sala. O simpático disse que eu fosse para o banho e depois repousasse um pouco, ele sairia para comprar o almoço para nós.
Tomei um banho rápido, estava mega cansada. Deitei na cama do Carlos enrolada na toalha, estava quase desmaiando de sono. Ainda tive o bom senso de tirar a toalha úmida para não molhar a cama do homem, cobri meu corpo nu com o lençol e apaguei.
Meu sono foi agitado, tive um pesadelo com o bode mal encarado e acordei assustada. O travesseiro estava úmido de suor, assim como meu corpo que ardia de calor, apesar de estar pelada e descoberta, já que o lençol estava quase todo no chão. Demorou um pouco para cair a ficha e descobrir em que cama estava. Procurei pela toalha que deixara ao lado e não a encontrei, queria tomar outra ducha rápida. Enrolei-me no lençol e fui até a sala, depois para a cozinha, foi onde encontrei o Xavier pegando uma cerveja na geladeira.
— Já acordou dorminhoca?
— Aff! Já é quase noite, dormi demais.
Perguntei se ele vira minha toalha. Ele respondeu que ao chegar com o almoço fora me chamar, mas vendo que eu dormia tão gostoso só pegou a toalha do chão e, como estava úmida, colocara para secar.
E será que eu já estava descoberta quando ele voltou? Questionei a mim mesma.
Aceitei a long neck oferecida por ele e também a toalha seca, que ele havia pego na área de serviço. O homem ainda não havia almoçado, estava me esperando acordar. Que fofo que ele é, né gente?

Continua…

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