sábado, 2 de janeiro de 2021

Orgias Noturnas (Caiu na Rede)

Sentia-me esgotada ao acordar de um sonho ruim. Respirei aliviada e permaneci de olhos fechados por causa da sonolência e do estômago revirando. Fiquei muito louca com a quantidade enorme de bebidas distribuídas naquela festinha da noite passada. Não sei se misturam alguma coisa nelas, nem até que horas rolaram as atividades sexuais naquele barzinho antes que apagasse de vez. Caralho! A cama parecia que balançava. Puta merda! Bateu um pânico ao pensar nisso, desconfiei que não estava em minha cama, nem em casa, os odores eram diferentes. Abri os olhos com dificuldade percebendo que não estava sozinha naquela espécie de leito. Havia dois homens nus, assim como eu, esparramados naquela cama improvisada. Olhei em volta, era evidente que estava dentro de um barco, ou então aquilo era um motel muito sofisticado e criativo, apesar de que nunca estive em um, ainda assim sabia como era. Tinha certeza de que estava acordada, então fiquei apavorada por ter dois caras estranhos ao meu lado: um negro e um pardo. A dupla não tinha relação com a turminha que brinquei, dancei e transei na festinha daquela última noite.
De mansinho e com todo o cuidado do mundo, tentei levantar sem acordá-los. Puta que pariu! Quase pisei no peito de outro que estava apagado sobre um colchonete ao meu lado. Também não reconhecia aquele alemão de pele avermelhada, tipo quarentão e com uma tatuagem enorme no tórax: era o busto de um rei com cara de caveira. Morri de medo. Fiquei em pé quietinha e olhei em volta procurando por meu vestido. Só consegui identificar roupas de homens, espalhadas em meio a garrafas vazias e tripés com iluminadores por todos os lados, no entanto, não vi nenhuma câmera. “Será que estes filhos da puta me filmaram?” Pensei. Nem me lembrava de ter entrado naquele barco, mas lembrava de ter ficado nua no barzinho durante a festa com as mulheres. O estabelecimento já havia fechado e a gente se divertiu com os vários acessórios que elas trouxeram. Acho que os brinquedinhos foram grandes demais pra mim, pois estava sentindo dores na região vaginal e principalmente na anal.
Ainda tomando o maior cuidado para não acordar o trio, subi com dificuldade os degraus até o convés.
“PUTA QUE PARIU!” Gritei em pensamento, pensei que estava em alto mar. Só via água ao redor, com exceção de uma área verde por detrás do barco, mas estava distante. “Hoje minha mãe me mata", pensei. Havia recebido permissão para ir ao niver de uma amiga, mas teria que voltar até onze e meia no máximo. Isso era o de menos no momento, já que nem sabia se a minha vida corria risco ou se um dia eu voltaria pra casa, já que os caras não pareciam ser do bem. Pareciam os noias do centro de São Paulo, se entopem de drogas durante a noite e de manhã ficam estirados na calçada de cara pro sol como se estivessem mortos. Cheia de instinto de sobrevivência decidi arriscar um nado até a vegetação. Quando pisasse em terra procuraria ajuda para sair dali o mais rápido possível.
Atentei que estava em uma represa e consegui descer até a água sem fazer barulho. Aff! Que água gelada. Não era uma excelente nadadora, mas sabia me virar bem, sempre gostei de piscina e mar. Afastei-me com braçadas suaves para não fazer barulho. Cheguei à margem umas cinco músicas depois; nadei cantando em pensamento para perder o medo e manter o foco nas braçadas. Estava exausta e deitei na margem para recuperar o fôlego. Imaginei que era por volta das seis da manhã, o sol estava começando a nascer. O banho foi bom, quando acordei em meio àqueles homens, estava fedendo e me sentindo como se tivesse recebido sêmen pelo corpo todo.
Não descansei nem dois minutos. Vi o barco se movendo e manobrando em minha direção. Apavorada engatinhei vegetação adentro. Não senti-me segura, suspeitei de que possuíam um binóculo e possivelmente me avistaram. Comecei a correr em frente o quanto foi possível seguindo por uma trilha em meio a vegetação menos intensa.
Depois de uns dez minutos cheguei em uma rua asfaltada. Na dúvida decidi ir para a direita, por parecer que me afastaria da represa. Não demorou e ouvi o barulho de uma moto, era um homem de aparência humilde, assim como a moto. Implorei quando chegou pertinho:
— Moço, me tira daqui, pelo amor de Deus!
Ele parou me olhando abismado, só então dei importância a minha nudez. Até então só havia pensado em fugir.
— Me leva rápido, moço, por favor! — falei aos prantos e juntando as mãos como se fizesse uma oração.
— Se ajeita aí atrás moça! — disse ele avançado o corpo para cima do tanque de combustível e apontou para o vão entre uma caixa com verduras e suas costas.
Sentei no pequeno espaço e o abracei pela cintura. Ele saiu a seguir e timidamente começou a fazer perguntas sobre o que havia acontecido comigo. Menti que passeava de barco com uns conhecidos, mas os caras ficaram bêbados, drogados e violentos. Desconfiei que eram traficantes e perigosos, então fugi do barco. Era melhor não procurar a polícia, falei temerosa, posto que o homem acabara de sugerir isso.
Entramos em uma área mais urbanizada com comércios, moradias e pessoas em um ponto de ônibus. Foram inúmeros os assobios e gracinhas que ouvimos. Ele foi para sua casa. Na frente tinha um pequeno comércio (uma quitanda). Disse que sua mulher não estava, trabalhava como diarista. Sua filha de 12 anos e o filho de 10 saíram cedo com a mãe, estudavam em um bairro próximo.
Aquela represa era a de Guarapiranga, fiquei sabendo por ele. Dei um tempo em sua casa na esperança de que os caras do barco sumissem da área. Usei seu telefone para tranquilizar a mamãe, mas a deixei mais nervosa, já que tomei o maior esporro e a ameaça de não receber a minha mesada daquele mês. Que Porra!

Precisava arrumar um jeito de agradecer o homem, já que ainda necessitava de sua ajuda. No entanto, ele parecia estar querendo me despachar o mais rápido possível, talvez por medo de fofocas ou por timidez. Fui bem carinhosa com ele, a ponto de descer suas calças e fazer um boquete no homem. Acho que ele só precisava de um impulso, já que de imediato passamos pra cama do casal e fizemos amor, um papai e mamãe clássico. Não senti nenhum constrangimento em usar meu corpo como moeda de troca, era um agradecimento pela carona e ainda consegui um shorts, uma blusa e chinelos havaianas, pertencentes à filha dele. Não poderia ir embora pelada, né? A esposa era evangélica e enorme, pelo que eu vi no guarda-roupas, e dentro dos seus vestidos caberiam três de mim, além de serem bem caretas. Ainda consegui uns trocados para a condução.

Fui pra casa ainda assustada e pensando em tudo que lembrava daquela noite estranha:
Recordava com clareza que no início da noite parti pra balada de aniversário de uma amiga. Caminhava apressada pela avenida tentando chegar ao salão de festas antes que caísse a tempestade que se anunciava através do vento com o cheiro característico e os trovões cada vez mais fortes. Droga! Os pingos começaram bem antes que eu chegasse. A seguir desabou um aguaceiro danado. Estava no quarteirão dos bares noturnos e abriguei-me sob o toldo de um deles. Uma dona aparentava impaciência olhando de um lado para o outro e também para o relógio. Ela puxou conversa:
— Vai cair o mundo, né?
— Vai mesmo, tô ferrada, não sei como vou chegar ao salão.
— No Mambo?
— É, vou no niver de uma amiga.
— Aqui tem uma festa lésbica legal. A minha acompanhante está atrasada e não deve chegar mais. Quer me fazer companhia?
Fui surpreendida com seu comentário sem rodeios, até achei que fosse brincadeira.
Os raios ficaram frequentes e assustadores. Nesse ínterim, ela fez uma explanação completa de que a festa foi organizada por duas mulheres casadas que se apaixonaram e se assumiram como gays. Ambas pediram a separação dos maridos e decidiram morar juntas.
— Uma festinha de comemoração só para as amigas e conhecidas mais liberais… Assim como eu, está acontecendo lá dentro. Vem comigo, amor! Não está a fim de uns drinks e um pouco de diversão?
Enfim, aceitei o convite, porque além de estar morrendo de medo dos raios, também fiquei excitada pensando no que poderia rolar naquele bar.

Foram muitas surpresas boas. Curti de montão a música alegre e agitada, e as brincadeiras picantes daquela baladinha. Adoro uma farra e também amo fazer sexo, porém, ser uma novinha em meio a muitas mulheres maduras, sendo que a maioria parecia bem liberal e ativas, fez com que eu, sendo a mais inexperiente, acabasse sendo a mais solicitada para ser a passiva. Fui “atacada” por quatro ou cinco ao mesmo tempo. Também fui muito penetrada por brinquedinhos diversos. Alguns “duplinhos” imensos me pegaram por trás e pela frente ao mesmo tempo. A festa particular do bar de portas arriadas virou uma festa do cabide com todas as mulheres nuas.

Estava adorando aquele barato diferente, também sentia-me muito louca quando aquela dona da portaria me chamou para acompanhá-la ao banheiro. Recordo de ter aceitado uma pílula que era só para evitar a ressaca, segundo ela — tá bom! Sei que dei mole — e depois recebi uma proposta:
— Quer ganhar dois mil reais fácil?
— Dinheiro fácil é bom, mas depende do que tenho que fazer — respondi já bem zonza, e não era só pela bebida, acho que caí no golpe do “Boa noite, Cinderela”.
Antes de apagar ainda lembro de tê-la ouvido falar com alguém:
— Não era este o valor combinado — a seguir o som de um tapa e um grito feminino.
No mais, daquela noite, além da diversão com as donas, ficou em minha memória muitas dores sentidas em minha bunda e em meu corpo todo enquanto minha visão era ofuscada por luzes fortes e por vezes, flashes luminosos, tipo de câmeras fotográficas, e seguidos de risos masculinos. Nada mais recordo que fosse anterior ao meu despertar no barco.
Puta merda! Desconfio que além de ter sido estuprada a noite toda por três bandidos, ainda serei a mais nova estrela nos sites de pornografia, e sem receber honorários.
Tô fodida!

Fim… Por enquanto.

Um comentário:

  1. Que delícia seu conto , vc virou o mundo de cabeça pra baixo , com três ou quatro histórias. Te amo dlçinha

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