domingo, 1 de junho de 2025

Almas Gêmeas - Parte 3

>> NO DIA SEGUINTE, ao meu quase atropelamento pelo doutor Enrique, ainda sentia um incômodo no tornozelo.

Após tomar seu café, minha tia Neide saiu da cozinha. Fiquei apenas dois minutos a sós com meu tio Armando, mas o tarado não perdeu a oportunidade de me encoxar enquanto eu estava na pia.
— Para com isso, tio, eu agora estou namorando sério.
— O que é isso, menina? Você é muito nova para arrumar compromisso. Quem é o folgado do moleque?
— Não é moleque, é um rapaz responsável e já trabalha.
— Não, senhora, não vou deixar um marmanjo se aproveitar de você. Me diz quem é, quero falar com ele.
— Não digo, pois na certa você faria ele terminar comigo.

“Até parece, que este cínico está preocupado com o bem-estar da sobrinha.”
“É evidente que a intenção do depravado é ter esse corpo novinho só para ele.”

Aproveitei quando meu primo Vitor — é o mais velho, tem 12 anos — entrou na cozinha, fui para o meu quarto me arrumar para sair.
Inventei essa história do namorado só para judiar desse meu tio pervertido.


Relâmpago Providencial

No início da tarde, liguei para o doutor e combinamos que eu estaria no seu consultório logo após o término das aulas. Ele disse que a bike já estaria à disposição.

No comecinho da noite, durante o trajeto até o médico, senti um odor peculiar de chuva ao ser surpreendida por uma mudança repentina do tempo, escureceu em segundos e desabou um aguaceiro. Não encontrei uma marquise para me abrigar naquela rua onde predominam os casarões.

“Fala sério, por que não anda com a sombrinha na mochila?”
“Porque faz peso. Que raiva, como é irritante.”

Cheguei à residência, era uma casa de gente bacana, muro e portão altos sem nenhuma identificação de consultório ou similares.
— Entra! — respondeu-me o doutor pelo interfone, simultaneamente ao som magnético da trava do portão.
Estava ensopada ao adentrar a varanda e, além do tornozelo, agora também sentia pontadas agudas na panturrilha. Fui acolhida pelo homem de aparência atlética, olhos escuros muito vivos, pardo com cerca de 1,80m. Sua preocupação inicial foi “ordenar” que eu tirasse a roupa molhada antes que ficasse resfriada.

“Que apressadinho, né? — Será que hoje termina o celibatário?” — falei em pensamento e ri por dentro.
“Você não me banque a vadia!”

Ele me emprestou uma toalha, um jaleco e indicou-me o banheiro. Aquele consultório era uma extensão da casa em que morava.

Ouvi sua conversa ao telefone quando eu retornava à sala de consulta trajando apenas o jaleco. Soube que estávamos sozinhos, em razão de ele ter encerrado o trabalho mais cedo e sua mãe havia saído, segundo disse ele.
— A Alice saiu com meu carro hoje, o dela está no rodízio — falou para seu interlocutor e desligou após as despedidas.
Aproximei-me dele morrendo de curiosidade em saber quem era a tal de Alice, mas no instante seguinte eu gelei de tão apavorada ouvindo o sibilar "ardido" de um raio poderoso que rasgou o céu. Abracei e grudei no bonitão com meus olhos fechados, esperando o estrondo inevitável que veio imediato, estremecendo tudo.
— Desculpa, mas eu tenho pavor de raio e trovão — falei com sinceridade após o estrondo.
Nos encaramos ainda abraçados, ouvindo a chuva que virou temporal. O clima daquele fim de tarde havia mudado radicalmente, o pé d'água caía sem dó. Eu já estava molhadinha, não mais pela chuva, mas pelo calor daquele corpo másculo colado ao meu, e seu olhar sedutor e cheio de desejos me convidando a fazer amor. Não ouvia mais a voz interior condenando a minha entrega fácil, afinal, o doutor é fofo demais.
O primeiro beijo aconteceu com minha total conivência, meus desejos estavam fluindo a milhão.
Após novo raio violento que caiu muito perto, acabou a energia simultaneamente ao rugir do trovão. A luz de emergência da sala deixou o ambiente à meia-luz, foi como um convite para carícias mais apimentadas. Com gestos carinhosos, ele me acomodou deitada sobre a mesa e recebi o calor de mãos e boca em meus seios após os botões serem abertos. A minha nudez era revelada enquanto a boca morna e ativa percorria o caminho do meu ventre para parar em meu sexo. Culminou num oral de me fazer gemer sem pudor. Gozei feliz da vida, contorcendo o corpo como um réptil.
Retribui o oral deitando de bruços e engolindo seu membro conforme a pressão de sua mão exigia, ela estava agarrada aos meus cabelos, enquanto a outra mão praticava safadezas em minha bunda e vagina.
Ele não chegou ao gozo, guardou suas energias. Fui posicionada de pés no chão e curvada de bruços na mesa, a expectativa da penetração foi dobrada, até minha voz interior calou-se. Foi incrível ao receber o homem por trás, receber suas carícias, ouvi-lo sussurrando elogios e penetrando suavemente. Ahh! A primeira enterrada é sempre a mais gostosa, o sentimento de êxtase a cada espacinho da boceta sendo preenchido por sua vara foi divino. Seu corpo fundiu-se ao meu por inteiro e, durante minutos, levei uma saraivada de estocadas em meu sexo apertadinho que arrancaram meus gritinhos e gemidos mais profundos.
Cheguei ao meu segundo momento de clímax, isso foi imediatamente após seu gozo. A sensação de prazer sem fim perdurou durante todo o tempo em que ele continuou mexendo dentro de mim, mesmo com a camisinha cheia… Até que ele gozou novamente, me deixando molinha, feliz e saciada.
Senti seu pênis à meia-carga quando ele tirou. No entanto, o preservativo ficou dentro do meu sexo novinho. Procurei o preservativo lá dentro com a ponta dos dedos, puxei e entreguei para ele, que estava com uma carinha de preocupado e encabulado. Seu sorriso pareceu-me de alívio ao ver a borrachinha ainda cheia de porra.
— Foi demais, você quase parou meu coração! — falei e nos beijamos como se nos agradecêssemos mutuamente pelos momentos divinos.
Só então ele me perguntou:
— Desculpe, linda, mas quantos anos você tem?
— Quantos você acha que eu tenho?
— Não brinca, garota, você é menor de idade?
— Fica tranquilo, faço 18 no dia 5, mas já sou emancipada.
— Você aparenta ser tão novinha, seu corpo não condiz com sua idade.
— Como você sabe, costuma pegar novinhas? — falei, zoando.
— Claro que não, sei porque sou médico, esqueceu? — disse ele, parecendo ofendido.
— Desculpa, vai, só estava brincando.
— Não tem de quê, meu anjo, não há como ficar zangado com a gatinha mais linda e carinhosa do mundo.
Amei ser elogiada pelo bonitão, se ele continuasse naquele ritmo, eu não iria largar do seu pé. Torcia para que voltasse a rolar alguma diversão entre nós futuramente. Agradeci, deixando transbordar toda minha malícia:
— Você é muito fofo, se acabar sempre assim, eu deixo você me atropelar todos os dias, se quiser — disse e rimos juntos.
Seu telefone tocou. Ele atendeu e chamou a pessoa de amor. Era alguém com o carro em uma rua alagada.
Após se informar sobre o local, encerrou a ligação. Comunicou-me que precisava socorrer sua noiva presa na enchente. A palavra noiva abalou um pouco a minha expectativa.

“Cachorro! Sabia que era uma roubada.”
“Fica fria, ainda viro esse jogo, me aguarde.”

Ele mostrou a mão direita, talvez por perceber minha dúvida:
— Eu não uso aliança por causa desses assaltos recentes — disse, justificando.
Eu apenas concordei com o olhar e um leve gesto de cabeça. Estava envergonhada por pensar que ele tentou ocultar seu compromisso.

Eu não quis levar a bike na chuva, meu plano era gerar um motivo para um novo encontro.
— Eu pegarei na segunda, de noitinha, se não for problema.
— Assim está ótimo, ficarei te esperando — disse ele com animação e acariciando meu rosto. Beijei sua mão e ganhei outro beijo. Isso renovou minha esperança de conquista.

Fui com ele na garupa da moto até a casa dos meus tios. Tirei rapidinho o capacete e o macacão de chuva, ele enfiou tudo no bagageiro da moto e seguiu viagem.
— Foi gostoso demais, fala a verdade — falei alto, sem perceber, por conta do meu entusiasmo. No segundo seguinte, a inconveniente da minha tia Neide abriu a porta quando eu já tocava na maçaneta.
— Falando sozinha de novo? — disse ela com sarcasmo.
Não respondi, ela não conseguiria estragar minha noite.
— Que roupa é essa? Virou enfermeira?
Simplifiquei a história da perna dolorida que me levou a uma consulta médica. Finalizei dizendo que fiquei encharcada com a chuva e gentilmente a recepcionista do consultório me emprestou um jaleco.
Se ela acreditou ou não, pouco me importou.

Continua.


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