terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Parte 2 - Morte Súbita

O golpe do "Boa Noite, Cinderela" já deu errado algumas vezes: ou a vítima, por algum motivo não ingeriu a bebida com a droga, ou o cidadão não tinha grana e só estava ali aparentando ter, em razão da diária do hotel e suas despesas serem pagas pelo seu empregador. Eram tipos que viviam de aparências ostentando Rolex e joias tão falsas quanto notas de trinta dólares.


Além dela administrar alguns contratempos financeiros, certa vez, um indivíduo atento e impiedoso, flagrou a garota quando ela tentava inserir a droga na bebida dele. Nessa ocasião ela agia sozinha e ficou à mercê da reação violenta do homem.

Ela só não ficou toda arrebentada e ainda poderia ser presa, porque conseguiu fugir do quarto correndo pelada pelos corredores do hotel. Foi barrada por um segurança próximo à área da piscina.

— Hey, que pasa! — não pode nadar desnuda — falou autoritário o homem de terno.

A profissional precisou usar seus dotes teatrais e poder de sedução para convencer o fortão a ajudá-la. Fingindo choro e falso tremores, abraçou o grandalhão pelo tórax e implorou:

— Salva a minha vida, pelo amor de Deus, moço! — a mulher do deputado me flagrou na cama com ele, tive sorte em sair do quarto ainda com vida — por favor, me ajuda!

O homem achou estranha aquela história, também achou melhor não se envolver em assuntos conjugais. Além disso, sua líbido elevou-se com o contato do corpo jovem e nu aninhado ao dele. Não pensou nas consequências ao levar a moça para o quartinho da segurança.


A garota soube como agradecer a ajuda ao usar seu corpo como moeda de troca e proporcionar ao segurança um quarto de hora de carícias íntimas e prazeres sexuais.

Após os minutos de gozo e satisfação, ele furtou um uniforme de camareira para a moça poder sair em segurança do prédio.


Acontecia assim, a estratégia não era perfeita e nem sempre era possível a participação de garçons e barmans de hotéis e casas noturnas nos truques aplicados. Vez ou outra ficava a cargo dela adicionar o coquetel de drogas na bebida, com isso, aumentava o risco do cara perceber o golpe. Ainda assim, a garota concluía com sucesso a maioria das tentativas e desaparecia sem deixar rastros. Quando a vítima acordava e percebia a falta dos seus pertences, era raro procurar a polícia para registrar queixa, pois a droga causava amnésia em muitas delas, impedindo a pessoa de recordar ou ter a certeza de todo o ocorrido. Ademais, são personagens ligados à política, igrejas, indústrias e outros. Seus nomes e imagens circulam diariamente pelas mídias sociais. Além de serem pessoas casadas em sua maioria. Não seria sensato expor suas privacidades revelando seus encontros com prostitutas, é algo para esconder do seu cônjuge e principalmente do grande público. 


Natasha era só um dos muitos pseudônimos usados em seus golpes, e os praticava não só pelo dinheiro. A garota ardilosa curtia o ilegal e quebrar regras: "A emoção dos momentos de tensão são melhores que orgasmos", dizia ela.

Embora o perigo fosse constante, os problemas e contratempos não eram frequentes. E os lucros obtidos compensavam os riscos e alguns possíveis fracassos.


***


O concierge de um hotel renomado solicitava os meus serviços com frequência, tínhamos uma parceria. Ele ligou para o meu celular e ofereceu um trabalho irrecusável para ser feito naquele dia; eu poderia ficar com todo o lucro obtido do golpe, com a condição de conseguir dois itens específicos para ele.

A cumplicidade com um parceiro bem relacionado, tanto no comércio formal quanto no alternativo, facilitava para encontrar os possíveis alvos, ou seja, homens com dinheiro à procura de diversão sexual e que fossem aparentemente inofensivos.


Teria ainda algumas horas para preparar meu novo disfarce após ter recebido as informações sobre aquele trabalho. A variedade dos lugares escolhidos para a trama e o tempo gasto na criação de um rosto diferente a cada dia, era fundamental para não ser reconhecida. A transformação começava com uma maquiagem ousada e super carregada, uma peruca, ou até mesmo tintura nos cabelos, cílios postiços e lentes de contato com cores diversas.

Além de produzir um rosto diferente e uma identidade nova, minhas roupas eram propositalmente provocantes com a intenção de chamar a atenção para as outras partes do meu corpo e, não, para o meu rosto.


Mais tarde, no hotel onde daríamos o golpe, participei de uma reunião rápida com o concierge e um conhecido dele, ao qual fui apresentada naquele instante. O quarentão trajando preto foi o último a falar, mas quando o tipo sério e de aparência fria expôs seus argumentos, ficou evidente sobre quem seria o chefe do trio.


Meu trabalho era divertir sexualmente, drogar, pegar a grana e demais pertences de um privilegiado financeiramente como sempre fazia. Dessa vez, também precisaria retirar da vítima o ticket de entrada de um estacionamento e a chave de um carro com o controle remoto do alarme. Os dois itens eram os mais importantes, só se obtivesse sucesso poderia ficar com os outros valores conquistados no roubo.


Os comparsas não informaram para Julinha — era o nome usado por ela naquele golpe — que aquele serviço era algo grande e fora dos padrões de sua costumeira atuação, envolvia pessoas graúdas e de poder. Também não estava descartada a possibilidade dela morrer. Até onde ela sabia, seria um golpe normal e renderia alguns poucos milhares de reais.


Fui orientada pelos caras para interpretar o papel de uma estudante de doze anos, em razão do empresário ter fama de pedófilo e só se satisfazer com novinhas. Até um uniforme escolar com minissaia xadrez e camisa branca eu trouxe e vesti na hora. Fiz um penteado tipo Maria Chiquinha e fui à luta.

Toquei a campainha do quarto, o homem abriu de imediato e examinou-me de cima a baixo.

— Você parece muito novinha, tem mesmo 18 anos? — A expressão do seu rosto era de quem esperava por uma confirmação. Acenei com a cabeça dando a entender que sim, e mostrei uma carteirinha escolar, falsa, claro. Já havia sido informada sobre a ficha criminal do safado, era alvo de uma investigação sobre pedofilia e precisava controlar seus instintos e não se envolver com menores.

O cara fechou a porta e começou com o joguinho de fantasia.

— Fala a verdade, quantos aninhos o anjinho tem?

— Doze, tio.

— Safadinha, mentirosa, vem aqui no meu colo, você merece umas palmadas!

Ele me deitou de bruços sobre suas pernas, levantou minha saia e deu palmadas na minha bunda. Nada exagerado, eu até curti. Depois puxou a minha calcinha até passá-la pelos meus pés, alisou carinhosamente e deu alguns beijinhos no meu bumbum. Mas de repente sua atitude ficou agressiva e até parecia outro homem, deu-me uns tapas doídos enquanto falava palavrões me chamando de putinha vadia. Jogou-me com brutalidade na cama e começou a remover o cinto das suas calças. Achei que ele iria me agredir, pensei logo em pegar algo para acertar a cara daquele imbecil, foda-se o dinheiro e o trabalho.

Ouvi o som da campainha, um, dois, três toques seguidos, ele largou o cinto e com cara de contrariado atendeu a porta. Era o concierge, trouxe uma bandeja com duas margaritas e frios aperitivos.

— É cortesia da casa — explicou.

O homem não liberou a entrada, pegou a bandeja, agradeceu mal-humorado e fechou a porta. Após colocar sobre uma mesa, ele me ofereceu uma das bebidas. Inventei um problema no meu fígado e a impossibilidade de ingerir álcool. Ele sorveu o conteúdo de um copo de uma só vez. Em seguida judiou de mim em um anal sem fim com seu pênis estupidamente grosso que me fez chorar, e ainda socava seus dedos em minha boceta. Durante a transa animalesca o pedófilo se vangloriava confessando “possuir” garotas mais novas, mas elas não choravam tanto quanto eu. “Esse escroto pervertido talvez só sinta prazer abusando de vulneráveis”, pensei com raiva. O safado exigia que eu imitasse a voz de menininhas.


Enfim, ele chegou ao orgasmo. Após o estrago feito no meu ânus, felizmente começou a demonstrar o efeito da droga ingerida. Continuei cumprindo o meu papel de maneira despretensiosa e comecei a arrancar as informações necessárias.

O homem parecia animado, pois mal havia recuperado o fôlego da primeira transa, virou o segundo drink garganta adentro e veio pra cima de mim em um papai e mamãe… Que não durou muito. O cara apagou em cima de mim após dar algumas bombadas e um gemido longo. Mas ele nem chegou ao orgasmo, seu negócio ainda estava duro e enterrado em minhas entranhas. Lutei um round inteiro com o corpo inerte do coroa, foi dureza sair debaixo daquele traste. Só então obtive a certeza da minha suspeita...

— PQP! O BOFE MORREU — gritei pulando da cama.

"Fodeu! Vai dar merda essa porra". Pensei. Precisava avisar os parceiros e sair fora rapidão.

Enquanto vestia minhas roupas, falei comigo mesma:

— Fui eu ou a segunda margarita com drogas que foi demais para o coração dele?


Continua...


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