segunda-feira, 14 de julho de 2025

Almas Gêmeas - Parte 9

<< MANHÃ DE SÁBADO, 04 de junho, véspera do meu aniversário, também o da minha irmã, contudo, ela é três anos mais nova, como já disse.
Havia findado a minha quarta semana no ateliê do mestre Vilânio, acordei no alojamento do instituto e continuei na cama por mais alguns minutos, refletindo sobre o ocorrido neste quase um mês de treinamento remunerado.
Era assustador o que havia ocorrido no quarto secreto, principalmente nas três últimas sextas-feiras, não acreditava que fosse capaz de fazer tudo aquilo. Uma parte de mim estava envergonhada; a outra, admirada, mas nem um pouquinho arrependida: “Foi muito louco e animalesco, entretanto, foi bom demais”. Não conseguia evitar o sorriso bobo ao pensar nos momentos impactantes, os quais saíram do controle, superando o imaginado.
Além das lembranças, a sensação era como se permanecessem no ar os odores das interações intensas praticadas no palco, assim como sobre a mesa de “sacrifícios”.

As cenas surreais apresentadas diante dos meus olhos — ocorridas durante o “trabalho”, dentro daquele mini teatro secreto — eram imagens projetadas em meu inconsciente, devido às propriedades do alucinógeno. Eu sabia disso. Situação semelhante ocorre nos sonhos, ou seja, nós sabemos que a pessoa com quem estamos interagindo, na verdade, não corresponde à imagem apresentada.

Quanto ao meu tato e olfato durante tais acontecimentos, eles funcionavam normalmente, era capaz de reconhecer todos os odores, texturas e volumes interagindo comigo.
Após o estado de “sonambulismo”, quem havia me possuído e os detalhes de todo o ato permaneceram muito claros em minha mente.
O engraçado era o despertar na manhã seguinte, o meu subconsciente, propositalmente, trazia à memória apenas imagens desfocadas e nebulosas. Além de sons incompreensíveis. Inconscientemente, fingia não me lembrar dos detalhes abusivos da depravação, ou então, substituía os atores, pois sentia vergonha da minha cumplicidade e do meu sentimento de plena satisfação durante a prática daqueles atos de pura perversão. Fiquei assustada com o despertar do meu instinto selvagem, isso desencadeou uma total desinibição para a prática de atos explícitos e não convencionais durante o estado de torpor. A satisfação sexual acabou sendo a minha meta principal e o prazer é amplificado quando o ato é considerado ilícito, afrontando as convenções sociais.

São esses detalhes bons — os que propiciam “momentos felizes” — que me ajudam a suportar toda a humilhação, ameaças e abusos sofridos naquele universo. Procuro aproveitar ao máximo cada instante de prazer para torná-los inesquecíveis. Óbvio que a minha submissão é para a proteção dos meus entes queridos, isso vem em primeiro lugar.

A inspetora Berta, quando aproveitou a oportunidade do meu deslize e me escolheu para o “treinamento”, com certeza procurava alguém dispondo de propriedades específicas — propriedades devassas, eu deduzi, as quais eu ainda me negava possuir, embora me tocasse idealizando fantasias indecorosas — Ela enxergou isso em mim e esse detalhe deveria ser o critério mais importante para preencher essa vaga única no ateliê.

Próximo das 6h30, embarquei no ônibus escolar rumo a Mogi. Ele faz essa viagem matinal para buscar os participantes das atividades de fim de semana no instituto. Eu aproveito a carona. Na segunda-feira de manhã, eu retornaria no mesmo ônibus, em companhia da minha irmã.

Cheguei em casa para passar o fim de semana. Na mochila levava o meu primeiro pagamento.

Minutos depois, fui ao shopping com a Giovana, compraria um presente de aniversário para ela e outro para mim.

Após as compras, enquanto tomávamos um lanche, minha irmã veio com uma conversa estranha.
— A turminha do mal disse que você fica horas posando numa sala fechada e sozinha com o professor. O papai e a mamãe não sabem disso, né?
— Eita bando de gente invejosa e fofoqueira, aff! É fechado porque eu poso para obras de arte exclusivas, encomendadas por clientes especiais, ou seja, não serão expostas ao público.
— Caraca, Gisa! É verdade, então, que você está posando?
“Fodeu! Falei demais.”
— É, mas é segredo.
— E por que ninguém pode ver as obras? Ele pinta você pelada, por acaso?
— Magina, Gi, claro que não. É só frescura e exigência desse pessoal cheio de grana. “Gente estilista”, diria a mamãe.
— Ela diz “elitista”.
— Foi o que eu disse.
— Não foi, não.
— Você não comentou isso em casa, né, Gi?
— Claro que não, né? Mas o tio Agenor deve saber. E se ele falar?
— Ele não vai falar.
— Como você sabe?
— Sei lá, só sei. Mas, enfim, eu estudo como também trabalho honestamente, assim consigo comprar esses presentes para nós e te dar algum dinheiro. Se você contar para eles e me tirarem do treinamento, nós duas perdemos.
— Eu não vou contar nada, Gisa, fica fria.
A seguir, falei demais novamente, ao comparar as pinturas do professor com as da Capela Sistina: “…tem um tom sacro, me retratando como um anjo”. Quase gargalhei ao me comparar a um anjo.
— Ah, Gisa! Me leva lá para ele me pintar também. Eu queria tanto ter um quadro assim. — Nem precisa me pagar nada.
— Não vai dar, você é muito novinha para ser pintada pelo mestre.
— Por quê? — perguntou com assombro. — Tô começando mesmo a achar que você posa pelada.
— Para de neura, Gi! É que não tem mais exceção; a partir deste mês, é preciso ter 16 anos completos para iniciar no ensino remunerado.
— Mas não quero me matricular, só quero um quadro.
— Eu sei, mas esse lance não rola assim. — Você entendeu, né?
— Não!
— O que você não entendeu?
— O porquê eu não posso ir lá.
— Quem disse que não pode?
— Você, ora bolas!
— Tá bom! Eu te levo como visita, qualquer dia desses.
— Então, jura.
— Eu juro, mas a sua entrada vai depender do mestre, torça para ele estar de bom humor e gostar de você.
— Você acha que ele vai gostar de mim, Gisa?
— Se ele perceber o quanto você é chata, não.
Ela fez carinha de triste.
— Sua boba, ele vai gostar de você, sim. Mas se você esperar eu aprender mais um pouquinho, eu mesma pinto você.
— Vixi! Até você aprender, eu já estarei velhinha.
— Vai zoando, vai!

Jurei em falso e fiz promessas impossíveis de cumprir, tudo para manter seu silêncio. Já imaginou se ela soubesse o que realmente acontece naquele setor privado do ateliê? Não quero nem imaginar.
No entanto, no fundo, meu medo dela se aproximar do ateliê era o risco do coroa se interessar por minha irmã e também recrutá-la.
Proteger a caçula, evitando que também se tornasse uma escrava, era mais uma das minhas tarefas.



O Conde

<< OCORRERAM MUDANÇAS naquela noite de sexta-feira, o Rottweiler não participaria dos trabalhos, fiquei sozinha com o mestre no quarto secreto. O sentimento de frustração deveria estar estampado no meu rosto, apesar do esforço em não demonstrar. “Será que me apaixonei pelo peludo?” Questionei-me em pensamento, sentindo a falta do Amir.

Ganhei um figurino novo para a ocasião, achei lindo demais: vestido de renda, delicado, solto, costas nuas e quase tão transparente quanto a túnica costumeira. A exceção era o bojo com aplicações de miçangas acobertando meus seios. A calcinha de rendinha era tão delicada quanto.
Deitei-me na mesa dos sacrifícios. A pedra rústica, apesar de ser coberta por um tapete tatame, não era lá muito confortável.
O professor apagou as luzes e deixou apenas um refletor iluminando o altar.

Após uma série de fotos com duração de uns míseros minutos, o artista se afastou. Sumiu na escuridão e fez-se um silêncio total.
Passado algum tempo de um silêncio incômodo, de repente, som de passos ressoavam vindos da porta em minha direção. Fiquei apreensiva, em razão de o mestre usar sapatilhas e não produzir sons ao caminhar. Sentei e forcei as vistas, mas não consegui ver quem era.
A situação era torturante, pois desde o início do meu treinamento, ninguém, além do professor, eu e o Amir, havia entrado na sala durante os “trabalhos”. O refletor ofuscava minha visão, já estava propensa a chamar pelo mestre quando o ouvi dizer:
— Hoje temos uma visita ilustre, minha querida, seja gentil e obedeça a tudo que lhe for ordenado.
A quem obedecerei? O que ele quer comigo?
Certas situações, como essa de enfrentar algo novo e desconhecido, eram angustiantes. Não era informada com antecedência, não podia perguntar nada durante o acontecimento e ainda era obrigada a obedecer a ordens abusivas e bizarras. Esperava pelo pior, pois quando ele me dava o potente chá escuro, é porque a parada seria punk.
A situação deixou-me ansiosa e com medo do que viria a seguir. Principalmente quando surgiu da escuridão um vulto amedrontador passando ao lado do refletor. Estremeci. Parecia um enorme morcego enrolado em suas asas. Quando ele chegou pertinho, meu sangue gelou, mesmo estando em estado expansivo e entorpecido. Era um homem de visual sinistro, uma máscara cobrindo todo o rosto, o capuz negro era uma extensão da capa, deixando sua fisionomia ainda mais amedrontadora. Aquele ser estranho lembrava o conde Drácula.
“Jesus! Ele é um vampiro”, pensei desorientada.
Ele chegou bem próximo e falou:
— Não tema, não sou um vampiro.
“Será que ele leu meu pensamento?”, pensei assombrada.
Sua voz, mesmo abafada pela máscara, pareceu-me familiar. Fiquei atônita com a presença daquela figura, ainda mais quando ele abriu sua capa como se fosse voar. Só que não, era somente para exibir sua nudez por baixo dela. O corpo de estatura média era de alguém muito acima dos 50 anos. Aproximou-se e subiu o primeiro degrau da plataforma, acariciando seu pinto e ficando tão próximo do meu rosto, que eu pude sentir a maciez da glande tocando em meus lábios. Seus gestos forçaram um boquete.
Havia algo naquele homem, não saberia explicar se era uma energia esotérica ou uma capacidade de hipnotizar-me. O certo é que me deixou totalmente à vontade, e também submissa. Acariciando seu pinto curvado como uma banana, dei beijinhos, lambidas e abocanhei-o, chupando-o e engolindo-o até onde conseguia.

Pouco depois, o homem de poucas palavras e cheio de gestos, sinalizou para eu ir para o lado, então subiu o segundo degrau e ficou ajoelhado sobre a mesa. Fez sinal para eu virar de costas e me pôs de quatro.
— Não olhe para trás — disse num tom autoritário.
Ele tirou a máscara, deduzi pelo som, se posicionou atrás de mim, alisou e apertou minha bunda. Sem pressa, levantou meu vestido e deu outros apertos e tapinhas. Suas mãos percorreram de cima a baixo, fazendo carícias em meu corpo e retirando a minha calcinha.
Levantei uma perna, depois a outra e fiquei sem minha lingerie. Gemi em seguida, sentindo suas mãos apertando e arreganhando minha bunda. Sua boca voraz me sugou e inseriu sua língua firme e pontiaguda no meu ânus.
Talvez, se estivesse lúcida, eu teria ficado indignada por ser usada como um pedaço de carne. Mas ainda assim obedeceria, pois, sabia quais consequências acarretaria a minha suposta negativa. Porém, naquele estado de êxtase e com o desejo florescendo, acabei me rendendo ao meu algoz e ansiava ser possuída de todos os modos, mesmo me causando dor. Só queria ter momentos felizes e gozar muito.

Foi um oral gostoso, mas não me levou ao orgasmo, ele tinha outros planos, deduzi. O coroa me encoxou, deitando seu corpo sobre o meu sem fazer peso. Com seu pinto alojado entre minhas pernas, ele enfiou as mãos por dentro do bojo do vestido e amassou meus peitos nus. Não falou nada enquanto praticava a bolinação, mas provocou um momento de terror. Foi quando senti o calor do seu hálito em meu pescoço e sua boca tocando a minha pele sobre a jugular. Fiquei imobilizada pensando no pior, mas felizmente não me mordeu, apenas beijou e chupou levemente.
A seguir, ele levantou o tronco e pincelou, demoradamente, a cabeça do seu membro no meu ânus ainda encharcado com sua baba. Deus! Ele me torturou por minutos, esfregando a glande em meu rego. A ansiedade me consumia, desejando que ele enfiasse logo para acabar com a minha agonia.
O momento chegou… Ohhh! Uma dor da porra causou-me arrependimento, mas era tarde demais, estava quase tudo dentro. Suas mãos, agarradas em minha cintura, manobravam meu corpo que se contorcia de dor. Eu gemi e chorei como uma cadelinha, levando estocadas sádicas.
Instantes depois, surpreendi a mim mesma, mexendo a bunda em seu pau feito uma louca e ainda querendo ser golpeada com mais força. A dor se transformou num deleite e senti-me envergonhada da minha participação despudorada. Seus dedos tocaram gostoso e seguidamente o meu clitóris… Ahh! Então eu gozei deliciosamente, dando meus gritinhos impossíveis de conter.
Ele ainda não havia gozado, mesmo assim, reduziu o ritmo e tirou gentilmente de dentro. Imaginei que enfiaria na minha vagina.
— Vira, meu anjo.
Virei. A máscara cobria novamente o seu rosto. Permaneci sentada assistindo ele se masturbar.
— Abre a boca — disse ao aproximar o negócio dos meus lábios e passar a punhetar com mais vigor.
Putz! O primeiro jato atingiu meu nariz. Aproximei-me mais, quase o abocanhando, então ele despejou todo o seu sêmen.
— Não cospe — disse, autoritário, e enfiou o pinto na minha boca. Mandou eu chupar e engolir cada gota.
Obedeci, mas, sinceramente, não foi nenhum sacrifício.

O trabalho daquela noite terminou ali. Fiquei frustrada, estava em chamas e queria muito continuar a festa, mas o homem desceu, enrolou-se na capa preta e começou a caminhar sem ao menos se despedir ou dizer algo.
“O rei Leônidas não teria me deixado passar vontade”, pensei.
De repente, o “vampiro” estancou e virou-se encarando-me com sua máscara intimidadora. Jesus! Quase me mijei. Será que ele leu meu pensamento?
— Aguardo sua presença na próxima reunião — disse ele, se virou e se foi.
Que reunião? Pensei. Deixei para perguntar ao mestre mais tarde. Desci da mesa e corri para o banheiro com o estômago revirando. Costumeiramente, o chá provocava ânsia de vômito. Dessa vez, seria bem-vindo, pois precisava expelir a porção de porra que engoli. Já pensou no caos que seria, caso me escapasse um arroto durante o jantar no alojamento?

Continua.

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