sexta-feira, 20 de junho de 2025

Almas Gêmeas - Parte 6

O Teste << ESTAVA PRONTA para tirar a roupa e dar o meu melhor no teste de modelo. Mas não fiquei nua de imediato, mestre Vilânio me entregou uma túnica de renda fina e angelical para vestir sobre minhas duas peças de lingerie. Ele pegou leve comigo, considerei como uma ponta de generosidade.

Empunhando o equipamento digital, ele tirou uma série de fotos da minha brincadeira com o Amir. Não fiz poses, era para parecer natural. Também fez um vídeo curto.
Ao final, o profissional exibiu o resultado e elogiou a minha intimidade com a lente da câmera. “Mas você precisava se soltar mais ao interagir com o cão.” Foi sua observação.
— Tente vê-lo como um humano, abandone a timidez e faça o que tiver vontade. Ignore a minha presença, seja ousada, o importante é a interação entre vocês dois.
Tentei não demonstrar o quanto ainda sentia de medo do Rottweiler, embora tenha comentado a respeito da minha preocupação dele ficar montando em mim.
Ele sorriu e disse:
— Esse cachorro amou você, Gisele, nunca vi o safado tão enamorado.
Sugeriu meu empenho em fortalecer os laços de intimidade com o cão, assim conquistaria a obediência dele. O animal é uma figura fundamental no projeto — disse o artista — e estará constantemente interagindo com a figura feminina.
Fiquei assustada com a expressão: laços de intimidade. Espero ter entendido errado.

Chegou a hora de ficar pelada. Naquela segunda sessão, ele desenharia meu corpo sem as lingeries. Fui para trás do biombo tirar as duas peças íntimas.
Podemos considerar que retornei nua, em razão da túnica ser cem porcento transparente.
Ele manteve o ar de profissionalismo e mostrou uma das minhas primeiras fotos para eu adotar a mesma pose e expressão séria. Acomodei-me no divã sob sua orientação, e imediatamente veio-me à mente a lembrança do Leonardo DiCaprio desenhando a garota. Não segurei o sorriso.
— O que foi, Gisele?
— Nada, não, lembrei do filme Titanic.
— Comparada à moça do filme, você ganha em beleza — disse, olhando fixamente para mim, sem esboçar o menor sorriso. Deixou-me ainda mais acanhada.

Por mais de uma hora, mantive a pose e expressão. Chegou um momento no qual a minha nudez não era mais um incômodo, foi até divertido, fiquei excitada várias vezes ao perceber minhas partes íntimas sendo atenciosamente observadas pelo coroa.

O desenho ficou pronto e ficou lindo. O mestre era muito talentoso. Meu corpo tomava quase toda a tela de tamanho médio (50x70, soube depois). Elogiei seu trabalho, em troca, recebi seus parabéns e os votos de bem-vinda.

Fui aprovada pelo mestre Vilânio. E agora? Minha atividade no ateliê teria em torno de duas horas, começaria minutos após o término das minhas aulas no instituto, ou seja, após o crepúsculo. Isso impossibilitaria o meu retorno a Mogi no ônibus escolar. Recomendaram-me a pernoite de segunda a sexta no alojamento do instituto. Esse “detalhe” precisaria da aprovação dos meus pais.
“Não me decepcione, mocinha!” Foi a frase da inspetora Berta, após prometer foder com a minha vida, caso eu não conseguisse a vaga. Portanto, era primordial a aprovação dos meus pais.

A minha preocupação aparentemente foi em vão, pois meus pais não esboçaram a menor reação contrária. Com antecedência, ficaram sabendo do teste e da minha possível aprovação. Isso ocorreu por intermédio do tio Agenor, durante a reunião mística frequentada pelos meus pais. Meu tio deu sua benção. “Ela só tem a ganhar, estudando artes plásticas com um artista renomado. Dará robustez na evolução do seu aprendizado.” Dissera-lhes ele.
Achei tudo isso fácil demais, havia algo estranho naquele universo que fugia à minha compreensão, pois meu tio deu ênfase às aulas de desenho e pintura, omitindo as de modelo. Eu não seria tonta em revelar todos os detalhes, pois dei graças aos céus por ter dado tudo certo.

Sobre essa tal reunião mística: ocorria todas às quintas-feiras em alguma casa em Mogi ou em Águas Turvas. Tio Agenor era o responsável e instrutor, soube apenas isso, não soube se era algo sagrado ou profano. Meus pais diziam que não podiam comentar a respeito e meu tio-avô só dizia:
— É um ritual secreto, filha, onde ensinamos as pessoas a se encontrarem com o divino.

Deixei quieto o assunto, pois também tinha os meus segredos e telhado de vidro.


Festinha de 18 Anos

>> “VOCÊ NÃO VAI BUSCAR a bicicleta?”
“Hmmm… Você quer comemorar o aniversário na companhia do doutor, né, safadinha?”
“Deixa de ser boba, Gisa.”
“Confessa. Ele é muito delicinha, né?”
Meu bate-papo mental foi interrompido pela invasão do meu quarto pelo meu primo Vitor. Ele me viu só de calcinha, escolhendo uma roupa.
— Pô, garoto, bate na porta antes de entrar! — falei brava, cobrindo os seios com as mãos.
— Desculpa. Minha mãe mandou avisar que hoje é seu dia de lavar os banheiros — falou o safado mirim.
— Já ouvi, agora sai!

Ele saiu sorrindo, após ter visto o que queria.
“Belo presente de aniversário: lavar banheiros.”
“Não vejo a hora de sair dessa casa, a bruxa acha que sou sua escrava.”
“Odeio esse moleque, ele é tão sem noção quanto seu pai."

Naquele mesmo dia, era comecinho de noite quando cheguei na casa do médico para pegar minha bike.
— Trouxe o seu jaleco, doutor, obrigada!
— Uma pena, você ter escapado da chuva, hoje.
— Nossa! Como você é cruel. Gostou de me ver molhada, né, doutor Enrique?
— Amei, você ficou sensual demais — falou o bonito, todo cheio de malícia. — E vestida só com o jaleco, foi de enlouquecer.
— Eu posso vestir, se você quiser — falei e sorri, também expressando a minha malícia.
“Você é tão oferecida.”
“Eu acho que ele gosta assim.”
— Adoraria. Quer ir lá se trocar, enquanto eu pego uma bebida?
— Boa ideia, doutor! Daí você me dá os parabéns e a gente brinda.
— Por que? Você tirou um 10 hoje? — falou em tom de brincadeira.
— É algo mais legal.
— Então me conta, estou curioso.
— É meu aniversário de 18 anos.
— Mas você não disse que foi no dia 5 de maio?
— Foi uma mentirinha só para você ficar tranquilo naquele dia. Afinal, faltava tão pouquinho.
— Gisele, Gisele! Eu ainda acho que você continua mentindo a idade, isso é visível em sua constituição física.
— Agora estou falando a verdade, eu juro.
— Deixa eu ver a sua carteirinha escolar.
“Hihihi, se ferrou, esperta!”
“Me aguarde, fofa!”
— Eu perdi, mas estou com a identidade.
Tirei o documento da mochila e dei para ele, que examinou com atenção, antes de dizer:
— Gisele Helena Zaratton… É um nome muito bonito.
— Obrigada.
“Trapaceira duma figa!”
“Não contavam com a minha astúcia.”
O homem continuava atento aos dados do meu documento.
— Cinco de junho de 2007 — ele disse, com uma expressão como se fizesse um cálculo de cabeça.
— 18 anos. Parabéns, Gisele, feliz aniversário.
— Obrigada. Não vou ganhar um abraço e um beijo?
— Claro que vai — disse o homem e abraçou-me pela cintura, quase me levantando. Fiquei nas pontas dos pés e agarrada ao seu pescoço para ganhar o beijo de feliz aniversário. A nossa diferença de altura não era um obstáculo para a troca de carícias, senti a protuberância abaixo de sua cintura, ganhando volume e pressionando meu ventre.
— Uau! Que química doida é essa?
— O que foi, doutor?
— É você, garota.
— Fiz algo errado?
— Você me deixa louco de tesão, gatinha.
— Ufa! Isso é bom, né?
— Isso é maravilhoso, sua linda.
Ele sugeriu irmos para o interior da sua residência.
— É hora de relaxar. Preciso de uma ducha quente depois de um dia de trabalho complicado.

Mandei uma mensagem de áudio para meu tio Armando, menti que estava na casa de uma amiga.
— As meninas fizeram uma festinha surpresa para mim, voltarei para casa mais tarde.

O médico não fez um tour comigo pelo interior da casa, fomos direto para o seu quarto — uma suíte.
Fiquei ansiosa, aguardando ele tomar sua ducha, já sem minhas roupas e com o jaleco nas mãos. Peguei o copo de uísque deixado por ele. Bebi um gole, dois… Bebi tudo.
“Para de beber isso.”
“É para desinibir.”
Não vesti o jaleco, fui nua até o banho, atrás do homem.
“Aonde você vai, sua louca?”
“Tomar um banho a dois. É muito gostoso.”
— Posso entrar? — falei, antes de ultrapassar a porta.
— Entra, minha linda, vem aqui.
“Falhou! Ele já está se enxugando.”
— Já tomou banho, seu ligeirinho? — falei, zoando — Queria ensaboar você.
— Foi uma duchinha rápida. Mais tarde a gente se ensaboa.
— Vou cobrar, viu? — falei, fazendo charminho e biquinho.
— Vem cá, amor — disse ele, ao largar a toalha e estender-me os braços.
Receber um abraço gostoso de um corpo nu e cheiroso é muito excitante, e seguido de um beijo carregado de desejos, daí é só alegria.
Com as mãos pouco abaixo da minha bunda, o homem ergueu meu corpo. Abracei seu pescoço e enlacei sua cintura com as pernas. O grandalhão não demonstrou esforço ao permanecer em pé, sustentando meu corpo e iniciando a penetração. Ah! Foi maravilhoso sentir o contato robusto daquela pegada.
“Ai! Que gostoso.”
“Não falei, ele é muito delicinha.”
Os minutos seguintes foram de movimentos intensos. Meu gemido era um choro de prazer fluindo no ritmo das estocadas vigorosas.
Eu já gozava gostoso quando ele caminhou uns passos e prensou minhas costas contra a parede de azulejos. Ahhh! Foi o melhor momento daquela noite: sua pegada máscula de estocadas fortes, seus urros animalescos no momento do seu gozo e meu orgasmo múltiplo me enlouquecendo. Foi perfeito, o melhor presente de aniversário que já tivera.
“Uau! O que foi isso, Gisa?”
“Anotou a chapa do trem?”
“Hahaha.”

Após a festinha realizada no interior do quarto, com pizza, champanhe e muito sexo, nós adormecemos.

Acordei assustada e mal consegui abrir os olhos de tanto sono. Estranhei a cama, mas reconheci o homem pelado dormindo ao meu lado sob o edredom. A ficha caiu rápido.
“Caralho! Que horas são?”
“Muito tarde, com certeza.”
“Ai! Essa cólica é sinal de que vai descer.”
“Eu acho que foi o uísque.”
O relógio de cabeceira marcava 11h45 da noite. Tirei o celular do modo avião e mandei uma mensagem de texto para o meu tio: “Dormirei aqui na casa da minha amiga, voltarei amanhã cedo.”
Não houve resposta. Provavelmente já estava dormindo. Desliguei o celular, era meia-noite. Teria voltado a dormir, não fossem os braços me pegando enquanto ainda estava de costas para o homem. Foi uma surpresa agradável sentir o calor do seu corpo e suas mãos macias em meus seios super sensíveis naquele dia. Sua ereção pediu passagem no vão das minhas coxas e se aconchegou gostoso comigo. Ele tinha razão, a química entre nós era incomum, fiquei encharcada ao primeiro contato da sua pele na minha. Sob seu comando, minha perna levantou e seu membro deslizou deliciosamente para dentro da minha vagina. Com os corpos fundidos, a aceleração dos golpes foi progressiva. Começou suave, passou a forte e culminou numa intensidade insana. “Deeeus! Que homem gostoso.” Foi o comentário mental ao atingir mais um momento de clímax naquela noite. Porém, ao sentir o pulsar do seu pênis, não houve tempo para emitir um alerta… Ele gozou e despejou seu sêmen lá dentro.
Até a voz interna se calou com a preocupação, mas só por míseros segundos, pois demos um foda-se e continuamos a saborear o instante único.
Aquela transa de ladinho fechou a noite com chave de ouro.

“Foi mil vezes melhor do que uma festa de debutantes. Eu te amo, Enrique.”
“Pega leve, garotinha, ele só quer sexo.”
Travava esse bate-papo mental no banheiro, sentada no vaso, minutos após ter recebido a ejaculação do homem. E segundos após expeli-la, junto com a menstruação, vinda em um momento providencial. Ufa!

Continua.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Almas Gêmeas - Parte 5

<< NO QUARTO DA INSPETORA Berta, fui ordenada a ficar em pé, ereta e com os braços caídos ao lado do corpo, enquanto ela me dava um esporro e circulava ao redor do meu corpo nu.

Ela fez uma pausa na série interminável de descomposturas, então a “sargento” deteve-se à minha frente e seu olhar analítico percorreu o meu corpo de cima a baixo. Percebi certa prioridade aos meus seios e quadris.
— É evidente que você não é mais virgem, correto!?
Não foi uma pergunta, foi uma conclusão. Ela é do tipo que gosta de deixar as meninas constrangidas. Assenti timidamente com a cabeça.

Passei por tudo isso, em ocasião do meu retorno do piquenique na cachoeira. Fui flagrada nua, descalça e suada, pois corri amedrontada, por cerca de vinte minutos. Minha cara de culpada deveria assemelhar-se à do gato que comeu o canário. Entretanto, a punição tão temida, poderia se transformar em bônus, caso obtivesse êxito na missão a mim confiada pela inspetora Berta: seria enviada para uma entrevista com o mestre Vilânio Yago. Tornar-se aluna e modelo exclusiva do artista plástico era uma oportunidade cobiçada por todas as garotas dos cursos de artes plásticas e teatro ministrados pelo instituto, apesar de circular em off, um boato a respeito de rituais eróticos praticados no casarão do mestre.
Se eu conseguisse a vaga, ela ganharia pontos no jogo dos líderes de grupos, e a mulher, considerada implacável, esqueceria a minha falta gravíssima. Também não seria vítima da sua fúria maligna, fez ela questão de observar.

No dia seguinte, Alex (o guia) veio se desculpar e trouxe minhas roupas.
— O policial grandão é meu tio, ele não sai do meu pé. — Eu acordei com seus gritinhos, sua maluquinha, quis ir até você, mas eu estava tão louco que acabei capotando de novo.
— Você me deixou lá, sozinha e pelada, seu cachorro.
— Desculpa, gata, mas ainda bem que não viram você, pois daria um rolo da porra. — Você sabe, né?
— Tem razão, foi cruel, mas poderia ter sido pior.


O Ateliê

Nove dias depois, numa segunda-feira, 2 de maio, na hora agendada, fui recebida pelo homem alto, branco, quase albino, aparentando ter saído de um caixão — sinistro pra caramba. Não era bonito e nem “pegável”. Entre 50 e 60 anos.
Bateu um medinho ao solicitar que o acompanhasse para conversarmos reservadamente. O primeiro impacto da sua voz forte, foi marcante, fiquei impressionada e me senti tão pequenina com meu 1,65m diante do coroa grandão e extremamente peculiar.
Ao transpor a porta enorme, fiquei chocada com o pé direito tão alto daquele salão com pilares do piso ao teto como se fosse um templo grego, as janelas eram vitrais, tipo os de catedrais, mas o tema não era divino, eram imagens lúgubres com personagens obscuras. Imaginei assim o apocalipse: uma sensação de tristeza e morte. Ao fundo, uma escada levava ao mezanino.

Paralisei, ao identificar um Rottweiler grande e musculoso se aproximando de nós. O homem percebeu minha evidente apreensão e procurou tranquilizar-me dizendo:
— Relaxa, Gisele, ele é um animal amoroso, é falsa a fama de cão feroz embutida ao Rottweiler, eles são amigáveis, carinhosos e gentis.
Não sei se era verdade, por isso não mexi um músculo quando o grandão chegou ao meu lado balançando o rabo. Após me cheirar, ele lambeu minha mão como se pedisse carinho. Mesmo com medo daquele cachorro robusto e de porte assustador, falei com ele e acariciei sua cabeça.
— Oi bonitão, você é muito fofo!
— Ele gostou de você, esse rapazinho safado só gosta de mocinha bonita — disse o seu tutor.
— Quantos anos ele tem?
— Vai fazer sete no dia 5 de junho.
— Não acredito, eu também faço em 5 de junho.
Seu comentário proferido sobre a coincidência, não chegou nem perto do meu entusiasmo.

Subimos ao mezanino e me deparei com um mundo surreal: o espaço amplo quase às escuras realçava ainda mais aquelas imagens alusivas ao inferno, com bruxas e simulação de rituais satânicos, tanto nas diversas telas ainda em produção, assim como pintado diretamente nas paredes do cômodo. Imaginei que fora proposital a disposição das telas e a pouca luz, seria com a intenção de assustar quem adentrava o recinto. “O homem tão sério deve se divertir com o medo alheio.” Pensei.
Outras luzes foram acesas, amenizando um pouquinho o clima de terror daquele ambiente sinistro. Ao fundo se destacavam obras com uma temática mais singela, melancólica, recheadas de nudez artística. Outras tinham uma pegada angelical e sagrada, uma alusão às imagens (afrescos) do teto da Capela Sistina, pensei.

Ele apontou para um divã vermelho mandando-me sentar. O móvel contrastava com meu vestido branco — foi-me solicitado que viesse com ele. Luzes de refletores foram incididas sobre mim. Pegou uma câmera fotográfica profissional e disse:
— Fique à vontade, é só uma preliminar.

Foram pouco mais de dez cliques comigo sentada, deitada e em pé. Ao final, pediu para aproximar-me da sua escrivaninha, onde ele nos serviu com xícaras de chá proveniente de uma garrafa térmica.
O Rottweiler ficou me rodeando com atitudes carinhosas demais. Mestre Vilânio examinava as fotos enviadas para o seu notebook.

— Fiquei satisfeito com o resultado inicial, Gisele, seu rosto angelical e biótipo poderão somar ao meu novo trabalho — disse com seu vozeirão. — Você está pronta para fazer o teste de modelo?
— Mas eu terei que posar nua… Assim? — falei, apontando para a garota pelada em uma das muitas pinturas semelhantes espalhadas pela sala: a modelo simulava um clima de intimidade romântica abraçada ao Rottweiler.
— Sim, querida, você obteve o privilégio de ser escolhida, não só em razão do seu rostinho angelical, as características do seu corpo e sua desenvoltura serão fundamentais — falou como se falasse o óbvio e pegou em minhas mãos com uma expressão de pai orientando a filha casta. — Na arte, a nudez é tão natural quanto respirar, não há tabus como nas convenções sociais. É beleza, emoção, liberdade de expressão e de pensamento, desde que seja feita de forma responsável. Compreende?
Assenti com a cabeça.
Ele fez uma pausa, ainda segurando minhas mãos, em seus olhos havia um enigma a decifrar. Senti algo estranho, a leveza do meu corpo, um zumbido nos ouvidos como se fossem murmúrios distantes…
— Posar ao natural é um problema pra você? — disse ele secamente, trazendo-me de volta a este plano.
Aquela pergunta soou quase como um ultimato, fazendo meus pensamentos fluírem a milhão. Se desse a resposta errada, meu futuro seria incerto dentro do grupo concorrido da instituição, mas isso seria insignificante perto do que a inspetora Berta faria comigo, ela ia foder com a minha vida… “Não me decepcione, mocinha! — disse-me ela com seu olhar diabólico.” Se não fosse aprovada pelo mestre, as portas se fechariam para mim e também refletiria na vida dos meus pais, devido à dependência exclusiva do comércio deles com aquele universo. O paradoxo é que seria o caos se soubessem que a filha está posando pelada. A minha situação era difícil. O incômodo causado pelo ateliê sombrio, dando até arrepios de frio e de medo, agora era apenas um detalhe. O drama atual seria a obrigação diária de me despir diante do professor cinquentão com cara de mestre de seita ocultista e manter em segredo.
Meu olhar se deteve no cachorro, latindo para mim e abanando o rabo como se me pedisse para aceitar. Pela expressão enigmática do homem para o cão, minha imaginação levou-me a acreditar haver comunicação e cumplicidade velada entre homem e fera.
Deslizei minhas mãos das dele, enchi a alma de autoestima para responder com segurança e de cabeça erguida:
— Problema nenhum, mestre, posarei nua e darei o meu melhor.


Flagrante na Praia

<< EM CERTA OPORTUNIDADE, meus pais, eu e a Giovana, em companhia do meu tio Armando, tia Neide e meu primo Vitor (único filho deles na época), fomos passar um fim de semana prolongado em uma casa alugada no litoral norte de SP.

Enquanto os marmanjos bebiam e dançavam ao participarem de um churrasco numa casa vizinha, naquele início de noite, eu, a Giovana e o primo fomos para a rua onde uma turminha jogava queimada.
Fiquei só assistindo os pirralhos jogarem, mas logo tive companhia. Fui muito bobinha ao me empolgar com elogios referentes à beleza do meu corpo novinho e com suas palavras românticas. Caí na conversa e disfarçadamente segui meu galanteador até a casa onde estávamos hospedados. Sucumbi logo ao primeiro beijo. Ele seguiu me acariciando e tocou minhas partes íntimas por cima da roupa. Logo a regatinha foi removida e suas mãos estavam livres para apertar meus seios miúdos. Causou-me arrepios ao ter minha intimidade invadida e meu corpo desfrutado; não era medo, era um sentimento agradável. O quarto, iluminado somente pela luz da lua gigante entrando pela janela, criava um clima de filme de amor. Suspirei ao sentir sua boca morna em meus biquinhos durinhos, sugando, mordiscando e umedecendo meu peito.
As coisas tomaram um rumo repentino com o percorrer de sua boca ativa pelo meu corpo abaixo. Simultaneamente, suas mãos ágeis arrancaram meu shortinho, me deixando nua sobre minha cama e inteirinha à disposição dele. Estremeci quando ergueu minhas pernas e enfiou a cabeça para chupar minha vagina. Não contive os gemidos ao sentir sua língua mexendo feito um bicho dentro da minha boceta. Fiz força para saborear a sensação de êxtase sem gritar, pois fiquei alucinada com seu dedo mexendo enquanto lambia e chupava… Deus! Como aquilo era bom, até parecia um sonho. Gozei sem parar, e até esqueci dos perigos.

Entretanto, a hora do medo chegou, arregalei os olhos ao vê-lo sem calção e acariciando seu pinto duro e assustador.
— Calma, minha linda, só vamos brincar, não vou te machucar, eu juro!

Fiquei apavorada e indecisa, não considerei chegarmos a extremos. Não sabia como reagir perante uma situação nova para mim. Apesar do pavor, cedi aos seus comandos. Ele deitou em meu lugar e pegou-me num abraço seguido de beijo ao deitar-me por cima dele. Durante outros beijos, carícias e palavras românticas, seu pinto alojou-se entre minhas coxas. Captei suas intenções ao ter meu corpo guiado por ele. Compreendi que seria apenas o roçar dos nossos sexos.
Ahh! Como era gostoso. Seu pinto ficou friccionando entre minhas pernas bem apertadinhas. O contato delicioso abrangia da minha boceta ao meu ânus, era alegria pura, a ponto de curtir até os tapas na bunda. De repente, ele ficou mais agitado e com a respiração acelerada… Foi quando entendi que o pulsar do seu pinto era o anúncio do seu gozo com ejaculação imediata. Um líquido viscoso umedeceu minha bunda, no interior do meu rego. Senti um tesão da porra quando ele esfregou a cabeça do pinto em cima do meu buraquinho melado, fez explodir os meus desejos mais sacanas; fiquei cheia de coragem e tentaria suportar, caso ele pretendesse ir além. Mas bateu o desespero e quase morri do coração ao ouvir o grito da minha mãe adentrando a residência.
— Ai, meu Deus do céu! — falei baixinho, saindo a milhão de cima dele e pegando uma camiseta para me limpar. Enquanto isso, o tarado vestiu o calção e se jogou pela janela. Só me restavam dois segundos após ouvir novo grito muito próximo à porta do quarto. Deitei e me cobri no gás. Foi o tempo dela entrar bufando.
— O que está acontecendo aqui? — disse ela, após acender a luz e fulminar-me com sua expressão: “já entendi tudo” e correr até a janela na tentativa de ainda flagrar alguém em fuga.
Não viu ninguém, aparentemente, então a treta seria só comigo.
— É melhor dizer logo o que você estava aprontando, dona Gisele, pois sinto cheiro de putaria — disse ela num tom impiedoso enquanto avançava sobre mim como um predador atacando a presa indefesa. Minha tia ficou fungando feito um cão perdigueiro e também foi olhar pela janela.
— Nada, mãe — respondi com voz de choro —, fiquei com dor de cabeça e vim descansar.
— Me engana que eu gosto — disse ela e puxou bruscamente o lençol.
A nudez do meu corpo novinho e frágil já era o suficiente para ela deduzir a ocorrência de depravações. Contudo, ao puxar o meu braço e retirar-me da cama com extrema facilidade, algo grave chamou a atenção da dona Lúcia Helena, a ponto dela ficar possessa. Não foram os meus ralos pelinhos pubianos umedecidos, obviamente que não. Mamãe ficou puta ao concordar com a vaca da minha tia: “Essa vermelhidão parece ato de putaria.” Lembrei-me dos tapas que levei na bunda há pouco, enquanto gozava adoidada. Naquele instante, só pensei em curtir o momento, não julguei que daria ruim.
Estabeleceu-se o caos, as ofensas da mamãe foram de vagabunda a vadia. E não poderia faltar o “putinha”, ao espancar-me com tapōes na bunda. Esses doeram, assim como doeram os vários safanões enquanto ouvia um monte de ameaças de castigos a receber se não contasse quem era o responsável por aquela depravação.
Aguentei firme e não contei nada, ainda assim consegui sobreviver à ira da mamãe, e pouco depois, ao esporro e interrogatório do pai da criança. Jurei por tudo o que era sagrado que ainda era virgem e não havia feito sexo com ninguém, foi só uma brincadeira com um colega. E poderiam até me matar, mas não o entregaria.

Ufa! Meus pais acreditaram que a farra foi mesmo com um coleguinha, eu acho.
Minutos mais tarde, durante o banho dolorido, em razão dos hematomas nas duas bochechas da minha bunda, meu sorriso foi um misto de alívio e satisfação ao pensar:
“Você vai ficar me devendo essa, titio Armando!”

Continua.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Almas Gêmeas - Parte 4

Águas Turvas << QUANDO FOI ANUNCIADO o lockdown em São Paulo, a assistência técnica dos meus pais já vinha mal das pernas há alguns anos. Havia encolhido e mudado para um ponto mais modesto. Também perdeu gradualmente quase metade dos colaboradores. O estado de pandemia foi o golpe final.

Após o término do lockdown, eles reabriram a empresa já com o processo de venda adiantado. Trabalhavam num projeto que incidia na mudança do segmento de atividade.

Foi o tio do meu pai, seu Agenor, que possibilitou todas as mudanças que levaram nossa família para o Vale do Paraíba. Meus pais se estabeleceram no setor de alimentação em Mogi das Cruzes. Eu e minha irmã Giovana ganhamos bolsas de estudo e ingressamos num complexo educativo seletivo de período integral situado nos arredores de Mogi, na mesma localidade da chácara do meu tio-avô Agenor, um vilarejo conhecido como Águas Turvas.

O primeiro ano em Águas Turvas não foi monótono como a princípio imaginei que seria, seja na instituição, com ensino diferenciado, ou fora dela. Diversas eram as atividades de aprendizado, assim como as de lazer. Reuniões familiares domingueiras também eram constantes, sempre na casa do tio Agenor. A tia Madalena aproveitava a presença do público jovem para contar suas histórias pitorescas. A que mais dei atenção, por causar-me incômodo e arrepios, falava a respeito dos “filhos do íncubo”. Era uma lenda sobre um íncubo que surgia no meio da noite na fazenda Cachoeira da Mata tempos atrás. Era frequente, após o amanhecer, alguma moça desesperada relatar que foi abusada enquanto dormia, mesmo estando a porta do seu quarto trancada por medida de segurança. Muitas crianças nasceram provenientes do ocorrido.

Gelei ao reviver mentalmente a presença na minha cama há pouco mais de um ano. Nunca tive a certeza se foi real ou pesadelo, ainda assim, dei graças aos céus por não engravidar.


Amor Debaixo D'água

Era o fim de semana do acampamento somente para garotas. Lá chegando, meu grupo fez o percurso de uma trilha acompanhado pelo guia (funcionário da pousada).

Durante a caminhada, após algumas trocas de olhares insinuantes com Alexandro (o guia), tivemos dois momentos de interação sem testemunhas. No primeiro bate-papo já deu match, eu queria muito ficar com ele, mas mantivemos a discrição, devido à disciplina imposta a nós (alunas) pela instituição de ensino. O profissionalismo do carinha era a garantia do seu emprego, então não demos mole.

Na oportunidade seguinte, fui convidada a nadar ao luar, na piscina da Cachoeira da Mata.
— Vixi, é embasado! Posso perder a minha bolsa de estudos e ser expulsa do instituto, caso a inspetora fique sabendo.
O boy, além de delicinha, convencia-me com argumentos sem usar muitas palavras. Duas ou três frases foram suficientes para eu cair de cabeça naquela loucura.
Bem mais tarde, estando segura quanto à discrição das minhas colegas de quarto, furtivamente saí do alojamento vestida com o biquíni, um shortinho e segurando a toalha de banho enroladinha.
Encontrei o Alex fora da pousada, ele carregava uma mochila.
— Vai viajar? — perguntei, zoando.
Ele achou graça e respondeu que também trouxe toalha, bebida e o necessário para um piquenique noturno.
Meia hora depois, chegamos à cachoeira. Não era permitido acampar naquela área turística, menos ainda se fosse próximo ao curso d'água, disse-me ele.
— E por que não é permitido?
— Por causa da tromba d'água.
— Seu louco, nós vamos acampar onde tem tromba d'água?
— Isso nunca rola depois de março, essa parada, nas raras vezes que aconteceu, foi na época das chuvas. Pode confiar no guia — concluiu com segurança.
Na sua mochila, havia uma barraca, tipo iglu para duas pessoas. Foram dois palitos para armar a barraquinha às margens da piscina natural, tendo como cenário de fundo a cachoeira, uma obra-prima da natureza.

A noite quente convidou para um namoro ao luar. Trocamos as primeiras carícias e bebemos alguns goles da tequila. Não costumava consumir bebida alcoólica, fiquei alegrinha, facinha e só de biquíni. O acompanhei em um rápido mergulho só para tirar o suor da caminhada.

Tropecei ao sair da água e causei motivos de risos no rapaz que ficou me zoando. Fiz charminho, choramingando e fingindo sentir dor no pé. Suas desculpas vieram acompanhadas de uma massagem.
Seu toque suave começou nos dedos e se estendeu até a panturrilha.
— Que delícia — falei enquanto permanecia deitada sobre a toalha, defronte à barraca.
Isso o animou a subir acariciando minhas coxas e sua mão invadiu o vão das minhas pernas tocando meu sexo por cima da tanguinha. Logo a pecinha de roupa foi afastada para o lado e seu dedo tocou gostoso o meu clitóris, ronronei de olhos fechados e meu movimento de quadris revelava meu desejo louco de ser possuída.
Alex acomodou-se ao meu lado, envolveu-me num abraço carinhoso e deu-me um beijo carregado de tesão. Sua perna entrou entre as minhas, permitindo o contato delicioso dos nossos sexos separados apenas pela fina camada de tecidos.

Minha vontade de transar ficou absurda quando tirou o top do meu biquíni para fazer festa nos meus seios. Fiz-lhe cafuné com a intenção de conduzir sua cabeça mais para baixo.
Ele captou meu desejo, pois agarrou minha tanguinha, passando-a rapidamente pelos meus pés. Posicionei-me de pernas abertas e recebi sua boca em meu sexo. Isso foi uma delícia: gemer como uma putinha, enquanto admirava um céu lindamente estrelado.

Logo ele veio para cima, despido e “armado”, se ajeitou entre minhas pernas arreganhadas, brincou um pouquinho pincelando na entrada, para em seguida arrancar meu suspiro longo e profundo ao enterrar seu membro devagar e chegar ao fundo do meu ser. Comecei a gozar antes que iniciasse a sequência de estocadas. E quando o ritmo ficou frenético, foi show demais, delirei transbordando de tesão.

Foram momentos deliciosos em que começamos transando ao luar e continuamos no interior da barraca até o desejo ser saciado e a garrafa de bebida ficar vazia. Só então apagamos.

Dormi um pouquinho e acordei suada. O interior da barraca estava insuportável. No entanto, o meu parceiro dormia como um bebê. A quantidade de bebida ingerida, mais a energia gasta por ele em nossa atividade sexual, deve ter descarregado a bateria do boy.
Abri o zíper e saí engatinhando. Apesar do calor anormal, ainda assim, a área de mata atlântica tornava o clima agradável.

A suave luz do luar refletia na superfície da piscina natural, formando desenhos abstratos conforme a água se movia. O ruído contínuo da cachoeira se sobrepunha ao som da fauna noturna e chegava aos ouvidos, provocando uma sensação de relaxamento.
O som da queda d'água atraiu-me para um banho noturno. Nua em pelo, caminhei até a piscina natural e senti a água mais fria naquele instante, contudo, foi prazerosa a sensação do seu toque envolvendo minhas pernas e gentilmente se apossou das coxas. A subida gradual abraçou meu ventre enquanto a marola beijava o meu bumbum. Sua escalada parou ao nível dos meus seios, que, parecidos a dois icebergs, permaneciam apenas com os bicos fora d’água. Aquela ondinha amorosa, formada pela correnteza leve, acariciou gentilmente os meus mamilos, proporcionando uma sensação de prazer similar ao de estar fazendo amor com a natureza. Tomei a iniciativa de deitar-me sobre ela e movimentei meu corpo com braçadas até alcançar a cachoeira e fiquei em pé numa elevação rente ao paredão de pedra. Então saboreei toda a energia deliciosa do volume em forma líquida, possuindo e golpeando o meu corpo. Minha mente viajou longe, pois a água parecia um corpo másculo me envolvendo… Acariciando… E penetrando… Ah! Fiz amor balançando meus quadris no mesmo ritmo das estocadas hídricas que tiravam às vezes meu fôlego e às vezes provocavam meu gemido. Então transamos gostoso ao som emitido pela cachoeira, que soava em meus ouvidos como uma melodia de amor. A nossa dança sexual prosseguiu suave até o momento mágico, onde a explosão do clímax divino aconteceu e gozei sem conseguir conter os gritinhos de prazer.

Instantes após, ainda sob a queda d'água, percebi tarde demais quando dois homens chegaram por trás da barraca. Ainda não sabia se fui vista. Lentamente, dei um passo para trás e abaixei, ficando coladinha no rochedo, atrás da cortina d'água. Julguei que estaria invisível para os dois policiais florestais.
Ficou um ao lado da barraquinha e o outro iluminou o interior com a lanterna e ordenou que o dorminhoco saísse.
Foi preciso chamar outra vez para o Alex acordar e levantar tresloucado.
— Você não toma jeito, né, seu moleque, quer ser preso? — gritou o policial.
O guia parecia se desculpar enquanto apenas um deles falava, agora, sem gritos. Não consegui ouvir direito, deduzi pelos gestos que era para o boy juntar suas coisas e acompanhar os policiais.
Será que ele disse que estava sozinho? No momento, julguei que ficaria feliz por não ser descoberta, pois se chegasse ao conhecimento da inspetora responsável pelo passeio, eu estaria fodida. Entretanto, como eu iria embora pelada?

Permaneci no meu esconderijo até os ver partir. Minha cabeça fervilhava: “Como esse idiota vai embora e me deixa aqui, sozinha?” E se eu tivesse me afogado ou sido raptada? Ele não pensou nisso?
Os pensamentos continuaram enquanto eu fazia o caminho de volta, correndo nua e descalça, pois não acreditei no seu retorno e também não podia esperar o dia clarear.

Por sorte, consegui voltar para a pousada sem ser vista — eu imaginei. Mas, ao aproximar-me pé-por-pé do dormitório…
— Peguei você, dona Gisele — sussurrou a voz maquiavélica da inspetora Berta em meu cangote.
Tremi na base e quase não segurei o xixi.
— Vamos conversar no meu quarto, mocinha — disse ela.

Continua.


domingo, 1 de junho de 2025

Almas Gêmeas - Parte 3

>> NO DIA SEGUINTE, ao meu quase atropelamento pelo doutor Enrique, ainda sentia um incômodo no tornozelo.

Após tomar seu café, minha tia Neide saiu da cozinha. Fiquei apenas dois minutos a sós com meu tio Armando, mas o tarado não perdeu a oportunidade de me encoxar enquanto eu estava na pia.
— Para com isso, tio, eu agora estou namorando sério.
— O que é isso, menina? Você é muito nova para arrumar compromisso. Quem é o folgado do moleque?
— Não é moleque, é um rapaz responsável e já trabalha.
— Não, senhora, não vou deixar um marmanjo se aproveitar de você. Me diz quem é, quero falar com ele.
— Não digo, pois na certa você faria ele terminar comigo.

“Até parece, que este cínico está preocupado com o bem-estar da sobrinha.”
“É evidente que a intenção do depravado é ter esse corpo novinho só para ele.”

Aproveitei quando meu primo Vitor — é o mais velho, tem 12 anos — entrou na cozinha, fui para o meu quarto me arrumar para sair.
Inventei essa história do namorado só para judiar desse meu tio pervertido.


Relâmpago Providencial

No início da tarde, liguei para o doutor e combinamos que eu estaria no seu consultório logo após o término das aulas. Ele disse que a bike já estaria à disposição.

No comecinho da noite, durante o trajeto até o médico, senti um odor peculiar de chuva ao ser surpreendida por uma mudança repentina do tempo, escureceu em segundos e desabou um aguaceiro. Não encontrei uma marquise para me abrigar naquela rua onde predominam os casarões.

“Fala sério, por que não anda com a sombrinha na mochila?”
“Porque faz peso. Que raiva, como é irritante.”

Cheguei à residência, era uma casa de gente bacana, muro e portão altos sem nenhuma identificação de consultório ou similares.
— Entra! — respondeu-me o doutor pelo interfone, simultaneamente ao som magnético da trava do portão.
Estava ensopada ao adentrar a varanda e, além do tornozelo, agora também sentia pontadas agudas na panturrilha. Fui acolhida pelo homem de aparência atlética, olhos escuros muito vivos, pardo com cerca de 1,80m. Sua preocupação inicial foi “ordenar” que eu tirasse a roupa molhada antes que ficasse resfriada.

“Que apressadinho, né? — Será que hoje termina o celibatário?” — falei em pensamento e ri por dentro.
“Você não me banque a vadia!”

Ele me emprestou uma toalha, um jaleco e indicou-me o banheiro. Aquele consultório era uma extensão da casa em que morava.

Ouvi sua conversa ao telefone quando eu retornava à sala de consulta trajando apenas o jaleco. Soube que estávamos sozinhos, em razão de ele ter encerrado o trabalho mais cedo e sua mãe havia saído, segundo disse ele.
— A Alice saiu com meu carro hoje, o dela está no rodízio — falou para seu interlocutor e desligou após as despedidas.
Aproximei-me dele morrendo de curiosidade em saber quem era a tal de Alice, mas no instante seguinte eu gelei de tão apavorada ouvindo o sibilar "ardido" de um raio poderoso que rasgou o céu. Abracei e grudei no bonitão com meus olhos fechados, esperando o estrondo inevitável que veio imediato, estremecendo tudo.
— Desculpa, mas eu tenho pavor de raio e trovão — falei com sinceridade após o estrondo.
Nos encaramos ainda abraçados, ouvindo a chuva que virou temporal. O clima daquele fim de tarde havia mudado radicalmente, o pé d'água caía sem dó. Eu já estava molhadinha, não mais pela chuva, mas pelo calor daquele corpo másculo colado ao meu, e seu olhar sedutor e cheio de desejos me convidando a fazer amor. Não ouvia mais a voz interior condenando a minha entrega fácil, afinal, o doutor é fofo demais.
O primeiro beijo aconteceu com minha total conivência, meus desejos estavam fluindo a milhão.
Após novo raio violento que caiu muito perto, acabou a energia simultaneamente ao rugir do trovão. A luz de emergência da sala deixou o ambiente à meia-luz, foi como um convite para carícias mais apimentadas. Com gestos carinhosos, ele me acomodou deitada sobre a mesa e recebi o calor de mãos e boca em meus seios após os botões serem abertos. A minha nudez era revelada enquanto a boca morna e ativa percorria o caminho do meu ventre para parar em meu sexo. Culminou num oral de me fazer gemer sem pudor. Gozei feliz da vida, contorcendo o corpo como um réptil.
Retribui o oral deitando de bruços e engolindo seu membro conforme a pressão de sua mão exigia, ela estava agarrada aos meus cabelos, enquanto a outra mão praticava safadezas em minha bunda e vagina.
Ele não chegou ao gozo, guardou suas energias. Fui posicionada de pés no chão e curvada de bruços na mesa, a expectativa da penetração foi dobrada, até minha voz interior calou-se. Foi incrível ao receber o homem por trás, receber suas carícias, ouvi-lo sussurrando elogios e penetrando suavemente. Ahh! A primeira enterrada é sempre a mais gostosa, o sentimento de êxtase a cada espacinho da boceta sendo preenchido por sua vara foi divino. Seu corpo fundiu-se ao meu por inteiro e, durante minutos, levei uma saraivada de estocadas em meu sexo apertadinho que arrancaram meus gritinhos e gemidos mais profundos.
Cheguei ao meu segundo momento de clímax, isso foi imediatamente após seu gozo. A sensação de prazer sem fim perdurou durante todo o tempo em que ele continuou mexendo dentro de mim, mesmo com a camisinha cheia… Até que ele gozou novamente, me deixando molinha, feliz e saciada.
Senti seu pênis à meia-carga quando ele tirou. No entanto, o preservativo ficou dentro do meu sexo novinho. Procurei o preservativo lá dentro com a ponta dos dedos, puxei e entreguei para ele, que estava com uma carinha de preocupado e encabulado. Seu sorriso pareceu-me de alívio ao ver a borrachinha ainda cheia de porra.
— Foi demais, você quase parou meu coração! — falei e nos beijamos como se nos agradecêssemos mutuamente pelos momentos divinos.
Só então ele me perguntou:
— Desculpe, linda, mas quantos anos você tem?
— Quantos você acha que eu tenho?
— Não brinca, garota, você é menor de idade?
— Fica tranquilo, faço 18 no dia 5, mas já sou emancipada.
— Você aparenta ser tão novinha, seu corpo não condiz com sua idade.
— Como você sabe, costuma pegar novinhas? — falei, zoando.
— Claro que não, sei porque sou médico, esqueceu? — disse ele, parecendo ofendido.
— Desculpa, vai, só estava brincando.
— Não tem de quê, meu anjo, não há como ficar zangado com a gatinha mais linda e carinhosa do mundo.
Amei ser elogiada pelo bonitão, se ele continuasse naquele ritmo, eu não iria largar do seu pé. Torcia para que voltasse a rolar alguma diversão entre nós futuramente. Agradeci, deixando transbordar toda minha malícia:
— Você é muito fofo, se acabar sempre assim, eu deixo você me atropelar todos os dias, se quiser — disse e rimos juntos.
Seu telefone tocou. Ele atendeu e chamou a pessoa de amor. Era alguém com o carro em uma rua alagada.
Após se informar sobre o local, encerrou a ligação. Comunicou-me que precisava socorrer sua noiva presa na enchente. A palavra noiva abalou um pouco a minha expectativa.

“Cachorro! Sabia que era uma roubada.”
“Fica fria, ainda viro esse jogo, me aguarde.”

Ele mostrou a mão direita, talvez por perceber minha dúvida:
— Eu não uso aliança por causa desses assaltos recentes — disse, justificando.
Eu apenas concordei com o olhar e um leve gesto de cabeça. Estava envergonhada por pensar que ele tentou ocultar seu compromisso.

Eu não quis levar a bike na chuva, meu plano era gerar um motivo para um novo encontro.
— Eu pegarei na segunda, de noitinha, se não for problema.
— Assim está ótimo, ficarei te esperando — disse ele com animação e acariciando meu rosto. Beijei sua mão e ganhei outro beijo. Isso renovou minha esperança de conquista.

Fui com ele na garupa da moto até a casa dos meus tios. Tirei rapidinho o capacete e o macacão de chuva, ele enfiou tudo no bagageiro da moto e seguiu viagem.
— Foi gostoso demais, fala a verdade — falei alto, sem perceber, por conta do meu entusiasmo. No segundo seguinte, a inconveniente da minha tia Neide abriu a porta quando eu já tocava na maçaneta.
— Falando sozinha de novo? — disse ela com sarcasmo.
Não respondi, ela não conseguiria estragar minha noite.
— Que roupa é essa? Virou enfermeira?
Simplifiquei a história da perna dolorida que me levou a uma consulta médica. Finalizei dizendo que fiquei encharcada com a chuva e gentilmente a recepcionista do consultório me emprestou um jaleco.
Se ela acreditou ou não, pouco me importou.

Continua.