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quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Um Natal de Milagre e Prazer

— Manhê, deixa eu passar o Natal em Piracicaba, na casa dos avós da Luiza?

— De jeito nenhum, dona Nicole, você já aprontou demais este ano.


Pelo jeito seria uma droga de Natal: papai ainda estava na Bahia e meus avós maternos partiram em um cruzeiro marítimo. Quanto a minha mãe, ela iria para a casa do seu irmão em Jaú (interior de SP) e tentava me arrastar contra a minha vontade.

Não iria com ela nem a pau, ou mataria uma de minhas primas, caso a vadiazinha me chamasse de "a putinha do papai" novamente. 

Foi preciso invocar os instintos natalinos da mamãe, até chorei de verdade para tentar sensibilizá-la.


Após conversas e lágrimas, recebi autorização da dona Helena para pegar a estrada com a Luiza e seus pais na manhã do dia 24.

Duas horas depois chegamos na residência dos idosos; seus avós eram proprietários de um terreno tipo chácara. Moravam numa construção generosa na frente e havia outra casa menor nos fundos, alugada para pai e filha: um senhor pardo beirando os cinquenta anos, era portador de deficiência visual. A moça tinha vinte e poucos anos e muita simpatia, era professora do ensino infantil e ainda cuidava do pai e da casa.


Minha afinidade com o homem deficiente (seu Pedro) e o cão labrador amarelo foi imediata. Minutos depois sentei na varanda de sua residência para um papo.

— Esse rapaz é o meu melhor amigo — disse o senhor acariciando a cabeça do boris (o cão). 

O homem de estatura mediana, nem gordo e nem magro, era simpático e divertido, adorava fazer piadas ou frases de duplo sentido. Amo safadezas, então dava corda e ria o incentivando. 

Entre uma casa e a outra, havia um quintal grande com árvores frutíferas e plantas, ideal para quem gosta de pets. Eu e o boris fizemos muita bagunça durante a tarde, em razão da Luiza ter dedicado todo o seu tempo e atenção a um carinha da casa vizinha. 


No início da noite, estava novamente correndo no quintal e brincando com o labrador. O danado era muito mansinho e adorava uma farra.

A filha do seu Pedro estava saindo para festejar a noite de Natal com a família do seu namorado. Seu pai havia insistido para ela ir.

— Só fico bem e feliz quando você também está feliz e se divertindo, filha. 

Prometi fazer companhia para o pai dela. A moça agradeceu e partiu dizendo voltar na manhã seguinte.

A Luiza também acabara de dar outro perdido, mas voltaria logo. Foi praticar "atividades de alto impacto" com seu crush. 

Eu precisaria ficar escondida dos seus pais e avós, ela mentiu dizendo que iríamos à casa de uma amiga.


Fui brincar com o boris na varanda da casa do seu Pedro e pirei ao avistar uma fantasia de mamãe Noel no varal da área de serviço. A moça havia usado na festinha escolar uns dias antes, explicou o homem. Era um gorro e um vestido vermelho, justo e curto.

— Caraca, é muito show! Posso vestir um pouquinho só para fazer umas selfies? 

— Pode, sim, ela não vai se importar.

Peguei a roupa no varal e entramos para eu experimentar. Sozinhos na sala, não supus ser inconveniente tirar meu macaquinho e ficar só de calcinha, afinal, o homem era cego, né?


Tirei a roupa, coloquei o gorro e descartei de imediato uma ideia idiota de tirar uma foto com os peitos de fora. Ficaria legal, pensei sorrindo. Mas não correria o risco desnecessário de cair na rede.

Continuava conversando com o seu Pedro enquanto me admirava na tela do meu smartphone. 

— Você deve estar estranhando o calor que faz aqui, né menina? — São Paulo é mais frio. 

— Eu amo calor, seu Pedro, mas reconheço, ficar só de calcinha é… Ops! 

— O que foi, menina, você está só de calcinha? — disse ele e riu gostoso. 

Gaguejei algo enquanto cobria minha nudez com o mini vestido:

— Magina! Estou com o vestido, mas ficou tão curtinho.

Imaginei haver um shorts para completar o figurino, mas ele não estava no varal e nem o homem sabia onde estaria. 

Serei a mamãe Noel mais sensual deste Natal, pensei ao imaginar os olhares masculinos caso me apresentasse assim durante a ceia. 

Coloquei o celular na mesa, apoiado em um vaso, ajustei o timer da câmera para alguns segundos e bati várias fotos fazendo poses, caras e bocas. Também fiz um pequeno vídeo e até o labrador entrou na brincadeira. 

Durante o espaço de tempo fui detalhando ao homem a minha farra.


Ao terminar a minha exibição virtual:

— Pronto, seu Pedro, já tenho fotos suficientes, agora serei a sua Mamãe Noel.

— Se eu soubesse antes, teria posto as meias na janela — disse ele e rimos.

— Mas o senhor foi um bom menino este ano? 

— Fui, palavra de escoteiro — brincou.

— E o que gostaria de ganhar como presente de Natal? — falei fazendo farra.

— Gostaria muito de voltar a enxergar normalmente, ao menos por um instante, e poder admirar esse anjo de pessoa tão simpática que é você, menina.

— Poxa, seu Pedro! Seria a pessoa mais feliz do mundo se pudesse dar uma parte de mim só para realizar seu desejo. Mas daí o senhor veria minha calcinha quase de fora nesse vestido super curtinho, né? — falei zoando para amenizar o clima de emoção, mas contive o riso ao sentir uma palpitação tão forte a ponto de me fazer suspirar. Fiquei assustada e até imaginei ter sido um castigo, pois devo ter sido cruel o seduzindo com minhas frases provocativas. 

— Algo estranho está acontecendo comigo, menina, estou te vendo. O vestido curto está muito bonito no seu corpo, mas você não me parece nada bem. 

— Como assim? — O senhor está enxergando ou deduzindo? — perguntei sem levar muita fé nas suas palavras. 

— Eu sofro de cegueira noturna e tenho um mínimo de visão à luz do sol. Mas algo incomum acabou de acontecer, mesmo aqui dentro, com pouca luz, estou conseguindo enxergar o suficiente para admirar a moça mais linda do mundo.

— O senhor está brincando, né? 

— Estou falando sério, menina, estou voltando a enxergar. 

Caralho! Não sabia se corria para abraçá-lo, ou me escondia de vergonha por ficar nua praticando gestos ousados diante da câmera. Minha vontade era fazer festa com o homem, amo momentos felizes. 

Fiquei ouvindo suas palavras agradáveis e positivas ao detalhar meu modo de ser e ao exaltar os meus atrativos juvenis. O cinquentão simpático, praticamente já havia elogiado todas as partes do meu corpo. Seu modo quase poético ao descrever a minha aparência, mexeu com minha libido a ponto de fazer minha cabeça pensar bobagens. 

A época de festas costuma aguçar meus desejos. Aquela noite Natalina na residência do seu Pedro já era especial, acabou ficando única com toda a situação nos envolvendo, então fiquei cheia de amor para dar.


Não saberia explicar minha conexão com o homem, as coisas foram acontecendo de modo automático: abracei o senhor emocionado e trocamos frases de afeto, fui complacente permitindo o toque de suas mãos em meu corpo tão elogiado por ele. O volume sob suas calças indicava seu grau avançado de desejo por mim. Deveria estar como eu, subindo pelas paredes.

Enfim, ninguém é de ferro, foram dois palitos até postar-me ajoelhada entre as pernas do tiozinho e presentear-lhe com um boquete de Natal. 


Não demorei a ponto dele gozar, mas deixei seu negócio latejando de duro e todo babado. Daí, não perderia a oportunidade ao ver uma bola pingando diante do gol. Tirei minha lingerie já toda molhada e sentei sobre ele… Ahh! Foi o maior bom. Aquela noite de Natal de 2019 seria de surpresas. Com a cumplicidade das suas mãos agarradas em meus quadris, dava meus rebolados enquanto meu corpo ia acima e abaixo no ritmo dos meus gemidinhos. Curtia seu pau gostoso mantendo os olhinhos fechados. Contudo, foi impossível não fantasiar uma transa com papai. Estava morrendo de saudades do seu Flávio. 


Tirei o vestido que ficou ainda mais coladinho em minha pele suada, e recebi sua boca em meus mamilos inchadinhos de tesão.

Seus elogios sobre minha pele macia e perfumada afagavam meu ego, assim como toda sua atitude de amante arrancavam meus suspiros durante nossa atividade carnal. 

Porém, vozes se aproximando da porta chamaram nossa atenção. Ele olhou para mim preocupado e parou com os movimentos, ainda me mantendo segura em seu colo. 

— Seu Pedro! — foi a voz emitida por uma mulher, supus ser a avó da Luiza.

O boris levantou do seu canto e ficou alerta grunhido para a porta. Seu Pedro fez um sinal com a mão e o cão voltou pro seu canto e ficou quietinho. 

Na sequência foram três batidinhas na porta. O coroa fez sinal com o dedo nos lábios para eu ficar quieta. Nem respirei, estava apreensiva com a embaraçosa possibilidade de ser descoberta.

— Ele deve estar no banheiro, a gente volta depois para chamar ele — disse uma voz parecida com a do avô da minha amiga. 

Ouvi os passos se afastando e voltei toda a minha atenção ao pau que permaneceu duro dentro de mim. O tesão bateu forte em meu corpo ampliando os meus desejos. Meu parceiro demonstrou também ficar excitado com situações de perigo. Voltamos a mexer devagar e sem dizer uma palavra para não sermos ouvidos, caso ainda houvesse testemunhas bisbilhotando à porta. 


Um minuto depois, o pompom do gorro de Mamãe Noel começou a balançar na minha cabeça no mesmo ritmo apressado do balanço dos meus seios. Havia esquecido as visitas inoportunas focando somente na pegada do tiozinho que acelerou a respiração. Ele deu uma turbinada nas estocadas e gozou legal golpeando sem perder o ritmo. 

— Fica tranquila, menina, fiz vasectomia — disse com a voz trêmula, em razão dos impactos dos nossos corpos. 

Foi um alívio, na emoção da foda não havia atentado a este detalhe. Continuei cavalgando sentindo um gozo crescente e o homem ainda firme mexendo no compasso do meu rebolado me fazendo atingir um orgasmo delicioso… Caraca! Foi super atingir o clímax estando inundada e senti-lo ainda cheio de vida agitando lá dentro.

Mantivemos a pegada por mais alguns minutos, reduzindo aos poucos e curtindo de montão sua competência em sustentar o vigor das estocadas me levando ao auge do meu prazer.


Quando paramos, a satisfação era notória em nossos sorrisos bobos. Caraca! Foi demais.

Saí de cima dele, corri até a cozinha com a mão na periquita e peguei papel toalha para nos limparmos.

Ele estava muito emocionado. 

— Há anos não praticava sexo, e nunca foi tão bom como foi com você — falou demonstrando sinceridade. 

— Este foi o melhor presente de Natal da minha vida — continuou falando com a voz embargada — e não só por fazer amor com um anjo como você, mas por estar vendo tudo: seus olhos castanhos, seu narizinho lindo e arrebitado, seus mamilos rosados e seus pelinhos ralos e tão sublimes. Você deve ser a moça mais linda do mundo, é um milagre dos deuses voltar a enxergar e poder admirar um anjo — disse com olhos marejados. 

Também fiquei muito emocionada e chorei abraçada a ele.


Após vestir minha roupa, ouvi minha amiga me chamando.

— A gente se vê daqui a pouco durante a ceia — falei para o homem.

Ele agradeceu dizendo estar vivendo o melhor Natal da sua vida, e caminhou naturalmente ao meu lado até a porta.

Antes de abrir, fiz um pedido:

— O que aconteceu aqui, digo, a nossa transa, é um segredo só nosso, tá? 

— Com certeza, meu anjo, pode ficar tranquila. — Também peço segredo sobre minha recuperação, gostaria de contar para minha filha primeiro. 

—  Tranquilo, seu Pedro, não direi nada. Ela ficará muito feliz, imagino.

— Nicole! — foi a voz da Luiza, do outro lado da porta. 

O homem deu um tapinha na minha bunda e sussurrou próximo ao meu ouvido:

— Vai lá, menina, não quero complicar sua vida. 

Abri a porta no mesmo instante de suas batidinhas chamando pelo seu Pedro. 

— Calma, apressada! — falei zoando a amiga.

Puxei ela pelo braço e saímos varanda afora. 

— Caralho, Nicole! Mandei quinhentas mensagens pelo WhatsApp. Por que não respondeu?

"Porque estava fodendo gostoso com o ceguinho." Pensei, contudo, respondi com uma mentira:

— Estava assistindo o especial do Roberto Carlos e a TV do seu Pedro estava muito alta, não ouvi. 

— O especial do Roberto foi na sexta passada, sua louca! 

— Então era do Michel Teló, sei lá, miga. Vamos lá pegar algo para beber, estou precisando. 


Por ora, é isso, beijos!


"Existem coisas mais importantes para receber ou serem entregues, os chamados “presentes invisíveis”.

Paulo Coelho


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